Seguimos caminho, desta vez com o vento de costas. Epa, que maravilha! Antes de Alcoentre viramos para a N366 e depois era seguir até à Azambuja. Não me lembro de alguma vez ter feito tantos quilómetros praticamente sem pedalar. Estava mesmo espectacular e gostei bastante de fazer essa estrada. Piso bom, berma larga, paisagem agradável, (não se preocupem que também não tinha nada que fosse de cortar a respiração). Verdade seja dita, que se calhar gostei tanto porque o vento estava de costas LOL.
Na entrada de Aveiras de Cima estava o 2º abastecimento/ponto de controlo. Voltar a encher os bidons, mais uma bananinha e ficámos lá uns minutos a conversar com a malta da organização. Aqui vou ter de deixar uma pequena crítica...
O percurso que eu tinha visto e colocado no GPS mostrava que o início e o fim da volta eram iguais, ou seja, no final ia ter uma subida bem inclinada. No entanto, o gajo da organização começa a dizer para nos alimentarmos bem em Castanheira do Ribatejo, porque depois íamos ter uma subida comprida, mas pouco inclinada, pela frente. Eu achei estranho e fui olhar para a Carta de Rota. (Para quem nunca fez um Audace, ao início recebemos um papel que tem o mapa com o percurso e o gráfico da elevação.) O mapa correspondia àquilo que eu me lembrava, no entanto o gráfico de elevação mostrava realmente uma subida de 6 kms no final. Achei estranho, mas o senhor da organização olhou para a Carta e começou a falar-me do resto do percurso olhando para o gráfico. Ficámos convencidos de que realmente já não íamos ter de fazer a outra subida curta no final e seguimos caminho.
Uns 100-200 metros mais à frente parámos num café para descansar como deve ser, já que estar à conversa em pé não conta
Deu para ir à casa de banho e beber um sumo. Parte estúpida: pedi “um compal qualquer” e só depois do beber é que reparei que me tinham trazido um compal light. Aquilo era bom, mas só tinha umas 30 kcal LOLOL que fail! O que vale é que ainda tínhamos muitas barras e geís, portanto também não íamos ter falta de comida, aliás, ainda sobrou.
Lá seguimos caminho e quando chegámos à N3, em direcção à Azambuja, o vento deixou de ser simpático e passou a ser lateral
Fomos até ao Carregado a levar com umas rajadas de vez em quando. Era preciso ir com atenção. Nesta altura avistamos outro ciclista do GD Carris. Pareceu-me ainda não ter muita experiência ou, pelo menos, muita confiança. Ia com um pé solto e sempre que vinha uma rajada metia o pé para fora com medo de cair. Não me meti na roda porque ia num ritmo mais baixo que o nosso e também não parecia saber controlar bem a bicicleta.
Pouco antes de chegar ao Carregado vimos um acidente de mota. A mota estava completamente destruída. Estava uma rapariga no chão sem se mexer ainda com o capacete e, uns bons metros mais à frente, estava outra pessoa deitada no chão. Só consegui ver a perna e só posso dizer que não foi uma vista nada agradável. Não parámos porque já lá estava uma data de gente a tentar ajudar. Espero que tenham sobrevivido. Ainda fico com alguns arrepios de pensar naquilo.
Quando chegámos a Castanheira do Ribatejo decidimos seguir o conselho do tipo da organização e comemos antes da suposta subida longa… Acabou por ser um desperdício, porque não havia subida nenhuma. O final era exactamente aquilo que eu pensava ao início, subida curta e com zonas de grande inclinação. Eu estava a controlar o intervalo entre cada barra/gel de forma a termos energia constante e adiantámos uma das tomas a pensar numa subida que não existia.
Seguimos pela N10 até Vila Franca, onde cortámos para A-dos-Loucos para enfrentar o
último desafio do dia. Assim que começámos a subir e a apanhar as primeiras rampas eu passei-me. Não é que o ******* do vento voltou a aparecer? E de frente? Aqui a parte psicológica tomou conta. Já estava completamente saturada. Doíam-me as pernas de ter estado 60 kms contra o vento, mais os não sei quantos kms com vento lateral. Ainda ter de chegar ao fim e ter de levar com rampas, querer meter força nos pedais e ter de mamar com vento nas fuças. Fdx, passei-me. Só me apetecia pegar na bicicleta e mandá-la para não sei onde. (E agora já estou mais calma, se tivesse escrito isto ontem…). Meti os pés no chão e siga. Nem tentei. Na parte final a pendente era muito mais baixa e lá me meti em cima da bicicleta para terminar a volta.
E claro, para manter a tradição, fomos os últimos a chegar
O tipo da Carris que tínhamos ultrapassado, passou por nós quando íamos a pé na subida. Uns 10 metros à nossa frente fica ele a pé hehehe. Acabou por terminar um pouco antes de nós.
Em condições normais acho que era capaz de fazer a subida. Ontem, no estado em que tinha as pernas, não sei se era capaz. Neste momento arrependo-me de nem ter tentado, mas pronto… circunstâncias de corrida, não vale a pena estar-me aqui a remoer com isso
Alvo definido: 6 horas
Tempo total: 6:35:28
Tempo em movimento: 5:58:12
Volta:
https://www.strava.com/activities/897638932/
Concluindo, tirando a ***** do vento, achei que era um percurso bastante acessível. As estradas escolhidas eram muito boas e as paisagens, apesar de não serem nada de espectacular (tirando a tal vista para o Tejo), eram agradáveis. A única “falha” da organização foi o tal erro na carta de rota. O gráfico de elevação que lá puseram é do Audace do ano passado e não o deste ano. De resto, malta simpática, abastecimentos bons e haviam setas bem visíveis a indicar todas as mudanças de direcção.
Fiquei bastante contente com o meu pai. Portou-se bem melhor do que estava à espera, ainda por cima em condições longe das ideais.
Em relação a mim, só mesmo aquela subida final é que me ficou atravessada. Depois da tareia que levei no sábado não me posso queixar. Falhei o alvo por mais de meia hora, mas também nunca pensei que o vento fosse incomodar, (o alvo é definido durante a inscrição).
Mais uma vez, peço desculpa pela falta de fotos. Gostava de ter parado para tirar, mas o vento fez com que tomasse uma atitude de “estou neste ritmo, tenho do manter”. No regresso, apesar de ter sido um bocado mais tranquilo, o desgaste era tanto que já só pensava em terminar.
Venha o próximo!