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[Diário de Treino] A Carolina aprende a andar de bicicleta

GMQ

Well-Known Member
Aqui para o Algarve as perspectivas para domingo são muito boas. Sábado já não posso dizer o mesmo. Hoje começa o Algarve Bike Challenge (ABC) BTT (sim eu sei que isto é um site de ciclismo de estrada) mas estou a imaginar a etapa de amanhã com 84km, 2700 de acumulado, chuva, vento entre os 20 e 30 nós com rajadas de 38 a 40 nós, vai ser bonito vai.
 
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Carolina

Well-Known Member
Treinei pernas ontem ao final da tarde porque hoje ia estar muito mau tempo, afinal está um sol brutal. Sacanas da meteorologia...

Estou pra ver amanhã!
 

Carolina

Well-Known Member
V Audace UDCA - Loucos do Pedal

Primeiro Audace do ano :eek: O percurso era acessível, muitos quilómetros, mas um acumulado simpático. Infelizmente calhou num dia que começou com céu nublado e, o pior de tudo, muito vento :mad: Antes de me adiantar mais, para quem veio aqui à procura de fotos lamento informar que não há, (se lerem tudo logo percebem porquê :p)

Desta vez quem me fez companhia foi o meu pai. Foi um bocado arriscado, porque a volta mais difícil que ele tinha feito até então foi esta. De qualquer forma, como tínhamos 8h30 para fazer aquilo, não estávamos preocupados. Podíamos parar para descansar as vezes que fossem precisas.

O percurso começou na sede da UDCA, que é um ponto alto com uma vista fantástica para o Tejo. Começava com uma descida bem inclinada até à N10, o que fez logo prever o empeno que ia ser o final já que íamos ter de subir por ali. No Carregado passava-se para a N1 e era sempre a andar até Rio Maior.

Assim que chegámos à N10 sentimos logo o vento. Era de frente e foi assim até chegar a Rio Maior. 60 quilómetros a levar com o vento de frente foi bastante agradável... :mad:

Logo ao início passou por nós um grupo de 3 ciclistas a um ritmo simpático. Por momentos fiquei contente, porque aquele ritmo dava para não nos desgastarmos com o vento. O problema é que o meu pai anda pouco e não está habituado a seguir rodas. Ainda tem medo de ir muito próximo da roda de trás, então deixa demasiado espaço. O que acabou por acontecer é que ele ficava demasiado para trás e eu deixava-me ficar também para o tentar voltar a puxar para a frente. Andar para a frente e para trás durante 60 kms ia rebentar-me as pernas, portanto deixamos o grupo ir. Disse-lhe para se meter atrás de mim e tentar não deixar tanto espaço. Lá meti o peito ao vento e fui a puxar a um ritmo mais baixo, mas que me permitisse aguentar o esticão que ia levar.

Pouco depois avistamos um ciclista do GD Carris que ia sozinho. Aumentei um bocadinho o ritmo até o apanharmos e depois deixei-me ficar na roda uns bons 5 minutos para recuperar. O meu pai já se estava a conseguir orientar melhor a seguir a roda, portanto decidi passar para a frente para o ciclista da Carris poder descansar. Foi nesta altura que passámos para a N1. Ainda apanhamos alguns chuviscos, mas felizmente não passou de uma ameaça.

Cerca de 1 ou 2 minutos depois de eu ter passado para a frente, passa por nós um grupo de cerca de 15 ciclistas. Quem ia a comandar o grupo disse logo para nos juntarmos e foi isso que fizemos.

Até à Ota ainda deu para seguir, mas depois a estrada começava a inclinar. Era um gradiente baixo e havia zonas a descer, mas as pernas estavam cansadas do dia anterior e o meu pai também não era capaz de manter o ritmo do grupo na subida. Lá os deixamos ir e seguimos ao nosso ritmo, eu até sofri mais do que o meu pai nas subidas. Nesta zona tínhamos Montejunto ao nosso lado a impor algum respeito… um dia… :rolleyes:

A subida terminava entre Abrigada e Alcoentre. Houve alguns quilómetros a descer e depois foi sobe e desce constante até Rio Maior. Aqui é que o vento me lixou com F bem grande… Estava tanto vento de frente que tentar ganhar balanço nas descidas era impossível. A bicicleta quase parava nas descidas se não pedalasse.

Chegados a Rio Maior começámos a 2º subida do dia. Esta já conhecia, é bastante acessível. Mais uma vez fomos a comer com o vento de frente, mas lá meti o meu ritmo e segui nas calmas (dentro dos possíveis, já não ia muito calma LOL). Nesta altura já só pensava que para voltar o vento era de costas e só faltava mais esta dificuldade. Estava a ficar bastante irritada…

Terminada a subida, foi descer até às Salinas de Rio Maior onde estava situado o primeiro abastecimento/ponto de controlo. Comi meia laranja, que me soube pela vida, e meia banana. Encher os bidons de água e o tipo da FPCUB tirou-nos uma foto… Pá, a cena da foto foi outra que me deixou lixada. Assim que chegámos ao abastecimento o gajo começou logo a chatear para tirarmos foto. Tive de insistir que queríamos comer e descansar uns minutos primeiro. Depois de descansarmos um bocado lá o chamámos para a foto. O gajo tinha uma máquina toda xpto e andava ali a mexer na objectiva como se percebe-se do assunto. No fim, só tirou uma foto e ficou desfocada :mad: Ainda por cima era a única foto que me interessava… enfim :mad:

(continua)
 

Carolina

Well-Known Member
Seguimos caminho, desta vez com o vento de costas. Epa, que maravilha! Antes de Alcoentre viramos para a N366 e depois era seguir até à Azambuja. Não me lembro de alguma vez ter feito tantos quilómetros praticamente sem pedalar. Estava mesmo espectacular e gostei bastante de fazer essa estrada. Piso bom, berma larga, paisagem agradável, (não se preocupem que também não tinha nada que fosse de cortar a respiração). Verdade seja dita, que se calhar gostei tanto porque o vento estava de costas LOL.

Na entrada de Aveiras de Cima estava o 2º abastecimento/ponto de controlo. Voltar a encher os bidons, mais uma bananinha e ficámos lá uns minutos a conversar com a malta da organização. Aqui vou ter de deixar uma pequena crítica...

O percurso que eu tinha visto e colocado no GPS mostrava que o início e o fim da volta eram iguais, ou seja, no final ia ter uma subida bem inclinada. No entanto, o gajo da organização começa a dizer para nos alimentarmos bem em Castanheira do Ribatejo, porque depois íamos ter uma subida comprida, mas pouco inclinada, pela frente. Eu achei estranho e fui olhar para a Carta de Rota. (Para quem nunca fez um Audace, ao início recebemos um papel que tem o mapa com o percurso e o gráfico da elevação.) O mapa correspondia àquilo que eu me lembrava, no entanto o gráfico de elevação mostrava realmente uma subida de 6 kms no final. Achei estranho, mas o senhor da organização olhou para a Carta e começou a falar-me do resto do percurso olhando para o gráfico. Ficámos convencidos de que realmente já não íamos ter de fazer a outra subida curta no final e seguimos caminho.

Uns 100-200 metros mais à frente parámos num café para descansar como deve ser, já que estar à conversa em pé não conta :p Deu para ir à casa de banho e beber um sumo. Parte estúpida: pedi “um compal qualquer” e só depois do beber é que reparei que me tinham trazido um compal light. Aquilo era bom, mas só tinha umas 30 kcal LOLOL que fail! O que vale é que ainda tínhamos muitas barras e geís, portanto também não íamos ter falta de comida, aliás, ainda sobrou.

Lá seguimos caminho e quando chegámos à N3, em direcção à Azambuja, o vento deixou de ser simpático e passou a ser lateral :( Fomos até ao Carregado a levar com umas rajadas de vez em quando. Era preciso ir com atenção. Nesta altura avistamos outro ciclista do GD Carris. Pareceu-me ainda não ter muita experiência ou, pelo menos, muita confiança. Ia com um pé solto e sempre que vinha uma rajada metia o pé para fora com medo de cair. Não me meti na roda porque ia num ritmo mais baixo que o nosso e também não parecia saber controlar bem a bicicleta.

Pouco antes de chegar ao Carregado vimos um acidente de mota. A mota estava completamente destruída. Estava uma rapariga no chão sem se mexer ainda com o capacete e, uns bons metros mais à frente, estava outra pessoa deitada no chão. Só consegui ver a perna e só posso dizer que não foi uma vista nada agradável. Não parámos porque já lá estava uma data de gente a tentar ajudar. Espero que tenham sobrevivido. Ainda fico com alguns arrepios de pensar naquilo.

Quando chegámos a Castanheira do Ribatejo decidimos seguir o conselho do tipo da organização e comemos antes da suposta subida longa… Acabou por ser um desperdício, porque não havia subida nenhuma. O final era exactamente aquilo que eu pensava ao início, subida curta e com zonas de grande inclinação. Eu estava a controlar o intervalo entre cada barra/gel de forma a termos energia constante e adiantámos uma das tomas a pensar numa subida que não existia.

Seguimos pela N10 até Vila Franca, onde cortámos para A-dos-Loucos para enfrentar o último desafio do dia. Assim que começámos a subir e a apanhar as primeiras rampas eu passei-me. Não é que o ******* do vento voltou a aparecer? E de frente? Aqui a parte psicológica tomou conta. Já estava completamente saturada. Doíam-me as pernas de ter estado 60 kms contra o vento, mais os não sei quantos kms com vento lateral. Ainda ter de chegar ao fim e ter de levar com rampas, querer meter força nos pedais e ter de mamar com vento nas fuças. Fdx, passei-me. Só me apetecia pegar na bicicleta e mandá-la para não sei onde. (E agora já estou mais calma, se tivesse escrito isto ontem…). Meti os pés no chão e siga. Nem tentei. Na parte final a pendente era muito mais baixa e lá me meti em cima da bicicleta para terminar a volta.

E claro, para manter a tradição, fomos os últimos a chegar :cool: O tipo da Carris que tínhamos ultrapassado, passou por nós quando íamos a pé na subida. Uns 10 metros à nossa frente fica ele a pé hehehe. Acabou por terminar um pouco antes de nós.

Em condições normais acho que era capaz de fazer a subida. Ontem, no estado em que tinha as pernas, não sei se era capaz. Neste momento arrependo-me de nem ter tentado, mas pronto… circunstâncias de corrida, não vale a pena estar-me aqui a remoer com isso :)

Alvo definido: 6 horas
Tempo total: 6:35:28
Tempo em movimento: 5:58:12

Volta: https://www.strava.com/activities/897638932/

Concluindo, tirando a ***** do vento, achei que era um percurso bastante acessível. As estradas escolhidas eram muito boas e as paisagens, apesar de não serem nada de espectacular (tirando a tal vista para o Tejo), eram agradáveis. A única “falha” da organização foi o tal erro na carta de rota. O gráfico de elevação que lá puseram é do Audace do ano passado e não o deste ano. De resto, malta simpática, abastecimentos bons e haviam setas bem visíveis a indicar todas as mudanças de direcção.

Fiquei bastante contente com o meu pai. Portou-se bem melhor do que estava à espera, ainda por cima em condições longe das ideais.

Em relação a mim, só mesmo aquela subida final é que me ficou atravessada. Depois da tareia que levei no sábado não me posso queixar. Falhei o alvo por mais de meia hora, mas também nunca pensei que o vento fosse incomodar, (o alvo é definido durante a inscrição).

Mais uma vez, peço desculpa pela falta de fotos. Gostava de ter parado para tirar, mas o vento fez com que tomasse uma atitude de “estou neste ritmo, tenho do manter”. No regresso, apesar de ter sido um bocado mais tranquilo, o desgaste era tanto que já só pensava em terminar.

Venha o próximo!
 

Morg

Well-Known Member
Chegaste em último mas uma imensidão deles nem isso fizeram.

Lembro-me de há uns anos atrás meter muita pressão se andava mais rápido ou se chegava ou não ao fim de um evento e quando alguma coisa corria mal ficava assim como tu descreves, irritado com tudo.

Actualmente pedalo pela viagem e não pelo objectivo, se tiver um furo, faz parte, se estiver a chover muito ou um vento muito desagradável, faz parte. Mas consigo na mesma o meu objectivo que foi passar tempo a pedalar por aí.

Penso que ontem estava um dia com vento forte em todo o lado, tinha pensado fazer uma volta com 130, a solo como é hábito. Quando olhei para o astro e vi o dia desagradável reduzi para metade mas mesmo assim fui pedalar numa zona aberta contra o vento só para matar o vício. Não cheguei a casa menos feliz, apesar de ter que andar na oblíqua e fazer um esforço enorme para passar dos 20km/h :)

Dá mais valor às vivências "durante" a pedalada e o resto perde importância.

Parabéns.
 

Carolina

Well-Known Member
não foi falhar a média que me irritou. isso para mim tem pouca importância num audace. o que me chateou é que queria aproveitar o dia de ontem para passear com o meu pai e com aquele vento todo não deu para ir nas calmas.

a única altura em que conseguimos ir a conversar lado a lado foi quando tivemos o vento de costas. nessa altura podia ter aproveitado a ajuda do vento para subir a média, mas acabei por ir muito tempo sem pedalar e aproveitar para apreciar o passeio. o resto do tempo, foi o meu pai na minha roda ou eu na roda dele. doutra forma era impossível termos concluído a volta.

ontem queria ter feito um dia de passeio e acabou por ser quase um dia de treino/sobrevivência. não é que não tenha gostado, porque gostei, foi uma experiência enriquecedora e deu para me levar aos meus limites, testar a minha capacidade de perseguição, impor ritmos, andar em grupo, etc. mas lá está... isto foi o meu treino de sábado, não era suposto ter sido a experiência de ontem.
 

GMQ

Well-Known Member
Belo relato. Mais uma volta para aumentar a tua experiência. Voltas com vento quando um dos elementos está mais fragilizado é mais chato, porque vai sempre um a dar o corpo às balas. Mas o importante é acabar. O próximo correrá melhor. De vez em quando tens que convidar o teu pai para darem umas voltas juntos para ele apurar a condição fisica. Podem treinar a técnica de draftar.

Não te chateias pela falta de fotos o relato é muito elucidativo.
 

Ganfas

Well-Known Member
Depois da volta que demos sábado ir fazer mais de 100 Km no Domingo com o vento que estava é de valor. Eu não o conseguia fazer. Muitos parabéns!
 

Carolina

Well-Known Member
obrigado malta :D

ter ido andar convosco no sábado não foi uma escolha muito racional :p não recomendo a ninguém fazer algo parecido no dia anterior a uma volta grande ou a uma prova. por outro lado, fazer intervalos, etc é muito bonito, mas andar com quem pedala mais é outra coisa. a evolução é diferente, a experiência que se vai acumulando é outra. sempre que tenho oportunidade de andar com vocês, tente não a deixar passar. para além de ser mais agradável do que andar sozinha, aprendo e evoluo mais rápido.
 

FSilva

Well-Known Member
Grande coragem Carolina parabéns! :)
Depois da tareia de sábado depois mais uma no dia a seguir e com o vento que tem estado imagino a guerra que foi!
 

GMQ

Well-Known Member
Há muita coisa que se aprende andando na rua, porque no treino indoor nunca conseguimos reproduzir certas situações. A influência dos factores externos, o gradiente, etc tudo isso faz com que possamos conhecer a nossa condição e gerir o esforço, etc. Mas os intervalos são importantes para aprimorares a tua condição física. Treinar sozinho tem coisas boas e más. As boas são que podemos fazer mesmo o que nos propusemos sem ninguém reclamar. Como não tenho pm o que tento seguir è a sugestão do MigC77 fazer várias vezes aquela volta procurando baixar o tempo da anterior. É certo que não é um método 100% rigoroso porque podem sempre existir factores externos que influenciam. Mas pelo menos não entramos naquele ciclo que vamos ali sem quaisquer referências. As más é que não assistência em caso de avaria e não há com que falar para desanuviar o espírito. Em grupo tens ambas. Começando pelas más não dá para fazer um plano de treinos. As boas é a camaradagem, descontracção que uma boa conversa traz ao ponto de por vezes nem darmos pelo fim da volta.

A minha metodologia é durante a semana trabalhar a condição fisica no indoor. No fim de semana é a saida de btt ou estrada conforme o caso. Se for em grupo não há médias... é para curtir.
 

pratoni

Well-Known Member
GMQ, quantas vezes não dou por mim a meio de uma volta a solo a falar/pensar em voz alta, como se estivesse em diálogo com alguém... ;)
 

Carolina

Well-Known Member
@FSilva, obrigado :) olha lá, fiquei com uma dúvida depois de ter lido o que escreveste ontem no Algés-Sintra-Algés... é que no cabeço da rosa parecias em dificuldades, mas ainda tinhas 2 mudanças mais leves na cassete e de vez em quando ias olhando para trás. ias aflito ou ias à minha espera :confused:

@GMQ, concordo plenamente. durante a semana é séries, ao fim de semana é para levar tareia sempre que possível :D

@pratoni, tu estás é a ficar maluco XD sabes o que cura isso? montares a cinelli e marcarmos um PIF na Arrábida :rolleyes:
 

FSilva

Well-Known Member
@Carolina, sinceramente a maldita da subida do cabeço da rosa estava brava comigo e estava a tentar gerir mas já devia estar tão a leste que nem me tinha ideia em que mudança ia :eek:
Eu ia olhando para trás para ver se iam mantendo bem o ritmo na subida ou se estava a ficar para trás, mas lá conseguir apesar de ir fazendo uns zig-zags :)
 

Carolina

Well-Known Member
já vi que a tua camisola da sky não tinha kit fluimicil XD

em caso de duvida tentar meter sempre uma mudança mais leve, mesmo que ela não exista! hehehe acontece-me muitas vezes. bem carrego na manete, mas depois não acontece nada lol
 

GeoGama

New Member
Heya!
Também lá fui dar uma perninha no Audace.. realmente o vento não foi nada simpatico :( Só me lembrava que na volta me ía vingar... mas depois nem foi muito assim! Continua nos treinos e não desmoralizes, os resultados aparecem :)
 
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