Re: Percursos no Porto. // A primeira centena e meia!
Antes de mais, uma nota de apreço pela sabedoria popular. É bem verdade de coisa gabada é coisa estragada, e o Edge 500 já começou a fazer das suas.
Apesar do processo de criação do track a partir do google maps correu muito bem, e desta feita consegui colocar a informação de altimetria e tudo. Durante o percurso não tive problemas, não se atrapalhou mesmo quando em Entre-os-Rios os percursos se cruzaram.
Ao chegar a casa fiz o procedimento de gravação da volta e fiquei podre ao descobrir agora que queria fazer o rescaldo que houve um problema com a gravação e o registo não ficou feito.
Confesso que já estava avisado para o mau feitio destas unidades mas custa sempre sentir isso na pele.
Serve o conforto de se ter portado extremamente bem durante a épica (no meu historial) jornada.
Por isso hoje não há um ficheiro todo bonito com imensos dados, apenas um google map, um par de fotos e os dados que memorizei.
Já cá tinha falado em ir a Baião, protagonizando assim a minha primeira volta acima dos 150Km. Ontem à noite ainda era esse o plano, mas quando me debrucei no GMaps para finalizar o percurso, reparei que grande parte dos troços de ligação, eram comuns à volta de há dois dias atrás.
Por isso comecei a sondar o mapa em busca de uma alternativa. Olhei para Arouca, olhei para Braga, mas o olho caiu mais a Este. Comecei a ver as estradas que ladeavam o Rio Douro, e a procurar pontes para o atravessar e, rapidamente, cheguei ao percurso que queria.
Assim, partindo de Valongo iria aproveitar o sossego das primeiras horas da manhã para ir directo ao Freixo, fazer a marginal do Douro até ao Torrão e continuar sempre ao lado do rio até Ribadouro.
Em Ribadouro atravessar para a margem sul, subir até Cinfães, continuar em direcção a Castelo de Paiva, atravessando novamente para a margem norte.
O troço de ligação para Valongo seria subindo a serra da boneca por Capela, Sobreira, Recarei, Campo e casa.
Finalizado (ver
link), tinha este aspecto:
No papel digital pareceu-me uma boa ideia, mas só quando fui para o terreno é que percebi que tinha descoberto uma pequena grande pérola!
Com tudo isto, fiz a conversão e coloquei o GPS na bicicleta eram 3:10 da manhã...
Às 7h15 estava a saltar da cama para a grande epopeia. Queria bater todos os recordes que tinha em cima de uma bicicleta especialmente a maior distância, maior acumulado e maior tempo a pedalar. Por isso, nem acusei as poucas horas de sono.
Portanto, percurso absolutamente trivial até ao Torrão, seguindo a mais que conhecida marginal de Melres, Crestuma e Companhia.
Não coloquei um ritmo muito forte porque a jornada era longa, por isso cheguei a Torrão com 28,5 de média.
A partir daqui estava em território desconhecido de novo!
Saído de Torrão, apanho então a N108. Um quilómetro de paralelo a começar, mas rapidamente deu lugar a alcatrão de elevada qualidade. E começava uma da muitas subidas do dia.
Paisagens interessantes, subidas constantes e um ritmo muito certinho fizeram desta parte uma zona bastante interessante
Mais à frente em Piares, começava um dos mais fantásticos troços do dia.
Tinha o Douro espreguiçado à minha frente, não havia sinais de pontes nem travessias, excepto mais à frente a indicação para a barragem do Carrapatelo, que nunca chegei a ver.
Descida até à bonita margem de Pala, e uma pequena paragem para foto e contemplação. Continuei mais uns quilómetros sempre por borda d'água até a travessia do rio em Porto Antigo.
Estava radiante. E porque não dizer, orgulhoso! O tempo ajudava, o cenário era fabuloso, estava a ser uma brutal manhã de ciclismo!!!
Eis-me chegado à margem sul do Douro. E o GPS já avisava, subida perigosa!
Foram 8 quilómetros sempre a subir até Cinfães. Permiti-me parar a meio para a foto que abre este post e que mostra um pequeno exemplo do que quem faz esta volta pode encontrar para amenizar os quilómetros e as subidas.
E a brincar estava no distrito de Viseu!
Em Cinfães mais alguma subida, um pequeno troço de paralelo à saída da cidade e depois uma descida bem divertida, em direcção a Escamarão com uma zona de curvas bem rápidas.
De reforçar a qualidade exemplar do piso nos primeiros 100Km. Nada a assinalar, a não ser os pequenos troços de paralelo.
Nova passagem de rio e entrava no Distrito de Aveiro. Já tinha rolado em solo de 3 diferentes, por esta altura.
Aí apanhei a nova variante da N224 que já tem uma configuração de via rápida, e que me levou até à nova travessia em Entre-os-Rios. Metade do caminho a subir, metade a descer.
E porque não sou de me render com facilidade, o último obstáculo do dia era a subida da serra da Boneca, pela N319.
Ao contrário da subida para quem vem de Sobreira, esta é mais curta, mas mais acutilante. A disciplina adquirida nos 120Km anteriores foi fulcral. Consegui colocar um ritmo certo, alternando troços em crenques com troços sentado, cheguei ao topo, o que significava poder descansar durante os próximos quilómetros, aproveitando a descida.
Em Campo acabei por parar mais uma vez, para me oferecer a recompensa do dia: uma Fanta de ananás bem gelada, bebida quase de um trago.
Cruzei pouco depois o limiar estratosférico dos 150Km e, por momentos, esqueci-me que já há muito que não apanhava um empeno assim!
Chegada a casa e, além do cansaço, uma expressão radiante de quem fez hoje um dos melhores dias de sempre desde que me conheço em cima de uma bicicleta.
Uma última linha para vos dizer: Se ainda não fizeram, façam esta volta. O troço entre Torrão e Cinfães é mesmo qualquer coisa digna de nota e vale bem a pena parar na margem, em Pala, para apreciar o Douro.
E por favor, parem para comprar umas cerejas. Eu não o fiz e estou bem arrependido.
Agora vamos parar um bocadinho com a estrada. Para a semana é a maratona do Marão, facto ao qual não é alheia esta quilometragem de hoje. Vou fazer os 80Km e por isso, convém ter alguma preparação...
Dia 30, se tudo correr bem, lá trarei novo relato de uma volta média/grande.
Dados finais:
Distância: 155Km
Tempo a rolar: aprox. 6h10m
Média final: aprox. 25,5Km/h
Acumulado: aprox. 2210m
Paragens: 4, que no conjunto não ultrapassaram os 10 minutos. 3 para fotos e uma para a Fanta.
NOTA: O mapa do link acima e a altimetria ainda têm algumas estradas que, apesar de cortarem caminho, eram em paralelo e que evitei porque já conhecida, especialmente na zona do início da subida para Capela e na própria aldeia de Capela. Daí a altimetria e o percurso do GMaps terminarem antes dos 155Km reais.
Consumo:
4 Barrinhas da Decathlon
2 Pedaços de marmelada
1100ml de água com sais Decathlon
1 Fanta de Ananás