Boas pessoal.
Ontem foi dia de grande odisseia. Não a pude fazer na semana passada mas ontem não perdoei. O mapa do percurso já o coloquei, há dias.
Crónica do dia de sofrimento:
Saí de casa às 6h10. Tempo muito agradável, e a temperatura nuns excelentes 17 graus.
Nac. 1 até S. João da Madeira, sem problemas, apenas já um pouco de trânsito. Viragem para Vale de Cambra, e as dificuldades a aparecerem, e a temperatura a subir. Para quem conhece a estrada que liga Vale de Cambra a S. Pedro do Sul, pode testemunhar que é um percurso muito bonito, mas suficientemente duro para começar a fazer mossa nas pernas, e mal eu sabia o que me esperava. São 55 kms num sobe e desce constante.
Quando há dias dizia ao Duchene que pretendia fazer média de 25 kms/h, não sabia o que estava a dizer. Das duas uma: Ou me quis "armar aos cágados" ou então todos estes anos de experiência não me serviram para nada. E depressa cheguei à conclusão que o mais importante era preocupar-me em atingir o objectivo do que armar-me em bom e fazer médias altas... e apenas um terço do percurso. Como não gosto de ficar nos considerandos então levantei o pé, e de que maneira.
1ª Paragem: Stª Cruz da Trapa. Estava atrasado em cerca de 15 minutos para o horário que tinha estipulado, mas já não fazia diferença. As condições ditavam o andamento e nada mais havia a fazer. Mantimentos e líquidos comprados e ingeridos, e voltei à estrada. O termómetro do meu conta kms, marcava já 32 graus.
Um ponto de viragem em todos os sentidos foi S. Pedro do Sul. Virei para Castro Daire. Se não conhecem a estrada, poderei dizer que o piso é excelente, mas a inclinação constante. Já tinha feito este percurso quando fui a S. Macário, mas daí para a frente só conhecia de carro. A subida é algo longa e sempre na casa dos 5% de inclinação. Lembrei-me algumas vezes do Flavourflav, que é dessas zonas e sabe bem o que digo. Embora com algumas descidas, até Castro Daire é um constante subir, sempre a 4 - 5%, durante cerca de 25 kms.
Castro Daire. O calor era insuportável. Registei 37 graus. Avistei um tanque com àgua à beira da estrada e não hesitei. Nem sequer tirei as meias e os sapatos, e posso garantir-vos que foi um alívio ao calor que se fazia sentir. À saída desta vila e em direcção à serra do Montemuro, o terreno inclina para os 8% durante cerca de uns immmmmmensos 1000 metros, voltando aos 5 % de inclinação.
Na viragem para Cinfães, a qual me levaria a passar pelo alto do Montemuro, perguntei a um condutor quantos kms faltavam para o alto. Ele respondeu: 12, e riu-se como quem està a dizer " este gajo é maluco, com esta temperatura. Sim estavam 38º. Restava-me a consolação que lá em cima estaria mais fresco, o que se revelou ser falso. Pedalada após pedalada, lá cheguei ao alto. Após 45 kms de S. Pedro do Sul, a maior parte sempre a subir, finalmente cheguei ao restaurante existente lá no topo. Como já ia enjoadissimo das barras, marmeladas, etc, resolvi parar para comer alguma coisa de jeito. Já estava atrasado e já, portanto optei por uma refeição de jeito. Só que não havia nada para comer.... de jeito. Pedi uma sande de queijo, e lá fui eu serra abaixo, até que vi um "tasco" e parei novamente, e aí já pude comer... uma sopa. Era o que tinham para servir!! Posso garantir-vos que nunca me soube tão bem uma sopa.
Cinfães do Douro. E o calor não parava de castigar os meu braços, pernas, e as minhas forças. Decidi gerir as forças, e não abusar do que restava para chegar a casa, e faltavam ainda 75 kms. A minha sorte é que existem muitos fontanários, e em alguns eu parei para me refrescar e encher os bidões. Num deles encontrei-me com um casal de turistas escoses que estavam a fazer Lisboa - Vila Real de bike. Eles estavam muito incomodados com o calor... pudera a temperatura rondava os 36º. Estive com eles um pouco, perguntando-lhes para onde iam, o que os trazia por cá, etc, etc, e finalmente arranquei.
Castelo de Paiva. Como conheço muito bem esta estrada, já me sentia em casa, embora faltassem 50 kms, mas eu sabia que grande parte deles são terriveis, sendo a subida das minas do Pejão a mais complicada.
Finalmente em casa. Totalmente empenado, queimado pelo sol abrasador que me matou, mas... realizado, por ter conseguido ultrapassar este objectivo que há já tanto tempo tinha. Agora quando olhar para nascente e vir a serra do Montemuro ao longe, já posso dizer que a passei, e não apenas pensar que a queria passar.
Distância: 240 kms
Média: 21,80
Tempo: 11 horas
Acumulado: 4055
Inclinação média: 3%
Inclinação máxima: 11%
Abastecimento sólido: 4 barras+1 cubo marmelada+1 sopa+1 banana+ 1 laranja+ 1 gel
Abastecimento líquido: 5 litros de água + 1 cola + 1 compal (perdi um pouco a conta mas anda´tudo lá muito perto)
Tempo de paragem: Como me desinteressei pelo tempo que poderia precisar, não controlei em pormenor, mas deve ter andado na 1 hora, 1 hora e meia