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Percursos no Porto.

FVA

New Member
Re: Percursos no Porto // Os primeiros duzentos!

Boas,

Ainda bem que por aqui passei! No primeiro fim-de-semana de Agosto também tenho agendado uma "visita" ao Pinhão, com saída do Porto.

Das voltas que tinha dado para aqueles lados (Entre-os-Rios), pensei que teria de ir em direcção a Castelo de Paiva e depois seguir para Cinfães, através da N222!, mas, vendo melhor no mapa, realmente a N108 parece melhor opção.


"indy",

Este fim-de-semana também andei por esses lados (Paredes - Lixa - Amarante - Alto de Espinho - Amarante - Marco de Canaveses - Paredes), e devo confessar que fiquei fascinado com a subida até ao alto de espinho. 30km de subida em bom piso (geral), com 4 a 5% de inclinação e quase sem trânsito (4 a 5 ligeiros, dois tractores e um carro-de-mão!), um luxo!.
Ainda subimos um pouco mais, até às eólicas, por uma estrada secundária, e chegamos a cerca de 1200m de altitude, mas o piso está muito degradado. Valeu pela vista, que ainda assim quase não compensou o furo que um colega teve nesse troço, devido ao mau estado do piso.


Boas pedaladas
 

duchene

Well-Known Member
Re: Percursos no Porto // Os primeiros duzentos!

Indy, obrigado por relembrares o Stelvio cá do sítio! Qualquer dia encho-me de coragem e faço a volta ao contrário...

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Com os últimos fins-de-semana a exigirem constantes saídas em trabalho em horários que me cortam as voltas mais longas, tive de regressar momentaneamente a voltas mais pequenas, até 150Km.

Desta feita não tinha nenhuma ideia em particular de onde queria ir, por isso, foi já bem perto da 1 da manhã que decidi para onde pedalar.

Já andava para experimentar a volta das minas do Pejão à uns tempos, porque me tinha falado que apesar de curto, o caminho de entre-os-rios até às minas era complicado.

Como não sou de fugir a um desafio que me pareça ao meu alcance, lá peguei no mapa e comecei a desenhar.

A ideia inicial era fazer a subida de Capela, passar pela Hintze Ribeiro para a margem Sul e regressar por Crestuma e Branzelo a casa.

Mas não me estava a agradar muito, por isso comecei a ver alternativas.

Acabei por desenhar a primeira parte pela N15/N108, vindo de Valongo até ao Freixo e depois daí seguindo o rio até Entre-os-Rios. Passagem para a margem sul e depois seguindo a estrada que passa por Lomba e Pedorido. Daí segui a... Rua Principal :-D até à N1.

A ideia seria depois apanhar a N1 até Gaia, descer a Av. da República, Ponte do Infante, São Lázaro, Sá da Bandeira, Marquês, Costa Cabral, Areosa, Ermesinde, Valongo, fazendo assim um pouco de percurso urbano para variar das chegadas sempre pelo mesmo lado.

No final tinha 120 e poucos km, com cerca de 1700m de acumulado, com um gráfico a parecer o ecrã de um osciloscópio.

Saída um pouco mais tarde que o normal, às 7h30 para aproveitar mais uma hora de sono.

Sem grandes novidades até ao Freixo, sempre a descer. No Feixo comecei a apanhar os primeiros colegas de pedal madrugadores, na sua esmagadora maioria, jovens com mais de 50 anos.

Marginal a bom ritmo já que queria fazer a volta num ritmo mais forte, para compensar o número de quilómetros mais reduzido. Além das subidas em Rio Mau, nada de muito especial, o percurso é bastante acessível.

No lado Sul do rio é que começa a diversão. Sobe e desce constante, algumas subidas longas mas sempre acessíveis, com o cenário a ajudar bastante, especialmente antes de Raiva. Valeu mesmo a pena evitar as variantes e remodelações das estradas nacionais! Reconheço-lhes a utilidade, mas são de uma monotonia desesperante...

Assim pude aproveitar um bom bocado de estrada tranquila, onde me cruzei com mais alguns colegas do pedal.

Em Pedorido despedi-me do rio, e como não estudei bem o mapa, acabei por não perceber que pela estrada principal, a tal variante nova, não conseguiria passar "à porta" das Minas do Pejão. Como não conhecia não quis inventar mas agora já vi que dá perfeitamente para fazer o desvio e depois apanhar a estrada principal mais acima.

As subidas começavam a ser mais interessantes e exigentes, especialmente a tirada até Cruz. Deu para fazer bom uso da pedalada redonda que treinei na Assunção e na Agrela!

Já estava numa zona mais urbanizada com mais ruas ao invés de estradas e com o GPS a inventar um atalho, acabei por dar uma pequena volta desnecessária ao chegar à Zona Industrial de Sanguedo

Confirmei mais uma vez que realmente esta zona não me enche as medidas, não sei bem explicar porquê mas não gosto... se calhar porque a acho um pouco deprimente e inerte...

Mas lá encontrei a N1. Fiz os quilómetros até Gaia sempre com o coração nas mãos, não fosse algum condutor mais acelera e/ou distraído passar-me a ferro, mas felizmente tudo correu bem.

Pedalar no centro de Gaia e no Porto foi uma experiência interessante, muito por causa de ser Domingo e o trânsito diminuto. Esqueci-me que Sá da Bandeira era em pavé e por isso tive direito a um bocadinho de Porto-Roubaix até apanhar novamente Santa Catarina mais acima.

Mesmo com poucos carros na estrada ia ser passado a ferro duas vezes em Costa Cabral. Primeiro por uma senhora que só olhou para um lado antes de se meter à estrada de carro, e mais abaixo um senhor idoso vinha contra a mão e ia-me apanhando de frente!

Lá consegui chegar são e salvo à Areosa, subi até ao Alto da Maia, pequena paragem em Ermesinde para cumprimentar a minha mãe e resto do caminho até Valongo.


Sem ser uma volta fantástica, teve uns bons quilómetros na zona de Pedorido.

Agora vai ser pensar em tiradas mais longas. Havia programada uma ida a Fátima que ainda não está devidamente acertada por isso de uma forma ou outra, se não for no próximo sábado, no último sábado do mês irei certamente fazer uma nova tirada de 200Km, e depois preparar a subida do Monte Farinha no dia 8 de Agosto.

Até lá, algum treino e muita diversão!

Para já, a telemetria:
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E os dados completos podem ser vistos aqui.
 

fogueteiro

Active Member
Re: Percursos no Porto // Os primeiros duzentos!

Duchene,

esse passeio faço-o com frequência, tanto por um lado como pelo outro, mas essa subida do Pejão sempre me "parte" todo.

Eu sabia que havia uma alternativa, a antiga estrada N222 que passa mesmo à porta das minas, mas só recentemente a descobri. É mais longa o que a torna mais "soft" e tem a vantagem de não ter trânsito. Depois tens duas alternativas: Ou entras na dita variante logo no 1º cruzamento, ou segues e vais saír junto às bombas de gasolina que estão no final.

Pergunto: Logo depois do final da variante tens uma peqeuna descida, logo seguida duma subida que nos leva à entrada para a Lomba. Não te custou fazer essa subida? Épa essa custa-me mais fazer do que a que existe depois da ponte de Labercos até Canedo... e não sei porquê, sendo ela menos do dobro em extensão e não muito inclinada.
 

duchene

Well-Known Member
Re: Percursos no Porto // Os primeiros duzentos!

A subida do Pejão e todas as similares, dão-me uma chicotada psicológica enorme, porque são subidas ingratas. Eu vivo mesmo muito da envolvente e consigo sofrer com gosto numa subida no Marão porque tenho algo para me abstrair. Já nestas variantes é tal a aridez da estrada que o esforço e a dificuldade tomam muito mais protagonismo.

Não me recordo de ter passado muito mal na subida depois do Pejão, talvez porque, como me livrei da variante, estava de novo "encantado" com a estrada mais tradicional. Na subida mais urbana depois, tive a motivação extra de ter ao longe alguns companheiros de pedalada e não custou tanto.

Mas naturalmente todas elas moem e este é daqueles troços quebra-pernas, com muito sobe e desce que no final se paga caro.
 

Cancellara

New Member
Bem André, com tanto treino, subir o monte Farinha vai ser canja, particularmente se o fizeres apenas desde Mondim.

Este domingo resolvi fazer um trajecto de que falas muito, e que eu não conhecia: de Valongo a Entre-os-Rios (Torrão) pela EN319 (+N106). O plano era depois regressar pela marginal até ao Freixo e daí até Ermesinde, pela Circunvalação, o que daria à volta de 90Km.

Já saí um pouco tarde de Ermesinde (+/- 9:30), o que queria dizer que não podia facilitar, se quisesse estar de regresso à hora de almoço. Mas as pernas, logo na subida ao Alto da Serra, deram sinal que não estavam nos melhores dias, fruto do calor que já se fazia sentir e das 2 semanas sem pedalar no terreno.

Ainda assim, cheguei à subida para Capela relativamente depressa e descobri que afinal até já tinha percorrido partes dessa estrada nas minhas voltas de btt, nomeadamente em Sobreira e na zona de Capela.

A subida por esse lado não é muito inclinada, mas é bastante longa, o que vai fazendo alguns estragos. Mas após vários quilómetros de curvas e contracurvas, onde me fui cruzando com outros cicloturistas, lá cheguei ao alto e pude usufruir por breves instantes da magnifica vista sobre o rio Douro e montes circundantes. A partir daí é sempre a descer até Torrão, mas, ao contrário do que parecia, a estrada desse lado também não é demasiadamente inclinada. Acho que não passei dos 45-55Km/h. Ainda assim pareceu-me mais complicada de subir (é verdade André?).

O resto do trajecto não tem grande história, zonas de grandes rectas junto ao rio à mistura com algum sobe-e-desce quando a estrada flecte para o interior, com as maiores inclinações a surgirem na zona de Branzelo e depois já na Circunvalação. Ainda assim, mesmo sem passar em grandes rampas, as pernas deram alguns sinais de fadiga. Mas, apesar disso, consegui chegar a casa às 13:00 em ponto.

Dados finais:
92km
3h20 a pedalar
10m parado (para reabastecer, num mini-mercado em Melres)
Média: 27,6 Km/h
Acumulado: Entre 900 e 1000m
Líquidos: 1,5L água + 1 coca-cola
Sólidos: 2 pacotes de açúcar :rolleyes: (custa-me comer, de manhã)
 

duchene

Well-Known Member
A zona de Capela fizeste provavelmente volta que chamo de Volta da Cidade Morta, com regresso depois por Santa Comba. Nessa fazes umas centenas de metros na N319 para depois voltar a entrar no monte no lado oposto e fazer a chamada descida interminável até Santa Comba onde se pode abusar mesmo muito! :-D

Correndo o risco de parecer um gabarolas hoje, acho que a subida de Capela é uma óptima subida de ida-e-volta. De ida porque como é longa e estável, ajuda imenso a ganhar ritmo no início da volta, sem forçar muito e sem fazer grande mossa. Óptima para aquecer! E é também boa na volta porque a descida que fizeste, se faz mesmo muito bem a subir. Começa com uma pequena rampa, depois estabiliza e para mim o troço mais complicado é aquela parte de eucalipto entre as duas aldeias. Depois quando fazes o cotovelo à direita (à esquerda para quem desce) já tens o descanso praticamente à vista, o que dá energia para esses metros finais.

Quanto ao Farinha, respeitinho, porque não é fácil para ninguém e muito menos será para mim. Dia 8 de Agosto logo se vê....
 

Cancellara

New Member
Vai ser, certamente, uma volta a repetir mas em ida-e-volta, como sugeres.

Vou ver se arranjo malta para ir até ao Alto de Espinho, pelos trajectos de que falaram. Já fiz um bocadinho dessa subida (em btt, por ocasião duma jornada no Marão) mas foram apenas 3kms, desde pouco antes da Pousada. No entanto pareceu-me bem aprazivel de se fazer, com muito arvoredo.
 

duchene

Well-Known Member
Não te vais arrepender é uma estrada muito carismática e um óptimo exemplo do cuidado e até do carinho que era colocado nas obras públicas há umas décadas atrás. Agora é só fazer teludes de betão e já está...

Mas, só ir lá acima e voltar pelo mesmo caminho, tem metade da piada. Especialmente porque o topo não tem mesmo nada que se aproveite ou seja icónico.
Pena que a ida para a Campeã depois exija bastantes quilómetros para regressares a Amarante.

Mas podes sempre fazer só o Alto de Espinho mas ir até Amarante pelo Marco e regressar pela Lixa ou vice versa, só para não ser igualzinho.
 

Cancellara

New Member
André, como é que se mudam as unidades do sistema anglo-saxónico para o métrico, no site que indicaste?

Ontem fui fazer a volta que me sugeriste, com a variante de regressar por Capela:
Ermesinde - Sto. Tirso - Vizela - Penafiel - Torrão - Capela - Sobreira - Recarei - Valongo - Ermesinde.
Foram apenas 117Kms mas cheguei a casa completamente esgotado. O calor deu cabo de mim.

Notas soltas:

A estrada na zona de Sousela (na descida, entre Vizela e Penafiel) está muito degradada. Houve zonas em que tive quase que parar, a descer, tal era quantidade de buracos. :mad:

Antes de Penafiel dei comigo numa variante/via-rápida, há alguma alternativa?

Mais ou menos a meio da subida para Capela, num entroncamento do lado esquerdo, há um chafariz com água potável. Em dias de muito calor é uma "dádiva divina".


Distância: 117 Km
Média: 27,4 Km/h
Acumulado +: +/- 1200m

Líquidos: 1,25 L água com isotónico + 1 coca-cola + 1,5 L água + 1 fino ;)
Sólidos: 1/2 barra + 1 sande mista
 
Last edited:

duchene

Well-Known Member
Miguel, agora já sabes que a subida do lado oposto de Capela não é assim tão complicada como isso! :D

No garmin connect por defeito as unidades são sempre em medidas imperiais. Coisas dos americanos. Mas podes mudar clicando no esquadro que surge no canto superior direito e que diz qualquer coisa como "View in Metric".

Quanto ás questões. A descida está de facto a degradar-se bastante. É preciso algum cuidado, especialmente nas zonas de cruzamentos que estão uma miséria.

O que te aconteceu foi na zona dos acessos, antes de Nespereira, teres seguido em frente pelo IC25. Nessa zona tens de fazer um pouco de ginástica para apanhar novamente a N106 original, que te levará a Penafiel sem usar a via rápida. Hoje em dia está tudo pensado para te levar directo a esses inimigos dos ciclistas. :-D

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Foi esta a zona onde te enganaste...

E não são "apenas" 117Km. A subida do Relógio em Vizela, a de Capela e a do Alto de Valongo, já são um trio bem respeitável!
 

Cancellara

New Member
Realmente não é difícil. Achei-a bem agradável de fazer, mesmo já cansado.
Gosto desse tipo de subidas, longas, suaves e homogéneas. Em altimetria e inclinação é muito semelhante à do Relógio.
 

duchene

Well-Known Member
De novo as duas centenas!

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Como sempre, tudo começa com um olhar para o mapa, para a linha imaginária que limita uma área de 100km/110Km em torno da minha cidade, Valongo. Depois é escolher uma cidade, um local, uma zona que me diga algo e desenhar uma forma de lá ir, e de voltar.

Não sou propriamente conhecedor das clássicas rotas do ciclismo. Por isso faço as coisas um pouco por instinto, somando as dicas que me vão dando, o que vou lendo de outras voltas e o meu interesse pessoal em determinado trajecto. Tudo agitado, misturado e atirado ao mapa, normalmente toma a forma de mais uma maluqueira ciclística, a conjugar zonas clássicas, com as mais improváveis ligações.

Desta feita foi Cabeceiras de Basto que me chamou a atenção. Ainda me martela na cabeça o périplo de 240Km que quero fazer por aquelas maravilhosas terras, mas desta feita o projecto teria de ser a uma escala um pouco mais reduzida. Decidi por isso fazer o percurso Valongo, Guimarães, Fafe, Lameirinha, Tour na barragem do Ermal, S. Torcato, Guimarães de novo, Vizela + Serra do Relógio, Paços de Ferreira, Lordelo, Sobrado, Campo e de volta a Valongo.

Saída manhã cedo, como habitualmente, para aproveitar o primeiro par de horas mais fresco. Mas desta feita a saída foi marcada por um pequeno contratempo com o desviador dianteiro. De véspera tinha estado a colocar o desviador SRAM Force com a braçadeira de carbono e o ajuste não ficou perfeito. Com visitas ao jantar, que acabou invariavelmente tarde, não tive oportunidade de testar tudo como devia de ser e de manhã paguei essa factura. A entrada da corrente no prato 50 não era constante o que me obrigou a voltar para trás 100m depois de começar e reajustar o desviador. Felizmente nada que comprometesse o dia, uma vez que em meia hora estava o problema resolvido, e precisamente um minuto antes das 7 da manhã estava novamente na estrada, agora definitivamente em direcção ao meu objectivo.

Conhecia bem a estrada até Guimarães e um pouco mais acima, até ao cruzamento que corta para Felgueiras. Daí para a frente já não passava há uns anos. Até Guimarães o percurso é maioritariamente rolante, com apenas um par de subidas ligeiras e, por isso, foi com rapidez que cheguei à cidade berço.

De Guimarães até Fafe a estrada é igualmente acessível e em menos de nada cheguei à malha urbana de Fafe. Numa tendência que domina agora, as imediações das cidades estão a ser lentamente desprovidas dos troços originais de estrada nacional, para dar lugar a variantes mais directas, menos subjugadas ao recorte do terreno mas sem interesse absolutamente nenhum em termos ciclísticos. Por isso, de véspera, tive que fazer alguma ginástica para desenhar um percurso que evitasse a variante Guimarães-Fafe e, mais importante, que navegasse por entre a cidade, até conseguir apanhar novamente a estrada nacional, já em direcção a Cabeceiras.

Na teoria, no google maps, parecia algo complicado, com bastantes viragens dentro do centro da cidade. Contudo, no terreno, revelou-se bem mais fácil. O único senão foi o facto de que o centro da cidade de Fafe é todo em pavé e, por isso, houve que levar umas valentes sacudidelas. Será fácil imaginar o quão divertido foi tentar ler o ecrã de um GPS que não passava de um borrão cinzento, tal era a trepidação!

Mas lá consegui encontrar a N311 que me levaria até Cabeceiras, com um rebuçado pelo caminho que nem eu estava a contar. Um pequeno erro na elaboração do mapa levou a que fizesse parte do percurso até Moreira de Rei por uma estrada paralela, por onde passa a Volta a Fafe, a julgar pelas escritas no chão e que me presenteou não só com um agradável percurso mas também com um par de generosas rampas para acordar e preparar o que aí vinha.

Em Moreira de Rei já estava então novamente na N311, pronto a começar a subir. Não sabia bem para onde, mas ataquei a subida com imenso gosto. As eólicas ao fundo, o verde rasteiro e o azul do céu, distraíram-me da inclinação e da duração da subida. Mas nem seria preciso já que com um perfil constante este é precisamente o tipo de subidas que mais gosto, e que ajudam a estabilizar ritmos e a organizar a nossa cabeça para o resto da jornada.

Só no topo da subida, ao ver a placa "Lameirinha", percebi que estava numa das mecas do Rally em Portugal. A descida que se segue é uma boa recompensa, se bem que, a experiência que vou ganhando já me permite antever que quando atravessamos uma ponte depois de uma boa descida, é sinal de que vamos voltar a subir.

E assim foi, mais uma valente subida do outro lado do vale, com a aproximação a Cabeceiras pelo lado de Outeiro. Esta zona conheço relativamente bem, já que pelo menos um par de vezes por ano lá vou. E como são sempre boas as lembranças que trago de Cabeceiras desta vez não ia ser diferente. Não estivesse eu de volta, desta feita em autonomia e movido apenas pelo meu esforço.

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Pequena paragem no centro para abastecer e para comer duas ameixas compradas num minimercado da terra. Aliás, cortesia do imenso calor que se fez sentir ao longo de toda a volta, foram dos poucos sólidos que consegui comer. Líquidos, por seu lado, não faltaram e as paragens para comprar água ou para refrescar, sucederam-se.

Saída de Cabeceiras em direcção a Paredes de Coura, com mais uma longa subida à saída da cidade, por Paizela. Os planaltos das terras de Basto são sempre complicados de atingir, mas depois a paisagem é imensamente compensadora. Não matando, estas subidas não deixam de ser traiçoeiras e vão fazendo mossa.

Depois da longa subida foi a vez da descida para Paredes de Coura. Asfalto de óptima qualidade e um suceder de curvas e contracurvas numa zona densamente arborizada, que ajudaram e muito a minimizar o calor. Foi um troço muito divertido e bastante bonito, com a vista do vale que se espreguiçava à direita, as árvores em túnel e o delicioso pormenor dos resguardos da estrada ainda em cimento. Felizmente para a componente turística, os rails de metal ainda não chegaram aqui...

Passada Paredes de Coura, apontei ao segundo objectivo do dia: A albufeira do Ermal. Mais um troço extremamente interessante entre Pombal e Mosteiro, o vértice mais a Norte desta aventura. Zona bastante arborizada, com a barragem a espreitar timidamente por entre a vegetação. Aqui rolei a bom ritmo, mas ainda deu para uma pequena paragem a apreciar um belo espécime de gado barrosão que, com o calor já no pico, inteligentemente se colocou dentro de água a refrescar. Eu faria, com todo o gosto, exactamente o mesmo...

Embora a ideia inicial fosse ir por Anissó, em boa hora mudei os planos, para fazer mais alguns quilómetros em torno das margens do Ermal. Depois de alguma indecisão, bem patente no track GPS, lá consegui atinar com a estrada para Taboadela.

E que estrada! As primeiras centenas de metros eram uma sucessão de rampas acima dos 20% e só estabilizou com a descida para a margem da albufeira, onde tive o primeiro vislumbre a sério do tranquilo espelho de água. Não sem antes passar num mini Stelvio, embora com apenas dois cotovelos e a descer, mas que me fez esboçar um largo sorriso.

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Seguiu-se um agradabilíssimo troço à borda d'água com um dos melhores momentos do dia a aparecer sob a forma da Barragem de Guilhofrei. Eu tenho uma pequena fixação com estas estruturas e por isso, parei a meio do curioso tabuleiro da travessia e andei por ali a espreitar todos os ângulos da barragem. Com mais tempo teria certamente descido à cota inferior e esmiuçado todos os recantos.

A vista para a albufeira é fantástica e apesar de ser proibido, apetecia mesmo dar um belo mergulho da plataforma no meio da barragem! Um par de fotografias de recordação e segui viagem, de alma ainda mais cheia.

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E aqui o GPS decide deixar de colaborar (quando troquei o troço intermédio no ermal novamente pelo troço completo da volta) e deixou-me sem grandes indicações durante alguns quilómetros. Um comportamento muito abonatório para um dispositivo desta natureza....

Mas como homem prevenido vale por dois, tinha fixado alguns pontos chave na rota, e um deles era a vila de Castelões. Por isso em Taíde e na dúvida entre Póvoa de Lanhoso e Fafe, bastou-me perguntar por Castelões para ficar na rota certa.

Mais um bonito troço nos arredores de Arosa e uma paragem para a tradicional sandes mista com Sumol em Garfe, antes de atacar a longa subida para Gonça e depois para São Torcato. Subida exigente a exigir ritmo certo e muita cabeça. Eram 13h30, o sol estava impiedoso e a hidratação fundamental.

Daí até Guimarães, é sempre a descer, para alívio do ciclista já que o sol continuava feroz, e as energias iam sendo consumidas a bom ritmo. Recarreguei as baterias na descida, o suficiente para enfrentar o pavé no centro de Guimarães. Podia ter evitado os solavancos, é certo, contornando a cidade. Mas tinha saudades do Toural, e por isso fui lá dar uma perninha.

Até Vizela foi uma luta mental para manter o ânimo para a subida da Serra do Relógio que seria o último grande desafio do dia. Curiosamente, a cabeça era a parte menos confiante e só com a resposta bem positiva das pernas, no primeiro quilómetro a subir, é que me mentalizei que afinal aquela subida, feita já com 150Km nas pernas, não ia ser o inferno que tinha suposto. Aparte dos últimos 500m em que sofri por antecipação de nunca mais chegar ao topo, o restante foi feito com pedalada sólida e com muita bravura.

Conquistada a Serra do Relógio, estava na altura de fazer os chamados "troços de ligação até casa". Estradas que, embora já tenham sido lugares distantes, agora são apenas passagens forçadas entre o desconhecido e o regresso a casa.

Paços de Ferreira, Lordelo, Sobrado e Campo, foram atravessados em modo automático e com o pouco entusiasmo que sobra nesta altura do campeonato. Uma pequena celebração em Campo com a ultrapassagem dos 200Km, objectivo do dia, e chegada a casa pouco depois.

Esgotado mas extremamente feliz, tinha conquistado mais um objectivo pessoal e adicionado mais alguns quilómetros ao meu currículo de pedaladas. Nos últimos dois meses já foram mais de 2300Km, distribuídos entre estrada (2000) e BTT.

Telemetria da volta aqui.

Consumo sólidos: 1 barrinha, um gel, um cubo de marmelada, uma sandes mistas e duas ameixas.
Consumo líquidos: Aproximadamente 5 litros de água, e 3 refrigerantes para alimentar a alma.

Ano e meio depois de começar, parece que o bichinho da estrada ficou bem instalado! Mas não esqueço o BTT e por isso no próximo domingo vou descobrir uns trilhos novos para os lados de Braga. 8 de Agosto marcará o regresso à estrada com a subida à Senhora da Graça, no dia da etapa da Volta a Portugal.

Até lá! :cool:
 
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indy

Active Member
Re: De novo as duas centenas!

Gostei muito deste relato.
Só uma sugestão: quando vou de Guimarães para Fafe (ou vice-versa) aproveito sempre a ciclovia. São 14kms muito agradáveis no traçado da antiga linha de comboio.
 

fogueteiro

Active Member
Re: De novo as duas centenas!

André, com essa preparação, a sra. da Graça vais ser um aperitivo. ;);)

Dou-te os parabéns por mais esta odisseia. Na verdade aprecio estes passeios e quem os faz. Tenho agendado mais pelo menos 2 deles, para este ano: Gaia - Torre por Gouveia e Manteigas (falta-me esta opção para subir à Torre) e outra Gaia - Vila de Rei, passando pelo Buçaco.
 

duchene

Well-Known Member
Re: De novo as duas centenas!

@Indy: Excelente sugestão. Passei certamente pela entrada em Mesão Frio mas não dei por ela. Numa próxima já sei!

@mnunes: Aí estão elas.

@fogueteiro: Prognósticos para a Graça, só no fim da subida. A Torre é "o desafio"... talvez para o ano... e em dias mais frescos!
 

NiKES

New Member
Re: De novo as duas centenas!

As tuas fotos são mesmo espectaculares !!

Para os amantes das longas distâncias, podíamos marcar um dia e irmos dar uma volta, o pessoal aqui do forum ;)

Boas pedaladas a todos, com quase 40ºC la fora, não tenho muita vontade de pedalar :D
 

osicran

New Member
Re: De novo as duas centenas!

Tanto quanto a capacidade de fazer sózinho tão longas distâncias em dias de fornalha, aprecio-lhe a memória que retém todos os pormenores com que nos presenteia no rescaldo do passeio. Notável. Um prazer de ler!
 
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