Gran Fondo Ézaro
Vuelta a España 2012, chegada ao mirador de Ézaro na Galiza, ganha Purito Rodriguez, final de etapa mítica, saindo junto ao mar, pelas estradas da Costa da Morte, os ciclistas sobem um muro brutal, com uma vista soberba sobre o mar, muito público, muitas dificuldades, uma etapa das antigas.
Nasceu aí a vontade, sempre adiada, de conhecer o local pelas minhas próprias pernas. Este ano, com a oportunidade de participar no Gran Fondo Ézaro, não podia adiar mais.
A viagem fez-se de carro, com outros ciclistas, companheiros habituais de peladas, que também se lançaram ao desafio. Maia-Padrón (dormida) – Noia – Ezaro. Primeiro contacto com as promissoras estradas que marcariam a jornada.
Chegados ao Ézaro, pela parte de cima, havia que descer para iniciar a prova. Na descida há que ter cuidado, o panorama é de tal forma belo, que se corre o risco de sair de estrada enquanto o contemplamos.
Levantar o dorsal, conversa com os amigos, primeiro contacto com o ambiente acolhedor do ciclismo Galego, muitas figuras do ciclismo: Indurain, Chiapucci, Blanco, Pereiro, Mosquera, Marque, Veloso, todos simpáticos e acessíveis. Bicicletas variadas, das mais modernas até autênticos “portões”, com adaptações criativas para participar, o que interessa é haver duas rodas, pernas e vontade.
Partida. Primeiros quilómetros até Muxia, junto ao mar, andamento controlado e paragem obrigatória no abastecimento, aqui todo o pelotão para durante cerca de 20 minutos para continuar o convívio.
Começa então a parte com andamento livre. Algumas dificuldades, mais uma vez neste tipo de eventos, o corpo parecia não querer acordar. Terreno rompe pernas, mas com tendência de subida, aos 65 km separação de percursos. Escolho o percurso longo, 137 km, passo novamente no Ézaro, outra vez em descida, alguns participantes demasiadamente entusiasmados não conseguem evitar as saídas de pista.
De novo junto ao mar, começa a formar-se um grupo, de meia dúzia de elementos passa-se aos quinze, quem vai sendo apanhado vai sendo integrado, e quando repara eram já mais de 40. Fizeram-se assim em bom ritmo os quilómetros de plano, com algumas colinas, até Muros.
Pouco depois dos 100 km começa uma das subidas do dia: Paxarreiras. Dez quilómetros de subida, início com pendente aceitável (5%), os quilómetros finais em via rápida mais duros (na ordem dos 10%). Os espanhóis em geral sobem bem, se por cá passo alguns e alguns me passam, lá foi sempre a andar para trás, isso trouxe algum desalento.
Após a subida um pouco de planalto, com muitas eólicas e, portanto, muita exposição ao vento. Depois descida rápida facilmente atingi os 75 km/h, no entanto os carros e os avisos de perigo, levaram a que tivesse alguma prudência.
Alguns quilómetros em plano, de volta a Ezaro, fase inicial feita a solo, com vento de frente, a trazer muito desgaste. Resolvo esperar por um grupo e aproveito para me alimentar. Deste modo poderia poupar energia para o “muro de los muros”.
Ézaro. Ainda cá em baixo passo a ponte e contemplo a cascata. Respiro fundo, passo pela zona de partida a bom ritmo, as barreiras e painéis dão ar de prova “a sério”.
Começa a subida, logo à minha frente um ciclista cai surpreendido pela dureza das rampas.
Continuo a pedalar, cadência é cada vez menor, as pernas doem, o ar começa a faltar. Por enquanto ainda consigo manter cara de que não custa nada.
Muito público em toda a subida. Gritam, transmitem apoio, nota-se grande paixão pelo ciclismo.
Entro no “Hormigón” troço mítico em cimento ondulado, 29%, muitos gritos, muitos ciclistas a pé, o meu pensamento é só um: “não desmontes”!
Aparecem as caibras, muito fortes, os músculos reclamam a cada pedalada. Ignoro. Ouço um comentaria sobre mim: “Como va vacio”. Fecho os olhos, já nem os consigo abrir. Os metros passam lentamente, cada 50 são uma conquista. Alguém me dá um empurrão e um gole de água.
Já vejo a meta, faltam 200 metros, cada vez mais perto, um agarrão final nos posteriores da coxa quase me fulmina. Arranjo maneira de fazer girar os pedais e cruzo a meta afundado em dores. Tinha ido mesmo ao fundo, até onde nem sabia que podia ir.
Passo a meta e fico vários minutos agarrado a um carro, para não cair, até ganhar coragem para desmontar. Foram momentos difíceis, mas foram também momentos inesquecíveis de superação.
140 km de grande beleza, o cumprir de um desejo que excedeu em muito as expectativas.
Vuelta a España 2012, chegada ao mirador de Ézaro na Galiza, ganha Purito Rodriguez, final de etapa mítica, saindo junto ao mar, pelas estradas da Costa da Morte, os ciclistas sobem um muro brutal, com uma vista soberba sobre o mar, muito público, muitas dificuldades, uma etapa das antigas.
Nasceu aí a vontade, sempre adiada, de conhecer o local pelas minhas próprias pernas. Este ano, com a oportunidade de participar no Gran Fondo Ézaro, não podia adiar mais.
A viagem fez-se de carro, com outros ciclistas, companheiros habituais de peladas, que também se lançaram ao desafio. Maia-Padrón (dormida) – Noia – Ezaro. Primeiro contacto com as promissoras estradas que marcariam a jornada.
Chegados ao Ézaro, pela parte de cima, havia que descer para iniciar a prova. Na descida há que ter cuidado, o panorama é de tal forma belo, que se corre o risco de sair de estrada enquanto o contemplamos.
Levantar o dorsal, conversa com os amigos, primeiro contacto com o ambiente acolhedor do ciclismo Galego, muitas figuras do ciclismo: Indurain, Chiapucci, Blanco, Pereiro, Mosquera, Marque, Veloso, todos simpáticos e acessíveis. Bicicletas variadas, das mais modernas até autênticos “portões”, com adaptações criativas para participar, o que interessa é haver duas rodas, pernas e vontade.
Partida. Primeiros quilómetros até Muxia, junto ao mar, andamento controlado e paragem obrigatória no abastecimento, aqui todo o pelotão para durante cerca de 20 minutos para continuar o convívio.
Começa então a parte com andamento livre. Algumas dificuldades, mais uma vez neste tipo de eventos, o corpo parecia não querer acordar. Terreno rompe pernas, mas com tendência de subida, aos 65 km separação de percursos. Escolho o percurso longo, 137 km, passo novamente no Ézaro, outra vez em descida, alguns participantes demasiadamente entusiasmados não conseguem evitar as saídas de pista.
De novo junto ao mar, começa a formar-se um grupo, de meia dúzia de elementos passa-se aos quinze, quem vai sendo apanhado vai sendo integrado, e quando repara eram já mais de 40. Fizeram-se assim em bom ritmo os quilómetros de plano, com algumas colinas, até Muros.
Pouco depois dos 100 km começa uma das subidas do dia: Paxarreiras. Dez quilómetros de subida, início com pendente aceitável (5%), os quilómetros finais em via rápida mais duros (na ordem dos 10%). Os espanhóis em geral sobem bem, se por cá passo alguns e alguns me passam, lá foi sempre a andar para trás, isso trouxe algum desalento.
Após a subida um pouco de planalto, com muitas eólicas e, portanto, muita exposição ao vento. Depois descida rápida facilmente atingi os 75 km/h, no entanto os carros e os avisos de perigo, levaram a que tivesse alguma prudência.
Alguns quilómetros em plano, de volta a Ezaro, fase inicial feita a solo, com vento de frente, a trazer muito desgaste. Resolvo esperar por um grupo e aproveito para me alimentar. Deste modo poderia poupar energia para o “muro de los muros”.
Ézaro. Ainda cá em baixo passo a ponte e contemplo a cascata. Respiro fundo, passo pela zona de partida a bom ritmo, as barreiras e painéis dão ar de prova “a sério”.
Começa a subida, logo à minha frente um ciclista cai surpreendido pela dureza das rampas.
Continuo a pedalar, cadência é cada vez menor, as pernas doem, o ar começa a faltar. Por enquanto ainda consigo manter cara de que não custa nada.
Muito público em toda a subida. Gritam, transmitem apoio, nota-se grande paixão pelo ciclismo.
Entro no “Hormigón” troço mítico em cimento ondulado, 29%, muitos gritos, muitos ciclistas a pé, o meu pensamento é só um: “não desmontes”!
Aparecem as caibras, muito fortes, os músculos reclamam a cada pedalada. Ignoro. Ouço um comentaria sobre mim: “Como va vacio”. Fecho os olhos, já nem os consigo abrir. Os metros passam lentamente, cada 50 são uma conquista. Alguém me dá um empurrão e um gole de água.
Já vejo a meta, faltam 200 metros, cada vez mais perto, um agarrão final nos posteriores da coxa quase me fulmina. Arranjo maneira de fazer girar os pedais e cruzo a meta afundado em dores. Tinha ido mesmo ao fundo, até onde nem sabia que podia ir.
Passo a meta e fico vários minutos agarrado a um carro, para não cair, até ganhar coragem para desmontar. Foram momentos difíceis, mas foram também momentos inesquecíveis de superação.
140 km de grande beleza, o cumprir de um desejo que excedeu em muito as expectativas.