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Deixando cair o pé

Zeni7

Active Member
Relato de uma pequena volta, de como não é necessário ir para muito longe, nem ter grande material, nem bicicleta para viajarmos para onde mais interessa e usufruir de um dia na estrada.

Dia de chuva, estava planificada uma volta em grupo com o pessoal do costume. Sete da manhã, recebo mensagem, mau tempo volta cancelada. Ainda bem, penso, no quentinho é que se está bem. A almofada no entanto sugere outra coisa: e se pegasse na bicla do dia a dia, com grade de carga e para-lamas, para dar uma volta. Chovia mas as protecções estavam lá para ajudar, além disso podia colocar uma muda de roupa seca no alforge. Já não dava para dormir, era tempo de me fazer ao caminho.

Decidi ir às clarinhas, a Fão, aproveitando o facto de não ir em grupo para poder parar e comer o que me apetecesse. A indumentária escolhida foi algo entre o trajo de lixeiro e o de pescador, calça impermeável largueirona e capa para a chuva, sapatilhas normais, pois a bicicleta não tem sistema de encaixe. Após atirar comida, uma muda de roupa e material de reparações para o alforge, fiz-me ao caminho. O ritmo foi lento, o tipo de bicicleta, o vento e os pneus 700x28 não dão para grandes velocidades.

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Elástico ajustando as protecções às sapatilhas.

Primeiros quilómetros com problemas, as calças, com o vento, faziam balão, batiam no quadro e no pedaleiro, as protecções para os sapatos também não se aguentavam, deixando-os expostos à água. Felizmente estava na Varziela, grande Polis chinesa dos arredores de Vila do Conde, ali nunca falta a alta tecnologia. Comprei uns elásticos para o cabelo que, neste caso, serviram para ajustar as calças facilitando o pedalar. Além disso deu para ver mais de perto a realidade, um tanto ou quanto fantasmagórica, daquela zona.

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Segui para Vila do Conde, já que era um dia diferente, aproveitei para uma paragem inédita, no convento de Santa Clara, para ver as vistas.

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Tanta paragem e estava a fazer-se tarde. A partir daí foi fechar na bicicleta e forçar a velocidade da minha velhinha, pensando na pastelaria ao subir da rampa e nos doces, que seriam a recompensa ao chegar a Fão. Chegado ao destino foi possível saborear as guloseimas, perante o olhar espantado dos poucos e enregelados clientes, e ainda trazer para o caminho.

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Num dia como o de hoje só os ciclistas mais persistentes e bem equipados enfrentavam as condições atmosféricas. :)

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O regresso fez-se quase pelo mesmo caminho, apenas cortando à esquerda para subir a Santa Eufémia. Aqui o nevoeiro era tanto que, por razões de segurança, entendi ser melhor dar uso ao dínamo, para marcar a minha presença. E foi com o ronronar do velho Union que cheguei a casa, feliz por ter aproveitado uma manhã tão pouco promissora.

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A bike portou-se bem, se calhar ainda a levo a um Randonneur.

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Armando

New Member
Volta "Sol", que é para eu não me sentir pequenino ao ver estas fotos e relatos!

Parabéns pela coragem e ousadia de enfrentar um dia como o de hoje.

Não tiveste medo de ser assaltado ao pavonear-te com um monumento desses?
 

pedro30

Well-Known Member
excelente, amigo André :cool:

até me fez lembrar aquela volta que fomos a baiona,e onde pelo caminho trazias a caixa dos bolos que já não chegaram a casa.... hi hi hi
é este espirito que te conheço,que tão bem te define,naquela tua velhinha a vir de baiona embora era sempre a carburar.....
a bike não interessa,o que interessa é disfrutar.
mas posso te dizer que quero dar uma voltinha.
estou a cozinhar ai umas voltinhas para a primavera,depois apito.
grande abraço,amigo
 

Zeni7

Active Member
Folga muito bem passada, como quase sempre, a pedalar. Foi bom voltar a andar por aí num dia de sol, sem pressas, sem relógio, sem parar de olhar. Como diz a canção "A vida tão simples é boa, quase sempre."

[video=vimeo;88291989]https://vimeo.com/88291989[/video]
 

Zeni7

Active Member
Maia / Famalicão / Ceide / Joane / Brito / Póvoa do Lanhoso / Cerdeirinhas / Gerês / Calcedónia / Campo / Vilarinho das Furnas / Brufe / Germil / Ponte da Barca / Ponte de Lima / Darque / Esposende / Póvoa Varzim / Casa

200 e muitos kms nos pedais, não sei exatamente quantos pois do meu velocimetro só funciona o relógio.

Excelente resposta da Ditec, no seu primeiro teste a sério, e, também, das pernas.

Problema com a alimentação ou por estar a antibióticos, grande enjoo após a volta. Nada que uma sopinha não curasse.

Volta com grande camaradagem acompanhado por pessoas que sabem tirar muito gozo da sua bicicleta. O user Pedro30 também participou, não sei se ele irá contar como foi, de qualquer forma ainda espero por aqui mais alguns detalhes daquilo que foi o passeio.


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Zeni7

Active Member
Sexta feira, feriado, dia de andar de bicicleta. Não era, contudo, uma volta como as outras. Ia juntar-me a três "monstros" das voltas longas. Para se ver a fibra deste homens refiro só que um deles veio para o passeio após uma noite inteira a trabalhar.

A conversa era a do costume: "aparece que vai ser tranquilo", "vamos nas calmas", "faz-se bem". Nem quis ouvir falar em detalhes do percurso, só sabia que era para o Gerês, há coisas que é preferível não saber.

A partida foi no Castelo da Maia, a ideia era ir por Braga em direcção a Póvoa do Lanhoso. Sugeri ir antes por Famalicão, Ceide e Brito, numa estrada mais calma e que me parecia mais perto. Fomos por lá mas a todos pareceu mais longe...se calhar foi por causa da paragem nos bolos.

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A partir da entrada na Póvoa do Lanhoso foi sempre a subir quase até às Cerdeirinhas. Pelo meio um furo que foi boa desculpa para uma cafézada.

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Cerdeirinhas até Rio Caldo. Descida rápida e perigosa, mas com a beleza do Gerês a fazer-se anunciar.

Pontes do Rio Caldo, conversa, fotos e boa disposição, tal como em todo o percurso.

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Subida à vila do Gerês, apesar do nevoeiro a paisagem era fantástica. À saída da vila umas rampas tão duras que a placa da estalagem "Moderna" parecia ter escrito "Medonha".

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Continuando a subir, serra acima até à Calcedónia, dureza, cada um por si no meio da bruma, respirando o ar húmido e pedalando em silêncio, entre árvores e penedos.

Chegados ao cume foi só descer até Campo do Gerês. Hora de almoçar, sítio bonito mas para servir só tinham panikes, ou lá o que é aquilo. Valeram os momentos de galhofa e amizade.

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Pouco reconfortado segui marcha, ainda havia que chegar a Germil. Barragem de Vilarinho das Furnas, duas torres que fanstasmagoricamente emergiam do nevoeiro, força da água apenas pressentida num intenso rugir que inundava o silêncio.

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Nova subida primeiro para Brufe e depois, após uma rampa assassina, para Germil. Passagem nas aldeias, caminhos, casas em pedra, água correndo nas ruas, animais nos campos, fontes, espigueiros...outro mundo, outro tempo, tão longe, tão perto mim.

Descida pelo paralelo de Germil, cuidados para não cair foram mil, horizonte menos carregado e de uma beleza atordoante.

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De Ponte da Barca para a frente foi só devorar estrada, meter ritmo certo e esquecer o cansaço. Perto de Ponte de Lima juntou-se o reboque ciclista Tomás. Darque, Esposende, Fão, Póvoa foram passando até chegarmos cansados e contentes à rotunda das Guardeiras.

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Por tudo mas especialmente por um sentimento que quase posso descrever como de felicidade esta é das que fica.

Bela estreia da Ditec nas voltas maiores.

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pedro30

Well-Known Member
sem palavras.....
belo rescaldo,não mexe mais está bom assim :cool:
um dia mágico com grandes amigos :cool:
obrigado AMIGO ANDRÉ :rolleyes:
 

duchene

Well-Known Member
É assim que se estreia uma bicicleta André! :D

Espero que sejam os primeiros de muitos quilómetros por belíssimas estradas e, sempre que possível, com tão ilustre e animada companhia!
 

paradawt

Moderador
Boa volta por um recanto encantado.

Pena a N13... Por razões óbvias nem a posso ver à frente.

Vamos lá ver se é este ano que vou atirar-me ao Gerês de bicicleta.
 

Zeni7

Active Member
Volta pelo Gerês
Um amigo meu tem a paixão pelas voltas de bicicleta, o Vítor está a morar na Alemanha e regularmente publica imagens em cenários deslumbrantes a 2000 metros de altitude. Sabendo que ele estava em Portugal tive que pensar num passeio que não ficasse atrás.
Como ele queria ir ao Gerês não foi difícil pensar no itinerário:
- Em primeiro lugar passagem pela zona de Vieira, onde já trabalhei e que, por esse motivo, conhecia superficialmente;
- Em segundo lugar ida a Tourém, nas profundezas do Gerês, na fronteira com Espanha, donde é originária a minha família materna;
- O terceiro lugar foi para reviver o percurso do Gerês Granfondo, de Lobios à Vila do Gerês. Esta parte foi improvisada pois tivemos de ir a Espanha procurar almoço, a ideia original ficará para outras pedaladas.
A partida foi dada em Brito, junto a Guimarães. Primeiras pedaladas rumo a Porto de Ave, acompanhando o percurso do rio. Continuando na estrada para Cabeçeiras, até ao corte rumo a Guilhofrei. Primeira paragem para apreciar a beleza e frescura da albufeira do Ermal.

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Seguimos para Vieira onde paramos, depois de alguns cotovelos bem íngremes para o cafezinho. Depois veio a primeira subida grande do dia: na serra da Cabreira, até ao parque de merendas da Serradela. Descida fantástica até perto de Ruivães, vista fantástica sobre o Gerês acompanhada pelos típicos cavalos garranos.

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Alguns quilómetros pela N103 até à barragem da Venda Nova, só depois de a atravessar é que se entram verdadeiramente na área do parque natural do Gerês.

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Aí, especialmente nestas áreas menos batidas, impera o silêncio. Cada um pedala para si próprio, calado, enfrentando do seu modo as dificuldades do relevo, apreciando a beleza agreste e rude da paisagem, ofegando já quase vazio, mas tão cheio.

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Passagem na barragem da Paradela, cenário idílico na aldeia de Outeiro. Subida constante, não muito pronunciada mas sempre lá. Corte à esquerda em Covelães, início da subida à Mourela, paisagem de montanha, vegetação mais escassa, gado pastando, urze e borboletas.

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Descida para Tourém, que pena não ter levado uma câmara, para mim é como um filme, só faltava música clássica para ficar perfeita. Depois de horas a pedalar foi recompensa perfeita.
Em Tourém só havia pão para duas sandes, depois de conversar com alguns habitantes contemporâneos dos meus avós, era hora de partir em busca de reforço alimentar.

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Assim os meus planos iniciais foram alterados. Fomos a Calvos de Randin, comer outra sande, e daí arrancamos rumo a Lobios. Maus de Salas, Porqueirós, Mugueimes, terras galegas, nomes que em criança ouvia e povoavam o meu imaginário, predominantemente descida, vistas fantásticas sobre o rio Lima.

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Lobios, entrada no percurso do Granfondo, desta vez com os olhos mais abertos. Na zona dos baños permitimo-nos uma recompensa merecida, que bem soube.

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Subida à Portela do Homem, entrada em Portugal, sempre fantástica a zona da mata de Albergaria. Descida rápida até ao Gerês, pequena saída de estrada, felizmente sem consequências.

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Chegando ao Gerês só falta regressar. Subida às Cerdeirinhas, mais pareciam Cerdeironas tal a dificuldade em chegar lá acima. Depois foi meter velocidade cruzeiro pelas estradas nacionais, até regressar ao ponto de partida.

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Duzentos e alguns quilómetros depois, com 4000 de acumulado nas pernas, o que havia de acontecer? Furo, não na bicicleta mas no carro. Para piorar tudo uma das porcas insistiu em não se deixar desapertar. Quando já pensava em mandar vir o reboque surge o salvador do dia, que com um compressor, que carrega no isqueiro do carro, conseguiu encher-me o pneu. Foi o último teste do dia.

Sem dúvida um dos dias mais incríveis e desafiantes em cima da bicicleta, tudo o que possa dizer será pouco, as fotos em telemóvel, quase sempre tiradas em andamento, não dão para perceber tudo o que se passou. É daquelas que só mesmo indo.
 

Zeni7

Active Member
Montemuro via Açoreira - parte 1.

Sábado de chuva, após uma semana a sonhar com "vadiagem" na bicicleta não seria isso que me ia deter. O destino era o meu preferido: Montemuro.

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Com a volta engendrada na noite anterior saí apesar do mau tempo. A intenção era seguir até onde desse, ou voltar para trás, se estivesse muito mau.

Quilómetros iniciais desoladores, chuva e percurso feio, não conhecendo melhor caminho, segui a movimentada N15, entre Valongo e Penafiel. Chuva e subida a moer pernas e ânimo.

Descida para o Marco, finalmente alguma tranquilidade, deu para recuperar um pouco. Passada a ponte sobre o Tâmega, começa-se logo a subir, e bem, primeiro para o centro, depois seguindo para Freixo.

Cidade romana de Tongobriga, Manhuncelos, parque de merendas, estrada de montanha bela e agreste, eu e a chuva, persistindo, agora mais animado pela rudeza da paisagem e pela proximidade do Douro.

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Finalmente o rio, avistado um pouco antes de chegar a Paços de Gaiolo, Alguns quilómetros junto à margem, até à bela ponte em Porto Antigo.

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Aqui começava verdadeiramente o passeio mas, mais de três horas depois, estava bastante desgastado, se o dia terminasse ali já teria treinado mais do que o suficiente.

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Mas a viagem estava apenas a começar, com o Montemuro à beira não iria dar parte de fraco. Alguns quilómetros na N222 e, ao atravessar o rio Bestança, reparo numa zona de rápidos e quedas de água, decidi, apesar de ser ainda cedo, que era ali que ia almoçar. Parei, olhei, comi e aproveitei para recuperar forças.

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Após o parco almoço retorno ao pedal, encontro logo a indicação para Açoreira e começo a abordagem à serra, acompanhando o percurso do Bestança, rio que é um verdadeiro tesouro, nascendo no alto do Montemuro tem uma água azulada de tão pura, o seu fragor, quase marítimo, é a única companhia, enquanto nos esforçamos para conquistar a montanha.

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Uma última foto, e, inesperadamente, fico sem bateria na gopro, como se um qualquer Deus ciclista ordenasse que me deixasse de fotografias para me focar na volta.

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Foquei-me, bem precisava, embora tendo pena de não ter registado os melhores momentos, ia ser difícil, com a dureza que se seguiu, registar tudo. Além disso seriam fotos cinzentas, de nevoeiro e mau tempo, acho que o que se passou em seguida é mais de ir do que de fotografar.

(Continua sem fotos)
 

Armando

New Member
Parabéns pela coragem e valentia!

Realmente essas "bandas" tem locais fenomenais que conseguem desafiar o comum do ciclista.

Ainda bem que o almoço não foi muito pesado, senão certamente que não conseguirias terminar a volta. :D:D:D
 

Bruso

Well-Known Member
Foste valente em sair de casa com esse tempo!! Não é para todos.

Belas fotos!! A gestão da bateria da máquina tem que ser precisa xD

Fico à espera do resto!!! :D
 

duchene

Well-Known Member
Boa escolha de percurso André! Se a primeira parte até ao Marco não é muito interessante, o resto compensa largamente.

A subida por Açoreira é lindíssima. Tive o prazer de a fazer há uns tempos, aquando da conquista do vértice geodésico do Montemuro.

É muito mais pitoresca que a N321 e tem lá pelo meio, em Valverde, uns rebuçados bem engraçados.

Já vi que depois regressaste pela N225 que é igualmente um ex-libris quanto ao sossego e potencial cénico.

O Montemuro é, de facto, uma serra inolvidável e as suas muitas rotas ao topo, nas várias encostas, fazem com que seja uma fonte de entretenimento para muitas e longas passeatas. E isso lembra-me tenho de lá voltar para conquistar a meia dúzia que ainda me faltam...

Venha a segunda parte!
 

Zeni7

Active Member
Obrigado pelos comentários amigos.

Armando e Bruso para mim sair à chuva é normal. Uso a bicicleta diariamente e o tempo de ontem nem foi dos piores da semana, na verdade dá-me até um certo prazer, as máquinas é que sofrem um bocado. Só não entendo os que compram tudo e mais alguma coisa para a chuva e depois não andam porque está a chover :)
Bruso eu sei que é preciso gerir, mas antes da última foto tinha bateria completa...acho que foi mesmo para eu poder curtir a volta à vontade.
Obrigado Desmo, como gosto de ler o que os outros publicam tento também contribuir com a minha parte.
André quando olhei para as minhas fotos uma delas (a última) pareceu-me familiar se calhar foi no mesmo lugar duma das tuas. A subida de Açoreira é linda e deixou-me quase pregado. A serra de Montemuro é qualquer coisa de fabuloso, já conheço seis subidas: Açoreira, Ovadas, Cinfães, Castro Daire, Noninha e Cabril, devem existir mais algumas, eu pelo menos vou tentar descobrir. A 225 foi uma gigantesca surpresa, quase uma ciclovia tal a falta de carros e pacatez que ali se vive, parece que o tempo para.

Segunda parte em elaboração.
 

Zeni7

Active Member
Parte 2 - Montemuro e N225

Esta subida, por Açoreira à N321, começa brandamente, mas vai progressivamente endurecendo, passam-se pequenas e esquecidas aldeias, do até se "faz bem" começo a evoluir para "será que chego lá acima?". De repente, penso que em Valverde, aparece curta mas muito íngreme rampa, em paralelo, sem aderência a roda começa a patinar, para piorar entram em cena dois cães, enfurecidos pelo espectáculo. Iria cair, iria ser mordido, ou as duas? Miraculosamente consigo tirar dali a bicicleta, com a adrenalina a correr faço a rampa e os metros que se seguem a 200%, sem olhar para trás, mesmo no alcatrão a roda patinava, se calhar o prato 39 não foi grande ideia.

Com esta emoção toda dei o estoiro, tive de desmontar para respirar fundo, deste vez nem tinha a desculpa das fotos.

Recomeço. A inclinação continua agressiva, penso em voltar a desmontar, chego a tentar mas o cansaço nem me permite soltar o pedal, sou forçado a subir, penso em voltar para trás, quando estava mesmo para desistir aparece, de surpresa, a N321, estrada central do Montemuro que sabia ser fácil de vencer. Uff...

Subo um pouco na 321 até Fermentãos. Paro um pouco para café e bolos. Observo as pessoas, na sua autenticidade, enquanto lembro os tempos em que trabalhei por aquelas bandas.

Saio de novo para o monte. A alta altitude o tempo estava terrível, voltara a chuva, o vento soprava forte e não se via grande coisa com o nevoeiro, condições perfeitas para as voltas épicas. Há algo de especial nesta montanha, é como um mundo esquecido, selvagem e puro.

Desvio para Aveloso, rumo a Cabril. Vou vendo, ao longe, a estrada que me espera e vou-me embrenhando na paisagem agreste. O desnível não é dos piores, chego bem lá acima. No início da descida o tempo melhora, revelando um horizonte deslumbrante, montanhas a perder de vista.

Começo a descer, inclinação vertiginosa, cenário "à la Tour de France" estrada aos "esses" que permitem ver de cima a curva seguinte. Depois o piso degrada-se, assim que decidi deixar de lado as cautelas a bicicleta embala e...furo.

Troco o pneu e penso que não será fácil arranjar uma câmara de ar ali perto. O senhor que encontro
confirma a minha ideia:
- "Aqui o mais perto é Alvarenga mas não arranja lá disso".

Por isso redobro os cuidados. Termino a descida e entro na N225, grande surpresa, um paraíso para pedalar, mau piso, mas tranquilidade absoluta, largos minutos com a estrada só para mim.

Em Alvarenga procuro uma câmara, não encontro e sigo viagem. No meu plano estava incluída uma visita a uma terra que desperta a minha curiosidade: Espiúnca. Ainda não foi desta, o piso para lá era terrível e o tempo era curto, fica para outra oportunidade.

Continuo na 225, onde permaneceria até perto de Castelo de Paiva, nem sei o que dizer da estrada, quase se podia chamar estrada do silêncio, tal é a calma que inspira, por vezes o cenário já de si belo é ainda melhorado pela aparição fugaz do Rio Paiva.

Chego a Entre-os-Rios já ao entardecer, tento fazer o máximo número de quilómetros ainda de dia, aproveitando o pouco trânsito devido ao jogo de futebol. Regresso pela marginal até à rotundo do Freixo, no Porto, e subo pela Circunvalação até à Areosa.

Na Areosa, talvez por saber que já não havia mais dificuldades, as pilhas desligaram completamente, foi em modo "Zombie" que fiz os derradeiros quilómetros.

Balanço:
- Pensar em usar carro ou comboio em parte dos percursos para aproveitar zonas mais interessantes.
- Não brincar com o gigante levando pedaleiras de relações pesadas.
- Descobertas fantásticas (vertentes de Montemuro e N225)
- Adoro montanhas, mesmo sendo fraco trepador sinto-me mais vivo quando estou lá em cima.
 
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