Agora a voltinha de Domingo passado...
Há já uns tempos que andava a pensar descobrir uns "caminhos" lá para os lados da "aldeia perdida na Beira".
Levantei-me com uma pica que nem imaginam, e essa pica veio a provar-me, mais uma vez, que muito da nossa forma passa pela nossa cabeça. Sentia-me muito bem disposto e vontade de pedalar forte.
Desta vez virei à esquerda e deixem-me ir sem stress, descida abaixo. Passei Pedrogão Grande, e esta vila parecia uma urbe fantasma, causado pelo frio e a hora.
A N2 nem parecia a estrada, outrora, mais importante de Portugal. Mas nem isso me preocupou. O dia estava lindíssimo e muito bom para pedalar e usufruir das boas condições que me eram propostas. Com ritmo certo, e cadência vigorosa, lá fui subindo e descendo em direcção à Pampilhosa da Serra, só que por caminho diferente ao da "Rota do Desalento".
Para minha satisfação, as dificuldades iam sendo ultrapassadas com alguma facilidade, até que finalmente cheguei à Pampilhosa. Antes, porém, cruzei-me com os participantes de mais um passeio de cicloturismo, que por sinal participei no ano passado.
Paragem merecida nesta localidade, para comer e beber alguma coisa. Daqui para a frente, iria percorrer uma parte da N112, que não conhecia, pelo menos a duas rodas.
Montei novamente, e lá segui eu, rumo ao desconhecido. A subida, constante, não fez doer as pernas e tornou-se muito agradável para mim. Aliás, este troço da N112, vai fazer parte do meu quadro de honra de estradas em que rolei neste país. Simplesmente fenomenal!!! Para alem da paisagem lindíssima, o sossego quase total, apenas quebrado por alguns, muito poucos, carros que passaram por nós.
Ia tão absorto a digerir aquilo tudo, e já tinha andado uns bons 25 kms quando de repente a "pancada" da realidade: "Oleiros - 53 kms!!!" O QUÊ????!!!! NÂO PODE SER!!! Sou bastante minucioso ao prepara as minhas tiradas e tinha visto que da Pampilhosa da Serra a Oleiros separavam apenas 30 kms. Onde estava a diferença tão grande??? Tinha-me enganado? Não pode ser!
Cambas era a povoação seguinte. Esta aldeia ribeirinha do Zêzere, é bastante bonita. O rio corria violento e muito barrento, devido à muita chuva que tem caído, o que ainda embelezava mais a paisagem. De repente outra placa: Oleiros ---->. Estava na hora de parar, escutar e olhar, e assim fiz. Parei, orientei-me e cheguei a esta conclusão: "Se for por onde esta placa indica, vai ser mais perto, mas terei que passar esta serra que está ali à frente, e não deve ser fácil, mas se continuar na N112 terei que fazer mais 50kms!" Aproveitei para perguntar e a resposta do sr. veio confirmar as minhas conclusões, embora tenha sido avisado que pela serra subia muito.
Não hesitei. Como ia bem a todos os níveis, decidi ir pela serra, e deixar a Nacional para outra vez. Os primeiros 500m foram ao lado do rio, completamente planos, apenas para me enganar. Viragem à esquerda em cotovelo e logo me deparei com a primeira parede. Para abrir as hostilidades a inclinação subiu abruptamente para os 11%, e pensava eu que eram os primeiros metros. Puro engano! Esses metros estenderam-se por cerca de 4000 metros sempre nos 10 - 13%. E pensava eu que nesta zona não existiam aquelas serras "malucas" como no "meu" norte, como o diabólico Viso ou o mortífero S. Macário, que eu já tive oportunidade de subir.
Doloroso!! É a única palavra que me vem à mente, mas... gostoso
Finalmente, lá alto, tive o prémio que consistia nuns 6 kms, até Oleiros, bem fáceis de fazer. Mas ainda tinha uma dificuldade para ultrapassar e que eu já conhecia muito bem, e já sentia que os músculos começavam a queixar-se. Isso preocupou-me um pouco, mas como não tinha alternativa voltei ao famoso Alto do Cavalo". Daí até casa seriam uns 18 kms a descer, apenas interrompidos com uns 3 kms de subida, onde aproveitei para descomprimir.
Foram uns deliciosos 115kms corridos à média de 23kms/h e cerca de 2100m de acumulado positivo que me souberam muuuuuuuuuito bem. Só me resta dizer: VENHAM MAIS.....
Mapa