Petite Force: O sacrilégio e a redenção...
Sábado: "Já não morro estúpido - Parte II"
Apesar de ter uma volta diferente planeada para sábado, trocaram-me as voltas e por isso tive de estar por Valongo de tarde, o que implicou que a volta grande tivesse de ser adiada. O tempo também não estava propriamente famoso e confirmei mais tarde que, para onde estava a pensar ir, o calor era implacável, apesar das doentias nuvens, ora cinzentas, ora amareladas...
Assim, aproveitei para colocar algum do sono em dia, já que vinha de uma semana com apenas 5 horas de sono, antes de me fazer à estrada.
Eram 10 horas certas quando saí de casa, sem saber muito bem para onde iria... Fui em direcção a Este e decidi começar por subir o Carreiro para Baltar. Daí talvez fosse até Recarei, Capela e depois logo se via. Rapidamente transpus o Carreiro e apontei a Recarei. No entanto uma coluna de fumo denso surgia dos lados de Capela o que significava que o ar devia estar pouco recomendável para aqueles lados. Pois num raro impulso de comodismo, decidi que ia fazer uma volta mais preguiçosa e rolar por rolar, ali pelos lados da R108.
Em Recarei segui para o Salto e fui até Branzelo, apanhando aí a R108. O troço já era conhecido por isso foi só manter o pedal a rolar e cruzar a margem do Douro até ao Freixo.
única nota digna de registo foi o facto de ter passado junto ao ponto de início daquele que viria a ser o grande incêndio do dia e que chegou a ameaçar algumas casas e indústrias. Quando por lá passei as chamas apesar de ainda muito confinadas já eram bastante ameaçadoras. Como não tinha comigo telemóvel, pedi a um local que chamasse os bombeiros já que ainda se poderia segurar o fogo no seu estado inicial. Infelizmente tal não se veio a revelar tão linear e os soldados da paz, pelos vistos, ainda se viram bem atrapalhados para conter as chamas.
Chegado ao Freixo tinha a hipótese de de subir para Valongo directamente pelo Seixo ou então continuar e ir dar uma volta maior. acabei por preferir a opção turística.
Marginal do Douro, túnel da Ribeira e bom ritmo até ao Passeio Alegre, onde parei para abastecer. Fiquei deveras surpreendido por encontrar uma mercearia que ainda pratica preços à moda antiga, bem ali no interior da zona mais abastada do Porto. Viva os 60 cêntimos por uma garrafa de água de litro e meio!
Mais uma tirada de plano pela Av. do Brasil fora, mas no alcatrão. Deixo a ciclovia para outras pedaladas....
No Castelo do Queijo decido virar para o interior, para cruzar o centro do Porto, cidade do meu coração. A subida desde a rotunda do Castelo do Queijo até à Rotunda da Boavista não tem muita história. Ou melhor tem uma história triste de uma avenida emblemática completamente arrasada e exclusivamente repensada para as corridas automóveis. Sem alma, sem personalidade e sem interesse em si, salva apenas pelos interessantes exemplos de arquitectura que a ladeiam. A faixa central que deveria ter agora uma ciclovia no lugar dos carris do eléctrico pura e simplesmente não existe até chegarmos ao Parque da Cidade, onde temos o previlégio de apanhar o último troço de árvores sobrevivente da configuração original da avenida. Infelizmente é isto que nos distingue, pela negativa, em termos de ordenamento das cidades. Tudo é pensado em função não das pessoas, mas sim dos automóveis. A cidade torna-se uma passagem, mais do que um espaço que convida à passagem. Enfim...
Na Boavista aproveitei para fazer um pouco mais de turismo. Passei o Palácio, Cordoaria, Clérigos, desci à Praça da Liberdade, Bolhão, Campo 24 de Agosto, Antas, Areosa, Alto da Maia, Ermesinde para dar uma beijoca à minha mãe e finalmente Valongo.
No final os serviços mínimos representaram 94Km, com uns incríveis 830m de acumulado, percorridos à média de 27.4Km/h.
Sem ser uma volta que tenha odiado, não me trouxe propriamente grande entusiasmo. É, tal como o Furadouro e a ida a Esposende pela N13, uma daquelas voltas para se fazer uma vez só para não morrermos estúpidos, e depois arruma-se lá na gaveta, fazendo de conta que não existiu. Pelo menos para mim uma vez chega...
Terça-feira: "Dois recordes pessoais para compensar!"
Na terça apetecia-me fazer uma pequena volta de final de dia, para girar um pouco as pernas e pensei em ir até à Agrela enfrentar o cronómetro, numa volta sem segredos: Alfena > Água Longa > Agrela > Lordelo > Sobrado > Valongo.
Estava estipulado que seria um dia municipal da Talega, por isso logo desde casa o prato 34 soube que seria dia de descanso.
Ritmo animado, bem animado e rapidamente estava a carregar no botão de Lap para marcar a contagem.
Ataquei então a subida em talega, conseguindo manter uma rotação mais constante e elevada (acima das 70RPM) do que a minha primeira tentativa em talega, há um mês e meio. Já consigo aguentar o 50/25 até aos primeiros cotovelos, subo para 26 nessa zona mas sinuosa e volto a engatar no 25 antes do parque de merendas, para depois levar até final. Nesta última parte apanhei algum vento mas que não considero que tenha provocado grandes estragos em termos de velocidade e do registo final.
Outra novidade foi o facto de ter levado o pulsómetro com o campo da pulsação a exprimir os valores em percentagem. Andei nos 90% da minha FCE até ao final das casas e 95% no restante percurso, excepção feita aos cotovelos com 97% e à zona final em que, no último esforço, encostei nos 100%.
Fui bastante mais exigente do que em vezes anteriores, um pouco como fiz na Senhora da Graça, mantendo o máximo de empenho, mesmo quando o meu ldo preguiçoso mandava levantar um pouco o pé do pedal e reduzir o andamento.
Mas a recompensa chegou com o esforço e tirei 21s ao meu melhor registo, que já tinha mais de um ano. Subi a Agrela em 13m54s o que para um mamífero de 90Kg já começa a ser um tempo interessante.
Provavelmente hão de passar uns tempos até que volte à Agrela, também para não saturar. Vamos ver se, quando regressar, consigo fazer melhor...
A volta em si representou outro recorde, penso eu. Não me recordo de ter feito uma volta com média superior a 30Km/h e desta feita isso aconteceu! Obviamente que o perfil bastante suave ajudou consideravelmente. Não admira! Ao longo dos 36Km apenas superei 431m de acumulado o que ajudou então a média a fixar-se nos 30.2Km/h.
De facto não é esta a minha praia e conto em breve voltar aos 19 e 20Km/h de média, sinal que trago muito mais satisfação comigo, fruto de uma volta mais ao meu estilo.
Hey ma, hey ma look it's me!
Uma última nota de rodapé para assinalar a minha conversão ao Strava como ferramenta de registo de treino. Assim sendo o registo da volta de Domingo pode ser consultado
aqui e o registo da subida da Agrela na terça-feira poderá ser consultado
aqui. O meu perfil, que ainda não conta com as voltas registadas pelo Edge 500, está
aqui.
Boas pedaladas!