Jorge
Não tens nada que agradecer e nunca é tarde demais para se colocar a leitura em dia!
De facto eu e a chuva não combinamos. Já não tenho grande paciência para ficar encharcado e desconfortável enquanto faço uma coisa que supostamente me daria prazer. Por isso, prefiro de longe ficar em casa a “moer”, do que ir para a estrada arriscar com condições adversas, ficar ensopado e enregelado ao mesmo tempo que desgasto material desnecessariamente. Aliás o bom tempo será igualmente condição
sine qua non para participar nos Brevets. Já bastará ter de aturar a N13!
Por outro lado, e sei que vai parecer uma frase batida, desistir a meio não faz o meu género. O plano era fazer estes 180Km sem chuva. E se as condições fossem manifestamente desfavoráveis à partida, provavelmente teria adiado. Mas depois de começar e lá porque a chuva apareceu a meio, não ia simplesmente voltar para trás. Nem pensar! Estava com a fatiota de gala, abastecido e com a bicicleta de sonho. Não podia pedir mais... A única excepção à regra de não continuar com o projecto inicial seria a que indiquei na crónica: um notório condicionamento físico faria com que a volta encurtasse para os 130Km. Aparte disso, chovessem paus e picaretas, o plano é sempre para seguir à risca, desde que estejam reunidas as condições mínimas de segurança. Já passei muito maus bocados em termos anímicos e mentais mas sempre cumpri com o que tinha estipulado. É quase uma questão de princípio e da minha teimosia característica. Ainda para mais com tão raras oportunidades para pedalar, o desperdício seria imperdoável. Isto é um pouco como os aviões: Na pista, até ser atingida a V1, ainda se pode cancelar a descolagem. Depois disso, é seguir em frente e para cima!
Quanto ao partir ou não desde Valongo. Já fiz boas aventuras com partida de casa. Lembro-me assim de cabeça dos 220Km por Baião, Marão e Fisgas de Ermelo. Ou dos 180Km por Cabeceiras e Ermal. Portanto o sair logo desde casa não é limitador de grandes quilometragens nem tampouco de voltas interessantes. O que é aborrecido o facto de 75Km serem logo gastos entre casa e Entre-os-Rios, terreno que já conheço de trás para a frente e de frente para trás. E o que me leva a usar bastante o carro é precisamente poder poupar esses 75Km, investindo-os em pedalar para sítios ainda mais distantes e diferentes. O simples facto, por exemplo, de fazer uns meros 50Km até Amarante abre logo um leque de possibilidades completamente diferentes. Mas seja desde Valongo seja desde outro sítio qualquer, conseguir uma boa volta é apenas uma questão de bom pleneamento. E nisso, sei bem o que faço, sem falsas modéstias.
E treinar? Já devias saber que eu não treino! Eu ando de bicicleta para conhecer coisas giras ou para desanuviar a cabeça.
Não tenho feito, nem tenciono fazer, nenhuma preparação especial e científica para os Brevets a não ser ir reunindo o material necessário para participar e pedalar com vontade quando puder. Este passeio a Alvarenga provou que, mais do que um treino físico, será necessária estruturação mental para ir ultrapassando os obstáculos, quilómetro após quilómetro. É claro que só porque queremos não se fazem 600 ou 1000Km seguidos a pedalar. Mas para os objectivos deste ano, acredito que a rotina normal de voltas longas será suficiente. Mas também o tempo escasseia. Abril é já ali. Por isso, (se não chover!) vou como estiver. E logo saberei...
pratoni
Tens de escolher melhor os livros de crónicas!
Luís
Obrigado. Mas não sejas egoísta. Conta também por cá as tuas aventuras! Também gosto de comparar notas e graças aos relatos que por cá foram aparecendo, fui também descobrindo novos e interessantes pedaços de estradas fascinantes.
Skyforger
Já por várias vezes me incentivaram a avançar para uma publicação mais a sério. No entanto não é algo que me seduza verdadeiramente nem acho que tenha material interessante ou sequer consistente, que sobreviva facilmente fora deste contexto de fórum ou do universo do ciclismo. Não faço as grandes explorações etnográficas e contactos civilizacionais que enriquecem as habituais crónicas de viagem e, por isso, os relatos acabam por se centrar muito na minha pessoa e nas minhas experiências na estrada e proximidades o que, por muito inspirador que seja quando distribuído a espaços, poderá tornar-se verdadeiramente enfadonho se lido em sequência.
Por outro lado não sou escritor e isso nota-se. Tenho bastantes vícios de linguagem que é difícil de evitar e ainda me falta libertar alguma ferrugem na escrita e ganhar fluidez na condução da prosa. E a tendência é para que as crónicas fiquem cada vez mais descritivas e exaustivas: as primeiras crónicas rondavam os 10.000 caracteres. Estas últimas quase quintuplicaram esse valor! Ou seja, há uma mudança de forma de escrever que teria de ser cimentada e consolidada para que existisse consistência do princípio ao fim.
Na calha há um par de anos está sim um blog, mas não tenho tido a disponibilidade (e por vezes a vontade) para fazer uma coisa com pés e cabeça, que depois consiga alimentar amiúde. Mas é sempre uma possibilidade em aberto e, em termos de grande difusão, a mais plausível.
Para já, vou tentando dar este pequeno contributo para dinamizar o fórum. E faço-o com todo o gosto, já que para mim também é uma forma de ir registando as minhas boas memórias por estradas desertas e fascinantes!