Há uns dias que tenho esta duvida e ando para colocar neste espaço, não faço ideia se alguma vez arriscarei numa aventura destas mas se o fizer tenho uma duvida e gostava de perguntar aos mais experientes concretamente ao Valter ou ao André, nos eventos em que participaram certamente que havia alguém com DI2 ou EPS, muito provavelmente no PBP o Valter deve ter visto cubos Alfine com DI2, como o pessoal das longas distancias é por norma super precavido e cauteloso sabem me dizer se levam o carregador do DI2. Eu sei que a bateria dura para mais de 3000km mas nunca se sabe… alem de que há uma forma de a bateria se esvaziar muito facilmente que é com a bike parada tirar ou meter mudanças no desviador de trás e o desviador fica permanentemente em esforço e esgota muito rapidamente a bateria.
Outra coisa é que por mais que eu confie no sistema não sei se ia descansado para ir fazer 1000kms sem o carregador
A tua pergunta é muito boa, é uma discussão muito interessante e porque acho que não vai morrer em dois ou três respostas, demorei um pouco mais a responder, mas aqui vai a minha opinião:
Achei curioso perguntares isso, pois lembrei me de um video (de 2014 se não estou enganado) do Damon Peacock em que entrevistava um Sueco (?!?) num brevet em Inglaterra que levava uma quadro Ti, com Di2 e que teve imensos problemas com o DI2 e com o GARMIN em que quase lhe arruinava o brevet, em que no final da conversa lhe dizia mais ou menos isto: Depreendo que daqui para frente te vais tornar cliente da Campagnolo e da TomTom...
Da minha experiência como Randonneur seja na realização de brevets em diferentes comunidades como através de filmes, relatos, foruns e reportagens, normais pelo meu interesse pessoal sobre a modalidade, já vi um pouco de tudo, mas vamos pegar no PBP que sem dúvida é uma montra do mundo.
Eu acho que nos ultimos dois, três anos com o crescimento brutal de participantes em brevet's, levou a que houvesse uma mudança no que era usual ou normal para este tipo de jornadas, ou que se poderia considerar como tipico equipamento para um Randonneur, levando a uma maior sofisticação ou talvez uma abordagem diferente. A visão
simplista, conservadora relativamente aos Randonneurs não é de todo errada, embora eu gosto mais de substituir pelo termo fiabilidade e/ou praticidade, e nesse ponto de vista como é óbvio certas inovações que foram lançadas recentemente não terão qualquer uso nesta modalidade, nem esperaria de fosse de outra forma.
O equipamento vai sempre depender do ciclista e da abordagem que ele vai fazer ao brevet, se por um lado temos os conservadores em que qualquer coisa serve, desde que tenha pedais e não falhe, em contraponto temos um grupo que já foi pequeno mas que hoje em dia já tem alguma notoriedade, em que fazer em determinado tempo obriga a que as escolhas de material dependam disso.
Quanto ao primeiro grupo acho que não vale a pena estar a falar muito, são os conservadores, os puristas, aqueles que tem o "cavalo" deles á anos e nem sequer equacionam em mudar, geralmente bicicletas clássicas (geometrias e componentes) em que o mais importante é a fiabilidade.
No outro lado temos o pessoal mais inovador, uma nova leva de pessoas que passou a conhecer a comunidade recentemente (no qual me incluo) e está completamente viciada em mais, mais km, e ainda dentro deste grupo existem aqueles que querem mais kms em menos tempo, e para isso há que fazer concessões. Esse é o grupo em que uma CARRADICE não serve, tem de ser uma APIDURA, um suporte de panniers é impensável, primeiro o peso desnecessário acrescido da impossibilidade dos quadros sequer estarem aptos para esses suportes. Sejamos razoáveis, se fizeres um brevet de 600k em 25h ou menos também não precisas de levar muita coisa, certo?
Esse grupo geralmente equipa-se com muiiiito boas bicicletas que encontras em qualquer Grandfondo ou outro evento similar, e é aí que encontras os DI2 e similares, rodas de alto perfil, HED, MAVIC, ENVE, etc...luzes super sofisticadas, equipamentos (roupa) do melhor porque assim precisam de levar poucas reservas/mudas, resumindo é uma "raça" á parte. Depois existem todos os outros, tal como eu me incluo, em que cada tem o que pode ter, ou quer ter em alguns casos, material corrente, fiavel (em principio) mas sem grandes preocupações se devo ou não levar mais um casaco ou um par de meias só porque vai pesar mais, pessoas que só tem uma bicicleta e que tem de ser para tudo, seja um brevet de 600k como uma volta ao inicio do dia de 25/30k.
Quem está certo? Todos, cada um há sua maneira, é certo que pessoalmente e imagino que a grande maioria não se consegue imaginar a fazer um brevet numa bicicleta clássica com material de epoca, daí a minha escolha em material que de certa forma pode otimizar o meu andamento, mas que esteja bem provado.
Por isso e respondendo diretamente á tua pergunta, sim, vê-se muita gente com esse tipo de bicicletas, aqui em Portugal como somos uma meia dúzia não somos sequer referência, mas lá fora em outras comunidades é normalissimo; especificamente Alfine + DI2 desconheço por completo, e mesmo cubos internos não reparei que houvesse uma quantidade que me chamasse á atenção no PBP, mas também eram mais de 6000 bicicletas... os cubos de mudanças internas STURMEY-ARCHER/SRAM/ALFINE/NEXUS/ROLHOFF etc, uns mais, outros menos, sofrem de um problema que se chama fricção. Só posso falar dos NEXUS, STURMEY-ARCHER/SRAM que foram os que experimentei, e posso dizer te que se nota e bem, agora, é possivel viver com isso? Claro que sim, mas não vejo grande necessidade ou utilidade para este tipo de eventos. Esse tipo de mudanças são mais usados pelos verdadeiros cicloturistas em que aí sim a fiabilidade é muito importante, até porque hoje em dia no mercado a grande maioria do material sempre que prestada a devida atenção e respectivos cuidados aguenta-se muito bem.
Terminado, sim a grande maioria deste pessoal é precavido (material), e isso significa na realidade coisas muito simples e acessiveis a qualquer pessoa mesmo não participando num brevet seja que distancia for:
- Camara de ar (2) + remendos;
- Canivete Multi-funções
- Desmonta correntes + elos rápidos (2)
- Lubrificante para a corrente
- Cabo de travão e de mudanças; Não é tão fora do comum isso acontecer como pode parecer. Por duas vezes me arrebentaram os cabos, uma vez atrás no meu primeiro brevet de 600k e mais recentemente no noturno de 200k em Vila Franca
- Luvas descartáveis
- Ter o minimo de conhecimento de mecanica..por favor, hoje em dia quem se mete nisto tem de saber mais um bocado que o básico. Depois queixam-se que ninguem os ajudou, claro, vou estar a comprometer o MEU brevet por uma facilitismo de outro?
- Nas luzes traseiras usar as que usem pilhas CR32 (Bolacha) porque são fáceis de transportar, ou AA porque encontras em qq sitio á venda, ou levas contigo uma pack de casa.
- Á frente dinamo é a melhor opção, senão o que for melhor
- Luzes de reserva? sempre, nem que seja daquelas de LED's, mas sempre um jogo extra.
Para os maiores, aqueles grandes mesmo, para além do GPS levei um ciclocomputador tradicional e claro saber ler um road-book!
Como vês é simples!
Fernando
Olhe que não...olhe que não...Já dizia o Alvaro Cunhal.
Esse é um dos mitos relativamente ao Randonneurs. É claro que como em tudo existem os puristas, os extravagantes, os "normais", os inconformados! Basta ver nas fotos por exemplo do brevet do ano passado do Alto Minho para se perceber que existe de tudo, aço, carbono, titanio, novas, velhas, bicicletas de moda (marcas), até dobraveis vê lá tu! Diversidade é algo que naturalmente nos distingue, sem sombras de dúvida!
Cumps