Parece-me que as razões da desilusão do Froome se prendem com a ausência de um contra-relógio ao seu estilo do que com o pavé. Não será pela montanha porque a apontar ao Giro montanha é que não falta. Poderá eventualmente ter menos etapas mas o Giro é conhecimento por ter muita montanha. O pavé não será certamente.
Se os donos da Sky quiserem até no Polo Norte ele tem que correr.
O britânico Chris Froome, vencedor da Volta a França em 2013, ameaçou não correr na edição de 2015, cujo percurso foi apresentado esta quarta-feira, considerando que foi pensada para um escalador, com pouco contrarrelógio.
"O Tour do próximo ano é montanhoso e o contrarrelógio terá pouca importância, o que significa que se decidirá na alta montanha. Será uma prova dura e exigente", disse o ciclista britânico no seu site. Por isso mesmo, o ciclista da Sky, formação que esteve ausente da apresentação oficial do Tour 2015, afirmou que a equipa vai analisar o percurso das três provas grandes - Tour (França), Giro (Itália) e Vuelta (Espanha) -, antes de decidir qual delas vai correr.
Já Quintana diz ser bastante equilibrado e bom para as suas características
O ciclista colombiano Nairo Quintana (Movistar) acredita que o traçado da Volta a França de 2015, apresentado esta quarta-feira, se adequa às suas caraterísticas, "pelo menos no papel".
"Este Tour é bom para mim, pelo menos no papel. Poucos quilómetros de contrarrelógio, muita montanha, é um traçado que se adapta a mim. A única coisa que me inquieta são os troços de pavé, porque não podemos ganhar a prova aí, mas podemos perder", resumiu o segundo classificado e melhor jovem da edição de 2013.
Ausente da "Grande Boucle" deste ano, depois de ter conquistado a camisola rosa na Volta a Itália, Quintana assumiu que as oito chegadas em alto jogam a seu favor e que, apesar de não conhecer a planificação da próxima temporada, quer escolher as competições para estar a 100 por cento no Tour. "Não tenho receio do contrarrelógio por equipas. Já demonstrámos que conseguimos sair-nos bem", recordou Quintana.
O seu colega na Movistar Alejandro Valverde mostrou-se surpreso pela escassez de quilómetros de contrarrelógio e também pela menor quilometragem das etapas de montanha, considerando que o 102.º Tour se assemelha às anteriores edições da Volta a Espanha. "Já o disse muitas vezes: o meu lugar é no Tour, ainda mais quando o percurso favorece o Nairo. Penso que podemos fazer uma boa dupla", acrescentou o quarto classificado da edição da prova francesa deste ano.
O vice-campeão em título, o francês Jean-Christophe Péraud, preferiu afastar a pressão, dizendo que, apesar do Tour2015 ser próprio para trepadores, dificilmente repetirá o segundo lugar. "Parece-me complicado. Há corredores que vão estar, como o [Alberto] Contador, o [Chris] Froome, o Quintana, e o [Vincenzo] Nibali. Alcançar esse feito todos os anos é difícil. Está longe de estar ganho, mas é preciso estar na batalha", destacou.
Thibaut Pinot (FDJ.fr), terceiro em 2014, reconheceu que o percurso montanhoso pode ser benéfico para si. "É um traçado montanhoso, com um único contrarrelógio, de menos de 15 quilómetros. Para os trepadores é melhor ter um percurso sem um verdadeiro 'crono'. Eu já terei muito de fazer com duas etapas difíceis nos Pirenéus [Pierre-Saint-Martin e Plateau de Beille] e os Alpes, com a chegada ao Alpe d'Huez", disse o francês, citado pelo jornal L'Équipe.
"Considero-me um ciclista de grandes voltas, equilibradas. O Giro, com um longo contrarrelógio de 60 quilómetros e algumas chegadas difíceis em montanha, será muito equilibrado e adapta-se bem às minhas características", acrescentou.
Froome salientou que, se correr a prova italiana, apenas poderia disputar também a Vuelta. "No passado sempre me concentrei numa grande volta por temporada, mas pode ser uma boa oportunidade para mim tentar duas", indicou o ciclista, ressalvando, porém, que "ainda é cedo para tomar uma decisão". Tudo o que fizer, sublinhou, será em concertação com o resto da equipa.