Boa noite pessoal!
Este foi o meu segundo audace e estou a ficar viciado. Os treinos têm sido poucos mas os suficientes para entrar nesta aventura. O espírito dos audaces não é chegar na frente é chegar, cada um ao seu ritmo, mas a tendência é a malta juntar-se em grupetos com andamentos idênticos e ninguém quer ficar para trás. A minha preparação foram cerca de 1000 km desde Janeiro, 570 dos quais em Fevereiro e 136 no domingo dia 4 de Março com a volta por Barranco do Velho, Malhão, Almodôvar, Martim Longo...
Inscrevi-me já com a certeza que conseguia fazer os 138 km deste audace a pedalar. Levantei-me às 4:20 h para sair às 5 h para a estrada, evitando a Via do Infante que agora é só para a burguesia. Às 7:15 h cheguei à Loja TorradoBikes, tratei dos últimos retoques e fui comer qualquer coisa a uma pastelaria ao lado com mais uns amigos e quando demos por conta estava o pessoal a sair. Arrancamos atrás deles e rapidamente nos colámos à traseira do grande pelotão. As pulsações começaram a subir, as pernas a frio não respondiam e comecei a pensar logo ali ficar para trás, mas passados 5 ou 6 kms as coisas começaram a mudar e consegui entrar no ritmo (32 km na 1ª hora). Não sei quantos engrossavam o pelotão mas umas largas dezenas, todos grandes ciclistas. Grande comboio estrada fora. Infelizmente uma queda à saída de Alte deitou 2 colegas ao tapete e o comboio parou. Foi prestada a assistência devida, chegaram alguns carros de apoio e alguns colegas começaram a sair a conta gotas até que eu resolvi, mais um amigo, arrancar nas calmas para dar algum descanso às pernas, logo a seguir passou o comboio e não conseguimos apanhar boleia. Mais colegas ficaram atrás do comboio, organizámo-nos e conseguimos apanhar o comboio antes da subida do Barranco do Velho. Aí achei que já estava a abusar, o Carlos Franco abrandou e logo a seguir eu vários colegas fizemos o mesmo. Na descida para Querença, depois do 1º controle, juntou-se um grupo de 5 elementos aproveitando para descansarmos, comer e beber. Na descida da Pedreira a caminho de Boliqueime passámos o ponto do 2º controle de onde saia o pessoal que ia no tal comboio da frente, que nos avisaram do controle. Apenas eu e um colega voltamos atrás para carimbar e quando partimos estava a chegar outro grupo onde vinha o amigo Carlos Franco, pois ainda o ouvi gritar o meu nome. Fiquei só com um colega que também não conhecia o percurso nem tinha GPS. Entramos na N 125 andamos alguns kms e comecei a tirar as folhas do road book, fornecidas, mas não deu e tivemos que parar, quando retomámos marcha já o grupo do Carlos se aproximava e juntámo-nos a eles pois sabia que conheciam o percurso e não nos iriamos perder. Continuamos num andamento mais controlado mas a fatura dos abusos começou a aparecer faltando uns 15 km para o final, comi quase tudo que me restava, bebi e foi com algum sacrifício que fui acompanhando os restantes até final, chegando praticamente sem gasolina mas com a alma cheia de uma grande manhã de ciclismo. O meu ciclómetro marcou 139 km e 4:29 h a andar, média de 31 km/h. Fiquei satisfeito e surpreendido com a minha prestação! O corpo humano tem limites que nós desconhecemos...
Na minha opinião a organização podia ter feito como a Casa Abílio em Tavira sinalizando algumas mudanças de direção e 2 ou 3 elementos de mota a acompanhar os ciclistas.
Outra questão é o acompanhamento de uma ambulância, pois o colega que caiu e teve de ir para o hospital constou-me que esperou muito tempo pela ambulância.
Muito obrigado a todos os companheiros que participaram nesta festa de ciclismo amador!
As melhoras ao colega acidentado!