Infelizmente isto é um pau de dois bicos.
Se não se atende aos doentes COVID começam a morrer a torto e a direito. Se se atende aos doentes de COVID estes são tantos que causam o "colapso" de um SNS já colapso há muitos anos.
Mas não tem sentido colocar em causa 75% de mortes, apenas para focar todos os recursos disponíveis para proteger 25%.
Parece-me que é aqui que o pessoal que apenas vê covid, sem olhar para a saúde pública como um todo.
75% > 25%
Não é 75% vs 25%. Dos 75% muitas são mortes "normais".
No entanto, e isto é a minha humilde perceção, parece que quem nos governa e os media se estão, desculpem a expressão, a cagar para o excesso de mortes não COVID. Ligo a TV e não faltam noticias e políticos a falar que morreram x pessoas por causa da covid. E falar dos que morreram porque não tiveram assistência, dos que ficarão com sequelas para a vida porque não tiveram acompanhamento?
Depois temos a irresponsabilidade que se vê por parte da população, mas depois são os primeiros a culpar tudo e todos.
Andamos há 10 meses nesta vida e em 10 meses pelos vistos não se aprendeu nada. Falam em fazer uma requisição civil aos privados. Porque é que não puseram os privados a dar resposta a muitas cirurgias e consultas que foram canceladas no publico? É só uma ideia.
Há um mês tive a oportunidade de entrar na Unidade de Esterilização do Hospital de Santo António. Tal não foi o meu espanto quando reparo que num hospital daquele tamanho havia UM único kit de cirurgia a ser esterilizado. Bancadas completamente vazias porque o hospital praticamente parou de fazer cirurgias não urgentes.
Mais uma vez digo, isto não é um caso de A ou B. É preciso encontrar um equilíbrio embora a COVID tenha tendência a prejudicar muito esse equilíbrio devido à velocidade de propagação da doença. No entanto, continuar a fechar os olhos a todos os outros doentes não me parece ser a melhor solução.
E já agora, em relação aos profissionais de saude, é bom ver o governo a implorar por enfermeiros, por exemplo, mas depois dão-lhes contratos de meia dúzia de meses ou menos e no fim "vai com o c....." que ja nao precisamos de ti. É bom ver o reconhecimento que se dá. a essa classe. Enfim nada de estranho neste pais.