Cumpridos que estão os dois primeiros testes ao Bashô, em dois contextos e com duas bicicletas diferentes, acho que já posso deixar algum feedback sobre o mesmo, principalmente pela utilidade que pode ter para potenciais interessados em algo semelhante.
O
primeiro teste real, que é como quem diz na estrada, foi feito com a Colnago e para uma volta que rondou os 140 kms sem grandes subidas pelo meio. Não era propriamente uma volta que exigisse levar muita carga, mas aquela que eu pretendia levar não cabia nos bolsos e na pequena bolsa de selim. Logo aqui surgiu uma mais valia deste saco, o facto de permitir ajustar o seu tamanho à carga que transportamos, bastando para isso enrolar a parte do saco que não está a ser utilizada e ajustar com uma fita de nylon...processo rápido e simples.
Ora, como o céu ameaçava chuva, no saco coloquei um impermeável, um jersey, os manguitos e alguma comida (banana, nougat, barra de cereais...), isto no compartimento "principal". Na pequena bolsa na parte superior do saco coloquei uma mini bomba, uma câmara de ar, dois sacas, duas pilhas, multiferramentas, algum dinheiro e a máquina fotográfica. Com isto, a primeira grande diferença (ou deverei dizer alívio?) sentiu-se nos bolsos do jersey, nos quais levava apenas o telemóvel. Pode parecer um pormenor, mas acreditem que senti-me muito mais "leve" ao andar com os bolsos praticamente vazios e acessíveis. A bicicleta tinha mais peso em cima? Ok, antes ela que eu!
O saco foi a menos de metade da sua capacidade total, mas já me permitiu uma liberdade de movimentos e, principalmente, de pensamentos incomparavelmente maior à que estava habituado. Senti a liberdade de poder levar o que realmente me faz falta sem sobrecarregar as costas e senti a liberdade de, se pelo caminho surgir algo que pretendo trazer comigo, o possa igualmente fazer. Agradou-me esta sentido de liberdade e de funcionalidade. E, mais uma vez reforço, a meia carga o saco vai encolhido, diminuindo o impacto visual e à própria estabilidade da bicicleta.
Ora, já que falamos de estabilidade, este era dos pontos que mais dúvidas me suscitava. Será que o saco iria balancear muito? Será que iria sentir em demasia o seu peso? Quanto ao peso, ele está lá e não há como evitá-lo. Mas quando o objectivo é pedalar sem correrias, pouco importa e pouco se nota. Nas poucas subidas que fiz não notei nada de especial, foram feitas com a habitual naturalidade e calma com que as faço sempre. Notei sim uma maior influência do vento lateral, sendo que rajadas mais fortes são capaz de nos abanar um pouco...mas isso já seria expectável. Quanto ao balancear, só é perceptível se pedalarmos em pé e oscilarmos muito a traseira da bicicleta. O Contador ou o Voeckler eram capaz de se dar mal com isto preso ao selim...no meu caso, não me aflige.
Outra questão que estava a deixar-me mais reticente era o roçar das pernas no saco durante a pedalada. Ok, isso acontece! Mas eu não chamaria roçar, pois não causa qualquer fricção, mas sim um ligeiro tocar. A parte de trás da virilha toca levemente no saco durante a pedalada, mas não causa incómodo de maior. Poderá irritar quem for mais picuínhas com essa questão.
Mas como as críticas devem ser isso mesmo, uma análise crítica e imparcial sobre algo, isto não são só maravilhas. A primeira crítica a apontar prende-se com a banda que aperta no espigão de selim. Na minha opinião, aperta muito em baixo e não confere o aperto desejado. Em espigões com maior diâmetro poderá funcionar melhor. Remediei a questão subindo esta banda de aperto até à zona dos carris do selim e assim fixando o saco mais em cima. Fica melhor, mas terei de pensar em algo mais definitivo para colmatar esta falha.
Outra questão que pode deixar algumas reticências, mas neste caso pouco há a fazer, é a questão de não ser o saco mais prático do mundo quando queremos encontrar alguma coisa lá dentro. O saco desenvolve-se em profundidade e, quando a meia carga, estreia a meio, o que obriga a tirar tralha para fora e, em alguns casos, desapertar as fitas que o prendem ao selim. Já sabia que assim seria, mas é algo que pode influenciar a opção por este tipo de sacos.
O
segundo teste ao saco foi feito ontem, desta vez na bicicleta de BTT e com um propósito diferente, ou seja, o de servir de bagagem até um certo ponto, não me acompanhando em toda a volta. Ou seja, meti no saco uns chinelos, umas sapatilhas, uma t-shirt, uma toalha de micro fibra, gel de banho, ferramentas, máquina fotográfica, câmara de ar para 29er, bomba, alguma comida, pilhas, manguitos, boné e mais umas miudezas. Pedalei 25 kms com o saco até ao ponto de encontro para a volta, tirei o saco, fiz a volta mais leve, terminei a volta, tomei o banho, vesti a roupa "civil", almocei, voltei a montar o saco e mais 25 kms para casa.
Uma vez mais, destaco a liberdade e a autonomia que isto me confere, quer em voltas longas em que segue sempre conosco, quer nestas situações. Constatei igualmente que encaixa melhor na bicicleta de BTT do que na de estrada. O espigão, sendo mais largo, confere melhor aperto da fita de velcro, a bicicleta sendo mais pesada não se ressente tanto do peso extra na traseira, este fica distribuído de forma mais uniforme e, julgo que pelo saco ir a 75% da sua carga, o que o faz ficar mais esticado, as pernas deixam de tocar no saco.
Quanto a qualidade dos materiais, nada a apontar, mas ainda é prematuro para esta conclusões.
Posto isto, ganha-se versatilidade e liberdade...perde-se no peso extra e no apêndice que poderá interferir na estabilidade da bicicleta e no "conforto" do ciclista. Cabe a cada um pesar os prós e os contras. Eu gostei e estou convencido! Um verdadeiro upgrade para a bicicleta e para o ciclista