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As voltas do Indy & Cia

Nuno Félix

Active Member
Muito mérito, Indy & C.ª!

Relatos excelentes e fotos ainda melhores.

Haja coragem, pernas e traseiro para essas incursões!

;)
 

xavibike

Member
Ei-lo de volta indy no seu melhor nível nas voltas a solo pelo interior e aos seus relatos excelentes.

Ainda há pouco tempo atras dizias ter de passar o legado para os mais jovens, e sai um relato assim impressionante a "concorrência" vai ter de apresentar novos percursos e relatos com esta qualidade.

Indy parabens pela boa narrativa que parece em 3D, até parece ser eu que estou a fazer a volta.

Força ai.
 

indy

Active Member
Há umas semanas fui trabalhar para as bandas do Monte da Franqueira (Barcelos) e ocorreu-me que apenas lá tinha ido algumas vezes de BTT, nunca de roda fina. E de minha casa lá até nem são muitos kms. Uns 25 talvez...

Como ir e vir pelo trajecto mais evidente não tinha piada nenhuma, comecei a desenhar um percurso que depois regressasse pela "scenic route" e quando finalmente considerei o plano como satisfatório a coisa apontava para os 240km. Perfeito!

Ficou na gaveta durante umas semanas à espera da minha disponibilidade, pois uma distância daquelas, no tipo de relevo que se adivinhava, exigia um dia grande disponível para pedalar. E também à espera da disponibilidade dum parvo que me quisesse acompanhar.

Entretanto nos treinos ao final do dia já se iam notando os dias mais curtos, o parvo do costume não andava pelas redondezas, nem conhecia outros dispostos a alinhar nestas coisas. E o Sábado que se aproximava prometia temperaturas agradáveis pelo que resolvi que iria avançar a solo.

Lá consegui começar a pedalar cedo, o que pelos meus padrões foi pouco depois das 8:00, pois começar como outros às 3:15 parece-me ainda uma realidade para além dos filmes de ficção científica.

Ah, quase me esquecia dum pormenor: nas vésperas tinha estado a analisar de novo o percurso e achei que se acrescentasse mais um "pequeno" desvio, além de ir testar uma estrada de que gostava muito, também acrescentaria mais uma bossa ao perfil, para o embelezar.

Mas esse desvio iria necessitar de mais tempo disponível. Por isso, realizá-lo ou não, iria depender da hora de chegada a um determinado ponto. E foi com isto em mente que poucos kms depois de começar a pedalar decidi que a Franqueira, a pequena borbulha que tinha servido de pretexto para este projecto, não merecia que se despendessem mais umas dezenas de minutos e alguns Joules de energia que poderiam ser melhor aproveitados para uma causa superior. Assim, depois de passar Viatodos, mantive a proa a Barcelos, ignorando a Franqueira a bombordo.

A estrada entre Barcelos e a Seara era praticamente desconhecida para mim (tinha lá passado uma vez de carro...) e uma das minhas curiosidades. A certa altura é cruzada pelos caminhos de Santiago e naquele dia havia muitos peregrinos a percorrê-lo. A manhã estava muito agradável e vê-los embrenharem-se nas veredas verdejantes até provocou por momentos em mim, que estou longe de ser um apreciador do Camiño, uma vontade de o percorrer. Algumas rectas não muito habituais nas estradas minhotas levaram-me até ao sopé da Nora e recordei mais bons momentos passados na BTT. Na sede da Seara Trilhos é que não havia vivalma nem sinais do "Vanderjeep" pelo que segui parando apenas um pouco mais à frente, já em Ponte de Lima, para tirar uma foto ao rio homónimo.

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Existem várias estradas (ou combinações delas) para fazer a ligação entre Ponte de Lima e Paredes de Coura. A minha opção era a que me levaria dali até Romarigães flectindo depois à direita para Coura. Subida longa mas suave, estrada larga mas com pouco trânsito. Logo nos primeiros kms avistei um outro ciclista na beira da estrada, aparentemente com problemas musculares mas dispensando a minha oferta de ajuda. Continuei e lá completei a subida num ritmo moderado e constante, atingindo o seu cume no mesmo local onde há uns tempos tinha passado durante o GO120.

Uns kms à frente uma tabuleta indicava a "Casa Grande de Romarigães". Confesso que não li a obra mas o ter encontrado o local deixou-me curioso e entretive-me durante algum tempo a tentar recordar quem tinha sido o seu autor. Parei à entrada dum caminho que dava acesso aquilo que parecia em tempos ter sido uma escola primária. No pátio tomado pelas silvas ainda resistia uma velha macieira, carregadinha daquelas maçãs pequenas e vermelhas, por vezes um pouco ácidas, que tanto aprecio. Infelizmente não estava com a indumentária e, sobretudo, o calçado mais apropriado para avançar sobre o matagal pelo que me satisfiz a imaginar tempos mais felizes em que crianças ocupavam o pátio com os seus gritos e brincadeiras, eventualmente trepando lá acima para colher um fruto. O meu pensamento foi mais longe e imaginei que essas crianças até poderiam ser personagens do livro, mas o edifício provavelmente seria posterior. Mais tarde, em casa, constatei que tinha sido Aquilino Ribeiro. A ler um dia destes.

Virei então para Coura. Este troço já conhecia duma incursão no Verão do ano passado. Lá fui pedalando pela estrada sossegada ladeada por campos verdejantes que me obrigaram a uma pequena pausa para mais uma foto. Pouco tempo depois estava em Paredes de Coura.

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Parei no centro para comer qualquer coisa. Com agrado constatei que ainda não era meio-dia pelo que estava dentro do "timing" que, a continuar assim, me ia permitir aventurar mais um pouco. Ignorar a Franqueira tinha-se revelado uma opção acertada.

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Próximo motivo de interesse (e de curiosidade) era a ligação de Paredes de Coura ao Extremo. Pelo caminho ia apreciando as placas com indicações de nomes de locais: Angústias (!!), Meca (então é para aqui que os muçulmanos se viram?) e... Ecce Homo? Mas isso não é o nome da pintura que a cota ajavardou?

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Localizar o Extremo é fácil, basta seguir a estrada que liga Arcos de Valdevez a Monção. Sensivelmente a meio caminho existe um topo onde fica a localidade de Extremo. Mas quem se aproxima vindo de Paredes de Coura vem ainda duma cota mais elevada pelo que faz a aproximação através duma descida que proporciona uma bela panorâmica do vale do Rio Vez e da imponente Serra da Peneda do lado oposto.

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Depois do referido Extremo a longa descida até aos Arcos revelou-se um pouco monótona e desinteressante. Constatei apenas mais uma vez, e com agrado, a quantidade de fontes que existem na beira da estrada e que tanto jeito deram quando a percorremos em sentido ascendente naquele dia quente de S. João do ano passado, durante o P300.

E pronto, estava nos Arcos e ainda com muito dia disponível para pedalar. Sendo assim podia acrescentar mais uns "pozinhos" ao meu plano inicial, que era dirigir-me dali até Ponte da Barca e de seguida até Entre-ambos-os-rios. Ia fazer um desvio pelo Soajo. Isso implicaria uns bons kms extra e a subida até ao Mezio, seguindo-se depois a vertiginosa descida até ao Lima.

Nunca tinha efectuado de bicicleta a subida dos Arcos ao Mezio mas estava a adorar. A temperatura tinha subido e estimulava o odor a pinheiro quente que a alguns incomoda mas que a mim agrada. Ia num ritmo certo e calmo que não me apetecia interromper pelo que ao passar a Cabana Maior nem liguei ao meu cunhado, que por ali costuma estar aos fins-de-semana.

O Mezio é um lugar de grande beleza mas desta vez nem abrandei e lancei-me logo descida abaixo. Na beira da estrada uma autocaravana estacionada e no extremo dum penhasco um jovem casal contemplava a imponência da paisagem e o ciclista que serpenteava a grande velocidade pela encosta. Paragem no Soajo para o 2º reabastecimento, por sinal no mesmo café onde havíamos parado há 8 anos durante a Travessia do Dragão. Desta vez o pátio estava mais animado mas não houve ninguém para me dar uma lição de história sobre o local.

O troço final de descida até ao Lima era ainda mais íngreme. Era a segunda vez que o percorria e, tal como em 2004, agradeci por não o estar a percorrer em sentido contrário.

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Depois de atravessr a pequena ponte para a outra margem o piso transformava-se numa calçada agreste e inclinada onde alguma erva, caruma dos pinheiros e combinações peculiares de luz e sombra davam um tempero colorido, mais alegre que o habitual monocromático do granito. Apenas uma paragem para fotografar a velha central hidroeléctrica e lá completei as restantes centenas de metros de subida até Paradamonte e à N103, estrada larga e de excelente piso mas também com pouco trânsito. Lá fui apreciando a grande beleza do Lima à minha direita, que corre imponente naquela região, e assim rapidamente cheguei a Entre-ambos-os-rios.

Ora bem, agora sabia bem o que me esperava. Nada mais, nada menos que 13kms de subida desgastante até ao alto de Germil. Na anterior tentativa, há uns anos, ela tinha levado a melhor, obrigando-me a várias pausas e até a caminhar algumas dezenas de metros. Mas agora a história ia ser diferente. Estava melhor preparado fisicamente e o empenante 39-25 tinha sido substituído por um mais razoável 34-26.

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E as coisas correram como planeado. Iniciei a subida e só parei lá em cima, 58 minutos depois. Bem dizia um habitante local para a esposa, que seguiam a pé com algumas ovelhas e por quem passei no início da ascensão "Aquele vai com mais vontade que eu". E ia. Ao passar na aldeia de Germil sabia que estava perto do topo mas que ainda faltavam aquelas que seriam talvez as duas rampas mais inclinadas da subida. Mas, abrindo mais ou menos a boca, esticando mais ou menos a língua para fora, também estas derradeiras foram ultrapassadas.

Podia afirmar que o pior estava feito mas ainda havia alguns topos para passar, se bem que o que se destacasse nessa fase do percurso fossem as descidas de Brufe para Vilarinho das Furnas e, mais à frente, a longa descida de Covide para Rio Caldo.

Mas ainda havia uma dificuldade digna de registo: a subida às Cerdeirinhas. São 5km sem dificuldade exagerada mas com os quais não tenho sorte. Sempre que lá chego já levo um belo acumulado nas pernas e depois auilo parece que tem o dobro da distância e da inclinação. Já prometi a mim mesmo que um dia vou só até ao S. Bento e volto para poder desfrutar da subida com apenas 60km nas pernas. Mas já sei que não vou cumprir...

E pronto, até casa foi a história do costume: Póvoa de Lanhoso, Taipas... Apenas a certa altura comecei a teimar que queria terminar com uns "redondos" 250km e então comecei a inventar formas de esticar o percurso. Afinal até nem estava muito cansado e ainda tinha tempo disponível. E foi graças a essas voltas e reviravoltas na aproximação a casa que acabei por me cruzar com um ciclista apeado devido a furo. Emprestei-lhe desmontas e uma câmara e fiquei ali sentado na beira do muro, na treta enquanto ele resolvia o problema. Despedimo-nos com ele a prometer que me devolvia a câmara (o que cumpriu entretanto) e lá fui eu através de mais uns desvios cumprir os 6km que me faltavam.

Gaita, já estou ansioso pelo próximo.

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ivan

New Member
BRAVO!!!!! este homem atacou o estremo pelo lado de Paredes de Coura, nao é para qualquer um muitos pseudo cicilistas tremem so de ouvir falar no trajecto, alem do trajecto depois escolhido apos o Estremo.
Força nas pernas e continuaçao de voltas como esta
 
Muito belo relato Pedro, parabéns por tudo!

Espero para o ano, para fazer contraste ao de 2012, copiar bons e valentes klm's de empeno sugeridos por ti....

É sempre um gosto lêr o que escreves.

Abraço
 

indy

Active Member
Sim, devia ser eu.
Através dum comentário do Daniel descobri no Face o relato da vossa volta e por aí também deduzi que fossem vossas as bicicletas que estavam paradas na pastelaria da Raimonda ;)
 
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Em Cabeceiras mais uma decisão: qual das estradas sair em direcção a Fafe? Pela N311 ou pela sua variante, a EM524-1. Esta última, com as suas rampas finais "assassinas", era um desafio que já há algum tempo eu e o Tico tínhamos curiosidade em enfrentar. E enfrentámos. E todos chegámos lá acima com mais uma no rol.


Sim senhor Cabeceiras de Basto é grande terra...
 

indy

Active Member
Ultimamente a vontade de relatar por escrito as voltas de bicicleta não tem sido muita. Talvez porque nos últimos tempo me tenho virado mais para a bicicleta de estrada e, apesar dos belos percursos que tenho feito, não achar que haja nada digno de relatar. Mas há. Na verdade o que tenho é preguiça. Vou então fazer um esforço porque este foi especial.

Um PIF é um "Passeio Informal do FórumCiclismo". Já se realizaram vários, em várias regiões. Este iria partir e chegar a Cinfães, bem na encosta da Serra do Montemuro. O trajecto seria da autoria do André, na sequência dum desafio lançado pelo Daniel. O mesmo Daniel que me tinha resgatado de casa às 7:30 para me dar boleia até Cinfães.

Estive para lhe enviar um SMS bem cedo a dizer que não contasse comigo. Bem me ia custar, que não gosto de falhar compromissos. A verdade é que, apesar de não ser meu hábito, tinha abusado um pouco num alegre jantar de família na noite anterior, onde o prato principal tinham sido favas devidamente regadas. Acordei a meio da noite, desconfortável. Julgo que até me doía a cabeça e tinha muita sede. Desesperado, fui à cozinha, peguei numa garrafa de bebida isotónica que tinha preparada para o dia seguinte e bebi-a quase dum trago. Voltei para a cama e comecei a transpirar abundantemente. Coloquei o despertador para as 6:00, 1:30 antes do combinado. Queria ter a certeza de que teria tempo suficiente para restabelecer as funções básicas do corpo antes que aparecesse o Daniel.

Tomei o primeiro pequeno almoço do dia com muita calma (havia de tomar outro mais tarde, já em Cinfães) e por ali fiquei ensonado à espera. O meu transporte foi pontual e recebido com alegria pelo Mestre, o cão cá da casa. A manhã estava agradável, ainda que um pouco ventosa. Tenho na memória que a viagem foi agradável mas não retenho pormenores do(s) assunto(s) de conversa.

Depois do tal segundo pequeno almoço lá nos dirigimos ao local de encontro. 9:00, o pessoal foi pontual. Não tinha dado grande atenção aos pormenores da convocatória e por isso não sabia quem tinha confirmado a sua presença. Eram poucos, estava a contar com mais. Um deles dirigiu-se a mim pelo nome de guerra como se fôssemos velhos conhecidos. "Desculpa... mas quem és tu?", perguntei. Afinal era o Fogueteiro. E eu que o imaginava como um tipo com 1m90, muito magro e moreno. Afinal era um ser de estatura perfeitamente normal e tom de pele igual ao de 95% dos portugueses (e pronto, agora, depois desta descrição, vai haver um monte de leitores desta crónica que não o conhecem a imaginá-lo parecido com o Zézé Camarinha...). Enfim, mistérios da nossa mente...

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Alguns (Zé Nuno e Filipe) já vinham com as funcionalidades motoras bem despertas depois de 20km de descida já em bicicleta desde as Portas de Montemuro, onde tinham deixado o carro. No meu caso, que ainda só tinha acordado há 3 horas, a motricidade ainda estava um pouco presa para os 5km iniciais feitos sempre em descida. Mas a subida que se iniciou logo que passámos o Bestança havia de, aos poucos, começar a aquecer o corpo.

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Estrada estreita e bonita, pelo meio das aldeias. Tirando alguma palhaçada do suspeito do costume, nada de especial para contar nesta secção. Mas com o passar dos kms começou a parecer-me familiar a paisagem. Eu já tinha andado por ali! (ver aqui) A memória começou a funcionar. Para a esquerda havia um vale profundo e em frente, se bem me lembrava, a estrada não seguia. Só havia uma alternativa: à esquerda, para cima, em direcção à Gralheira. E assim se confirmou. Enquanto subia e reconhecendo à direita e à esquerda da estrada os montes e trilhos por onde já tinha pedalado. Tinha uma vaga ideia duma zanga entre o Tico e o Óscar e uma queda do Major... Lá para as bandas de Campo Benfeito vangloriava-me de uma das fotos que dava a conhecer o lugar no Google Earth ser da minha autoria.

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Lá chegámos ao primeiro dos três topos que haviam de caracterizar o gráfico de altimetria do percurso. Um cruzamento de várias estradas que se dirigiam para localidades que não se viam no horizonte. O André, o nosso guia, apontou-nos uma delas. Admito que não foi muito do meu agrado. Uma longa descida de inclinação bem acentuada e piso rugoso. Queria gravar o percurso e o GPS, com alguma folga nas pilhas, ia constantemente a desligar-se com a vibração. Além disso tinha-me desleixado com a afinação dos travões e pelo meu cérebro passavam imagens de várias coisas que podiam correr mal. Enfim, sou um cagarolas. Também gosto de descidas rápidas mas daquelas em que temos de pedalar. Despenhamentos controlados não é muito a minha onda.

E estávamos em Resende, localidade que nunca tinha visitado. Parámos num café/padaria e aproveitei para regular os afinadores dos travões e tentar eliminar a folga das pilhas. Não havia muita escolha para comer e, talvez por isso, a paragem também não foi demorada.

Regressámos à estrada e às subidas. Formaram-se de imediato dois grupos. Acelerei um pouco e passei para o da frente, cujo ritmo me agradava mais. Aquele início de subida fazia-me lembrar a Assunção. Mas foi de pouca dura. De repente a inclinação disparou. Ao princípio tive esperança que fosse apenas uma rampa mas logo compreendi que aquela ia ser a verdadeira subida que me aguardava. Sem força nem coragem para os tentar acompanhar, tomei a sensata decisão de procurar o meu ritmo e deixar que os meus três companheiros (Filipe, Zé Nuno e Daniel) fossem embora aos poucos.

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Não sei quanto tempo nem quantos kms durou aquilo. Estava resignado, o caminho era para cima e era para aí que tinha de ir. De vez em quando olhava para trás à espera que alguém vindo de trás se juntasse mas não via ninguém. Aos poucos a coisa lá suavizou e comecei de novo a avistar os da frente, que tinham refreado o ritmo à minha espera. Alguns kms de tréguas que até deram para conversar mas o Filipe e o Zé já iam contando barbaridades sobre os derradeiros 2km da subida. Que realmente eram duros mas nada que não se faça. No topo (Alto de S. Cristovão) tivemos de aguardar algum tempo pelo restante pessoal que foi chegando aos poucos. Tempo para mais alguma galhofa e bastantes fotos.

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Depois de alguns kms no planalto, voltámos a descer. Mais uma vez o piso nem sempre era o melhor e o GPS lá se ia queixando. Parámos na rotunda duma vila qualquer. "Onde estamos?", perguntei. "Castro d'Aire", foi a resposta. Continuámos a descer. Estava a reconhecer a estrada. Em tempos, num regresso em trabalho de Viseu vindo pela N2, cheguei a Castro d'Aire e apontei aquela estrada. Tinha curiosidade em reconhecer o caminho dali até Arouca. Mas, vendo como se embrenhava no vale, voltei para trás ao fim de 2km e continuei na N2. Na altura achei que ia andar por ali demasiado tempo perdido e demoraria muito a chegar a casa. E agora estava a enfiar-me no mesmo buraco... de bicicleta. Irónico.

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Sintomático de que algo de especial estaria para acontecer era nenhum dos presentes conhecedores da região estar a perceber qual a ideia do guia em trazer-nos para ali. "A não ser...", disse a certa altura o Filipe, "...que seja para subir Sobradinho!". "Como é?", perguntei-lhe. "Pior do que devia!", foi a resposta.

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E era mesmo por lá. Mesmo sem grande interesse fotográfico não pude deixar de registar o início da subida. Depois... bom, depois foram uns 3kms de autêntica parede. Além da inclinação, o calor também se fazia sentir e o pessoal, ziguezagueando subida acima, lá ia procurando alguma sombra na berma. Levava a jersey aberta e os braços encharcados em suor. Passei pelo Fogueteiro que resmungava sabe-se lá com quem ou com o quê. O Gil, uns metros à frente, tentava animá-lo "Aqui já acalma...". Tratava-se dum eufemismo, acalmava talvez dos 15% para os 10%...

Apesar de tudo estava a adorar. Quando conseguia olhava para trás e constatava que ainda há uns minutos estávamos tão lá no fundo. E ainda havia tanto para subir. Que sorte a do pessoal daquela região em ter ali à mão de semear para escalar verdadeiras montanhas, comparadas com as nossas pequenas colinas lá do burgo onde moramos. Cansado mas com um sorriso de orelha a orelha juntei-me de novo aos três habituais da frente que tinham parado para aguardar em Cetos, agora que a escalada estava mais civilizada. Subimos mais um pouco mas acabámos por esperar para reagrupar todo o grupo uns kms mais à frente.

Estávamos agora perto da Faifa. Os conhecedores diziam que já não faltavam muitos kms para terminar a subida. A certa altura começamos a deparar-nos com dezenas de carros estacionados na beira da estrada e alguma animação mais à frente. Olha... às tantas é pessoal para nos ver na contagem de montanha. Afinal não, tratava-se duma espécie de feira ou arraial no meio da encosta, com comida, bebida e lutas de bois.

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Alguns aproveitaram para se abastecer enquanto o Daniel se entretinha a promover o nosso evento junto do encarregado pela animação sonora do recinto. E foi nessa paragem que me aconteceu o momento de fraqueza do dia. De repente, sem que nada me fizesse suspeitar, comecei a sentir as forças a irem embora. Decerto provocado pela paragem. As Portas de Montemuro já estavam à vista, uns kms acima, e avisei o pessoal de que iria indo nas calmas, que entretanto me apanhariam. E lá fui. Mas, julgo eu, que naquela altura devia inspirar dó a quem se cruzasse comigo. Aquilo não era pedalar, era sobreviver. Entretanto o Daniel, vindo de trás, juntou-se mas também ele dizia já estar a necessitar de subsídio.

Quando chegámos à estrada nacional a inclinação amainou e permitiu ao organismo recuperar aos poucos a sua vitalidade. Segundo o André, as estradas nacionais, devido aos camiões, nunca podem ultrapassar os 8% de inclinação. É por isso que ele prefere as municipais, que não têm essas limitações... Já com o Filipe ao nosso lado ainda ensaiei um sprint para as Portas que se esgotou em 100m quando ainda faltavam 300.

Tempo apenas para a foto de família e ala que se faz tarde para Cinfães, que nos aguardavam agora 20km de descida em bom piso. Juntámo-nos eu, o Daniel e o Filipe, trabalhando à vez estrada abaixo. O Zé Nuno ainda por lá apareceu mas depois deixou-se ficar. O Filipe também levantou o pé às portas de Cinfães. Diz ele que teve um furo, dizemos nós que não teve pedal.

Perguntará o leitor atento que diabo foi o Filipe fazer a Cinfães se, no início deste texto, tínhamos dito que o carro dele estava lá em cima, nas Portas. Simples: foi buscar o casaco. E o Zé Nuno, o parvo de serviço, foi com ele.

Falta ainda falar duma personagem, o Mikka. Tinha vindo com o Pedro Lobo mas, devido a afazeres profissionais complicados nas últimas semanas, a sua forma, senão a física, pelo menos a mental, estava muito lá por baixo. Assim logo aos 20km abandonou a alcateia e foi dar uma volta sozinho acabando por aguardar pacientemente ao longo do dia pelo nosso regresso onde vinha o Pedro, a sua boleia de volta a casa.

Quanto a mim e ao Daniel, despedimo-nos do resto do pessoal, metemo-nos no carro e regressámos a casa pelo mesmo caminho, recordando os acontecimentos do dia. Ainda parámos para comprar umas caixas de cerejas de Resende, na esperança que isso pudesse acalmar a fúria das nossas companheiras pelas horas impróprias de regresso. No dia seguinte vi caixas semelhantes à venda numa rotunda de Gondomar.

Restantes fotos, aqui
 
Percebes agora com esse tipo de relato o porquê de eu gostar tanto de ler as tuas escrituras?!

Parabéns Pedro, está impecável.

Tens sido um bom parceiro para este tipo de voltas e se não me engano o verão ainda está a começar...
Temos um andamento muito semelhante apesar da diferença de idades e gostamos pouco de parar. Também temos um psicológico forte e talvez por isso não nos tenhamos deixado intimidar por ameaças de estradas que nunca mais acabam vindas de uns artistas de Viseu... Só queremos é saber onde esperar por eles!! Bahhhhhh :D :D

Esqueci-me de referir a tal proclamação que o senhor da festa fez para nós!! Eu estou mal aproveitado de certeza... Big Brother comigo!
 

indy

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Já que na semana passada não escrevi nada sobre a nossa incursão por terras galegas, o que tanto entristeceu o Daniel, vou agora fazer um esforço para comentar esta incursão pelas terras de Basto e arredores.

Há pessoas que lhe chamam percurso, outras chamam-lhe volta, há até quem vá treinar. O Daniel chama-lhe empreitada “Tenho aqui uma empreitada para Sábado!”. Parece que nos está a convidar para encher uma placa ou para ir vindimar. Ainda por cima diz aquilo com aquele sotaque destravado de Lordelo, o que me diverte sempre… ou talvez nem seja sotaque, afinal esta semana circulava por aí uma daquelas notícias sensacionalistas sobre uma tipa que tinha ficado a falar com sotaque francês depois dum atropelamento de que foi vítima lhe ter afectado o cérebro. Sabe-se lá o que empeno atrás de empeno não fez já ao cérebro do tipo…

Ora bem, ele queria uma empreitada para subir a Campanhó e ao Viso. Seria fastidioso estar aqui a descrever a negociação que levou ao projecto final mas ao fim de muita troca de mensagem lá se arranjou um percurso que cumpria aqueles dois pontos do caderno de encargos. Primeiro iríamos a Campanhó, no fim iríamos ao Viso. Pelo meio haveria uma escalada ao Alvão da minha autoria e que me iria satisfazer a curiosidade quanto a algumas estradas e seria também a novidade que valorizaria o esforço para levantar cedo.

Mais uma vez iríamos ter a companhia do Jeferson. Ou Brasa, se preferirem, como o Daniel tanto gosta de o tratar (com a mesma pronúncia que utiliza para “empreitada”). Como Brasileiro que é, tem o seu quê de malandro, quase vigarista. Faz-se de vítima, diz que está velho, protege-se. No fim, quando apanha uma vítima distraída, não hesita em aplicar a estocada. E depois insulta toda a gente com um vernáculo capaz de fazer corar um minhoto. Ainda não consegui perceber se aquela linguagem é normal no Brasil ou se ele é que pensa que é normal aqui.

Podíamos ter sido um quarteto mas um mal entendido que me levou a pensar que o Tico não estaria disponível este fim-de-semana acabou por fazer que não fosse convidado. Quando nos apercebemos já era tarde e ele já tinha outros planos. Fiquei bastante chateado pois o erro foi meu mas já não havia nada a fazer.

O ponto de encontro foi estabelecido junto à Mumadona, em Guimarães, pelas 8:30. Saí de casa às 8:00 e demorei cerca de 40min a fazer os 15km até lá. Os meus companheiros, intolerantes a atrasos, censuraram-me com o olhar. Que se lixe. Para já não estava disposto a acelerar o ritmo, queria conservar toda a energia que pudesse. No dia anterior tinha estado a olhar para o percurso com alguma atenção e tinha concluído que aquele desvio pelo cimo do Alvão ia ser complicado. Fiquei muito apreensivo. Campanhó e o Viso (principalmente este último) eram difíceis mas eu já os conhecia, achava que me poderia sempre defender melhor caso a coisa se complicasse. Agora ali era um tiro no escuro. Daí o meu estado de espírito e a concentração em não desperdiçar energia.

Pela primeira vez não aproveitei o sossego da ciclovia para ligar Guimarães a Fafe. Por sugestão do Daniel fomos pela também sossegada (pelo menos aquela hora) N206. Atravessámos rapidamente Fafe e iniciámos a subida para a Lameira. Manteve-se um fluxo de conversa constante durante toda a subida, com os temas a variarem entre o sério e o mais brejeiro. Mas o que interessa é que se conseguiu que este troço passasse quase despercebido. A longa descida para Mondim também não teve história. Na subida para Paradança lá começámos a sentir o calor que parecia estar finalmente a instalar-se e pouco depois estávamos no início da primeira grande subida do dia, Campanhó. Não nos tínhamos lembrado de reabastecer em Mondim e por ali não vislumbrámos nem fontes nem cafés pelo que a água que nos restava tinha de ser racionada para suportar os cerca de 13km de escalada.

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A subida começou durinha mas havia de acalmar, permitindo rolar de forma relativamente descontraída, aproveitar para contemplar a imponente paisagem e tirar uma fotos. Mais para o fim voltou a endurecer e com isso vieram algumas pequenas picardias. Mas sem exageros, que o dia ainda ia no início.

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No alto do Velão também não havia água e assim iniciámos rapidamente a descida para Ermelo. Havia a recordação de haver uma bica algures na descida e na verdade ela lá estava, numa curva do caminho. Embora riscada, a placa existente parecia indicar que a água não seria segura para consumo. Mas isso seria ao nível microscópico, porque aos nossos olhos tinha bom aspecto. E era fresca.

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Descemos mais uns kms e não tardámos a parar de novo, após abandonarmos a estrada principal e entrarmos em Ermelo. Íamos iniciar a subida (ou subidas…) desconhecida e convinha comer algo de substancial. Enquanto no interior do café eu e o Brasa lutávamos contra duas bem servidas sandes mistas o Daniel cá fora já tratava os indígenas pelo nome próprio e discutindo assuntos de serralharia. Além disso tinha descoberto o bravo lá do sítio e esteve quase a convencê-lo a ir a casa trocar a ganga pela lycra.

Saímos de Ermelo pelo meio das bonitas casas de xisto e iniciámos a ascensão. Foi das fases do percurso que me custou mais. A inclinação nem parecia ser muita mas isso devia ser apenas uma ilusão. A verdade é que algo teimava em nos puxar para trás. O Daniel tentava arranjar uma explicação “Deve ser por não ser costume pedalar a esta hora. Devia estar a dormir a sesta.”

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Aquilo durou até à entrada de Fervença, onde a estrada endireitou um pouco e permitiu soltar o peso das pernas. Mas logo se aproximava uma nova rampa, e desta vez a inclinação era bem visível. Cerrei os dentes e deitei-me na bicicleta. Nunca irei perceber estas coisas. Comecei a sentir-me bem estrada acima e a aproximar do Daniel, que anteriormente tinha ganho algum avanço. Estávamos a aproximar-nos de Varzigueto, palco de velhas histórias no BTT. Conta-se que naquelas encostas, escondido entre os pinheiros, vive o famoso Homem da Marreta, sempre pronto a apanhar o primeiro ciclista a deixar-se descair do pelotão. Desta vez não fez vítimas. Se calhar só aprecia carne de bttista…

Seguia um pouco atrás dos meus companheiros quando me apercebo duma interessante donzela a pedir ao Daniel que parasse “Caraças!”-pensei-“O tipo é jovem e está convencido que é jeitoso mas isto é ridículo!”. Afinal tratava-se apenas da porta-voz dum grupo de miúdos espanhóis a pedir indicações para chegar a Pioledo.
Ainda deixei descair para os meus companheiros, como que por acaso, que há uns tempos, vindo das Fisgas com o Tico, tinha virado ali à esquerda para Bilhó e aquilo era quase sempre a descer até Mondim. Mas eles não quiseram saber. O sol estava quente e o corpo transpirava bastante. Subíamos e na beira da estrada havia um carro parado. Olhando com mais atenção para o arvoredo que proporcionava bastante sombra na berma lá descobrimos um par de ar apaixonado, tal o entusiasmo com que pareciam abraçar-se. “Força nisso!”, incentivou o Daniel, fosse o que fosse que quisesse incentivar. O macho alfa ficou por momentos atrapalhado mas depois resolveu retribuir “Força aí… nos pedais! Hop Hop…”.

Por mim fiquei a pensar que tenho de rever melhor com quem, e como, passo estas tardes de Sábado. Até porque parecíamos ser os únicos parvos a achar apropriado andar ali expostos aos ultravioleta. Mais acima um grupo descansava à sombra dos carvalhos e duas bicicletas com alforges estavam estacionadas enquanto os donos se refrescavam num regato. “É caminho de Santiago. Passa por aqui.”, garantia o Daniel. “Outro? Mas existe alguma praga de caminhos de Santiago a invadir o país?”, retorqui.

Passámos Bobal e em Macieira voltámos a encher os bidons. Segundo a indicação dos locais a água das fontes era potável. Acreditei, pois se eles tinham vivido até à idade que aparentavam bebendo dela. Intragável, ou quase, era a rampa que se seguia. Agora revestida com um asfalto impecável mas mantendo a mesma inclinação assassina que recordava de anteriores incursões de BTT por aquelas bandas. Felizmente que é curta e rapidamente passámos a rolar pela encosta apreciando a beleza do profundo vale à nossa esquerda, onde haveríamos de passar mais tarde. Uma paragem a meu pedido junto a um obelisco que por ali há, para recordar uma incursão ocorrida há quase uma dezena de anos e que ficou para sempre na memória dos seus dois participantes.

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Com a altitude a paisagem ia ganhando um tom mais agreste. Em Lamas atravessámos o Rio Poio (nome engraçado) e passados alguns kms tínhamos atingido mais um dos topos do nosso percurso. Felizmente a estrada escolhida estava em boas condições e não exigia cuidados especiais durante a descida. Descemos largos kms até Cerva.
O plano original incluía a certo ponto um desvio por Arco do Baúlhe mas eu e o Brasa conhecíamos aquela estrada e acabámos por mudar de opinião e seguir sempre até Mondim. O pessoal agora tinha as pernas mais folgadas e houve alguns picanços na disputa das “metas volantes”. Mais uma pausa para reabastecimento e enquanto comíamos e nos hidratávamos íamos fazendo o briefing ao Brasa sobre as características da ascensão ao Viso.

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Ao passarmos por baixo da ponte da antiga linha do Tâmega lembrámo-nos de ter visto lá em cima umas moças a caminhar e que aquilo poderia estar transformado em ciclovia. Seria o piso apropriado para roda fina? Subimos à antiga estação de caminho de ferro, que alguém engalanava para um qualquer santo popular, e confirmámos que podíamos ir por ali até Celorico.

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Ia recordando como há três anos atrás tinha sido complicado fazer aquele mesmo percurso de BTT. Pedras, carris e sulipas tornavam o pedalar bastante desconfortável e por diversas vezes tivemos de arranjar alternativas devido a impedimentos provocados pela vegetação ou desabamentos. Um trabalho notável tinha sido feito de então para cá.

Desta forma foi fácil e expedito ligar Mondim a Celorico. Podíamos iniciar a ascensão ao Viso. O Daniel já se dirigia para um dos possíveis acessos ao início da subida quando o alertei que talvez fosse melhor começar um pouco mais abaixo se quisesse ter o tempo registado no segmento do Strava. Ele retrocedeu de imediato e o Brasa ao perceber o motivo insultou-nos e ao Strava com todos os palavrões que lhe ocorreram.

O Daniel arrancou por lá acima cheio de vontade, para quem já tinha 170km e 3000 e muitos metros de acumulado nas pernas. Punha-se em pé e sprintava. Eu mantinha-me sentado e via-o afastar-se. Mas sabia que não me podia descontrolar, não queria gastar tudo a li e ficar apeado nos últimos e duríssimos três kms.
O Brasa ia-me utilizando como referência. Sabia que eu conhecia a subida e que não ia exagerar. Aproveitava a minha roda para estabelecer o seu ritmo de subida. O Daniel já tinha desaparecido do “nosso radar” e nós lá passámos juntos o primeiro topo. Fizemos a pequena descida para Caçarilhe, que nos colocaria no início daquela derradeira rampa.

Agora, por muito inclinado que fosse ou muito cansado que estivesse, sabia que faltava pouco. Eram só mais uns minutos de sacrifício. Voltei a debruçar-me com afinco sobre o guiador. Além das pernas, os braços também faziam força e por vezes a roda da frente levantava. A verdade é que a bicicleta ia respondendo e sentia-me bem. O ânimo aumentou quando me apercebi que o Daniel estava de novo à vista e seguia aos Ss por lá acima. Não sou adepto dessa técnica, causa-me a impressão que a subida nunca mais acaba, por isso cerrei os dentes e tentei continuar a aproximar-me. Não deu para o apanhar mas pelo menos tive direito a foto a terminar a subida. Eu e o Brasa, que chegou uns minutos depois e festejou a conquista do seu “Alp d’Huez”.

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Estava na hora de regressar a casa. Optámos por nos dirigirmos à capela e seguirmos em direcção a Fervença onde apanhámos a N101-4 para Felgueiras. O percurso era rolante e toda a gente vinha bem disposta e animada. O Daniel, esse estava tão animado que há chegada a Vizela disse “Bom… ainda tenho uma hora livre. Vou aproveitar para subir o Relógio para descomprimir.”. Boa viagem! Apontei directo para casa, não fosse ele tentar convencer-me. O Brasa seguiu-me o exemplo mas assegura que o GSP ficou sem pilhas em Infias. Nunca saberemos a verdade…

Mais fotos aqui
 

klaser

Well-Known Member
Excelente o relato...estou a 22 anos cá e realmente o tal "sotaque de Lordelo" é dos poucos que faz-me não perceber certas palavras Os palavrões imaginem,nos momentos de sufoco,reúno toda a coleção dos brasileiros somado à vasta oferta nortenha que aprendi,numa compilação inigualável.... Mas pergunto aos nobres colegas aqui do fórum que pacientemente leem estas palavras, um gajo já vem todo empenado, um calor dos diabos,sabendo que vai ter pela frente uma subida dura, começa a subir e percorrido uns bons metros a trepar,esses caramelos resolvem ir para trás para subir tudo de novo,só por causa do strava, não é motivo pra mandar pra pqp ?
 
Óh Brasa, com sotaque, estás todo ****** meu! Então se calhar foi a primeira e ultima vez que subiste o Viso e não achas que valeu a pena ficar com tudo registado?

O teu relato está excelente Pedro, mais uma vez!

Durante o dia há momentos que perguntamos porque estamos ali ao sol a pingar água como uma fonte, com as pernas a doer, a desgastar o corpo pra lá do que é o limite da sanidade, mas depois lembramo-nos que não há uma razão. Simplesmente gosta-se e depois quando estamos no descanso do sofá damos connosco a ler este tipo de relatos como tu fazes, o Brasa fez e eu também vou escrevendo, e dizemos para nós: Eu fui.

Fica ainda a faltar aí a foto daquela rampa bem gira e também uma que não se tirou ao tal casal que quase não se via no meio das coniferas!

E agora, quando é a próxima?
Vamos ao furadouro?
 

indy

Active Member
Apesar de estar combinado que este seria o fim-de-semana de descanso, a palavra não foi cumprida. Mais uma "empreitada" com muitos kms e muito acumulado de subida. O vento fez-se sentir durante a manhã, o calor durante a tarde e o Brasa reclamou durante o dia todo :D

Não há muito que contar, foi mais uma volta de bicicleta. O ambiente foi bom. As conversas do costume, umas bocas e umas brejeirices. Destaco a sempre dura escalada de Serafão a S. Miguel dos Montes, a subida a Torrinheiras e a animada chegada ao parque das merendas na Cabreira, para além das belas paisagens que mais uma vez pudemos apreciar.

Aqui ficam algumas fotos que tirei. Veremos se para a semana há finalmente o tal descanso.

Daniel, algures entre Fafe e Cabeceiras
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Subindo para Torrinheiras
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Chegada ao alto de Torrinheiras
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Tico, Brasa e Tiago
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Na aldeia da Borralha
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Pela Cabreira
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paradawt

Moderador
Sendo vocês dos arredores de Guimarães (se não estou em erro), já foram visitar o Nariz do Mundo???

Obviamente que tal volta exige almoço lá (atenção é necessária reserva prévia por causa do movimento).

Cumps.
 
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