O paraíso no Inferno
Junho de 2015, 27 de Junho
Sábado, 5H10 da manhã, toca o despertador, levantar, fazer os últimos preparativos, tomar o pequeno almoço, colocar as ultimas coisas no carro e estava dado o inicio para um dia de pedaladas.
Uma hora depois, 6H15, estava a sair para me ir encontrar com o meu companheiro de aventuras, destino Arouca. Encontramo-nos perto da Barragem de Crestuma e, decidimos ir pela estrada nacional até Castelo de Paiva e depois apanhar a N224 até Arouca. Mesmo Arouca estando bem perto do Porto, chegar lá de carro não é nada fácil, as estradas não são as melhores e depois não se andam mais de cem metros sem apanhar curvas, curvas e mais curvas e contra curvas.
Como habitual, das duas ultimas vezes que passei na N224 de bicicleta, apanha-se alguns carros, mesmo aquela hora da manhã, ali nos arredores de Castelo de Paiva, depois disso é o deserto até Arouca. Tendo sido esta a primeira vez que fiz a N224 de carro, prefiro faze-la de bicicleta, não se dá tanto pelas curvas.
Chegamos a Arouca pouco passava das 8H00 da manhã, bom tempo e sol para nos receber. Preparar bicicletas e toda a parte de bebidas e alimentos para levarmos, eram 8H30 e estávamos a dar as primeiras pedalas.
Passamos pelo centro de Arouca e, viramos á esquerda, destino Alvarenga via Ponte do Silencio como é conhecida aqui no fórum.
Subida lenta, ritmo lento, habituar as pernas ao exercício e lá fomos subida acima. Do nosso lado esquerdo, a Serra da Freita acompanha as nossas pedaladas, imponente, majestosa e ao mesmo tempo convidativa, como o céu estava todo azul, o recorte do cume Serra da Freita no horizonte era interrompido pelas eólicas que giravam ao sabor do pouco vento que devia existir lá para cima.
Continuando subida acima, a paisagem abria e deixa ver toda a paisagem que carateriza a zona, montanha até onde a vista alcança.
Continuamos em direção a Alvarenga, a subida estava quase a terminar e a paisagem, convida a mais uma breve paragem para uma foto.
Subida terminada, descida até à Ponte do Silencio. Aqui a ponte estava diferente desde a última vez que aqui tinha passado, existe agora um passadiço de madeira que acompanha o Rio Paiva numa das suas margens e que foi inaugurado há alguns dias atrás.
Tudo visto e estávamos novamente em marcha, claro de que depois de uma descida bem sempre uma subida e desta vez mais alguns quilómetros. Por esta altura o sol começava a aquecer e a deixar antever um dia mais quente que as previsões que tinha visto, mal sabia eu que este aumento de temperatura ia fazer das suas lá mais para a frente.
Chegamos a Alvarenga, subida terminada e era virar em direção a Castro de Aire pela N225. Tinha-mos aqui cerca de trinta quilómetros para fazer na N225 até Ester.
Não há muito a dizer deste troço de estrada, mantem a qualidade aceitável de alcatrão, a nível paisagístico, sempre que a vegetação abre ou estamos num patamar mais alto, todas as Serras ali da zona fazem a sua aparição à nossa direita.
Carros, muito poucos, bastante sossego, o Sol continuava a aquecer e uns quilómetros à frente entravamos no distrito de Viseu.
Fomos continuando, até do meu lado esquerdo aparece a indicação para Faifa, vieram-me à memória algumas aventuras que já li aqui no fórum de alguns aventureiros que por lá passaram com destino ao alto do Montemuro.
Uns quilómetros à frente, tenho o GPS a dizer que tenho de deixar a N225, viragem para Ester, descida, grande parte dela em piso muito mauzinho, até novamente o Rio Paiva.
A partir daqui, sabia que ia começar a maior subida do dia, não pela inclinação, mas sim pela distância, cerca de 15Kms até ao alto do São Macário. O meu companheiro aqui nesta zona começou a dar sinais de fadiga devido ao calor que se fazia sentir.
Fomos lentamente subida acima e passados uns três quilómetros de subida, vejo o meu companheiro a não conseguir quase pedalar, esperei por ele, continuamos subida acima, mas o estado dele quase que piorava de pedalada para pedalada. Fez-se uma paragem de vários minutos, ele comeu e hidratou-se e após esse descanso decidimos continuar subida acima, cerca de um quilómetro e meio à frente os sintomas voltaram e ele diz-me:
- “Não aguento mais, vamos voltar para trás”
A minha resposta foi:
-Não pode ser, para trás é pior que ir para a frente, só temos de chegar lá acima, são mais 6Kms e depois é quase sempre a descer até Arouca, para trás subimos mais do que este bocado que nos falta.
Uns minutos de reflexão e ele deu-me razão, decidimos ali no meio da subida e no meio do nada fazer o nosso almoço, conseguimos arranjar uma pequena sombra e ali estivemos quase 40 minutos.
Felizmente que durante a paragem as forças do meu companheiro de viagem retornaram e o ânimo depois do almoço era outro.
Barriga cheia, atacou-se os cinco quilómetros que faltavam, lá fomos subida acima, um sol abrasador, o meu GPS marcava mais de 32 graus de temperatura.