Estas paixões (hobbies e gostos pessoais), por vezes são difíceis de perceber...
Como explicas que precisas de uma bicicleta de 5000€? Pela lógica não consegues...
Como explicas que precisas de um Porsche? Não consegues...
São bens materiais que mexem connosco, que nem sempre as outras pessoas entendem.
Concordo. É difícil, mas se tivermos empatia conseguimos perceber o outro lado, e no final podemos dizer "ok, percebo-te. Não me faz sentido, mas se te faz feliz é muito bom" algo assim
Isto é off-toppic...
Mas para terminar, ainda mais difícil de explicar estas paixões e os custos, é explicar o gosto de sofrer!
Como se explica o gosto de sofrer várias horas em cima de uma bicicleta?
Ora aí está. Uma vez falei com um ex-colega e ele disse que eu não percebia nada e que estava a utilizar mal a palavra "sofrer". Não me lembro do que ele disse mais porque desliguei aí. Mas há dias expliquei a uma colega que nenhum dos sofrimentos que tenho está ao nível de sofrer em cima de uma bicicleta. Ela não compreendeu e ainda menos compreendeu quando lhe disse que é um sofrimento cheio de prazer. É um prazer sofrer. É paradoxal, mas é a verdade para mim.
Para mim funciona, e talvez para a maioria de nós aqui.
Pode ser o que o
@MiGuEl_82 disse, a superação. E é verdade. Mas eu penso ainda que é levar o corpo ao limite. A minha mãe tinha taquicárdias e o pulso dela ia aos 180bpm facilmente. Lembro-me de chegar aos 210bpm e ela teve que ficar internada e mais tarde fez uma cirurgia (ablação) e ficou curada. Mas eu, anos depois (que era pequeno na altura) suporto 170bpm, 180bpm, chego às 190bpm e depois recupero. O corpo é uma máquina e isso dá-me prazer. Ir na torreira do sol subir a/uma serra, o corpo está ali a responder a um exercício altamente extenuante, contínuo e nós só queremos chegar lá acima. E temos que dar ao pedal. A respiração é ofegante, não sabemos como é que o corpo ainda está ali. Coração, músculos, psicológico, tudo a funcionar.
É isto que me motiva.
O corpo, a biologia do ser humano para mim é algo fascinante.
E um dia... Tudo pára.
@MiGuEl_82 para mim isso dos comentários dos teus colegas já seria uma grande conquista para "todos os ciclistas".
Nunca conseguiremos chegar a um consenso nem fazer toda a gente pensar da mesma maneira, mas talvez no teu local de trabalho és "o gajo que vai de bike". Maluco ou não, rico ou não, profissional ou não, já ganhamos todos. Porque a malta já conhece alguém que vai de bicicleta e mais importante é que têm contacto com essa pessoa. E quando virem um ciclista vão-se lembrar de ti, e haverá sempre qualquer coisa que vai mexer neles e ver aquele ciclista de maneira diferente.
Friso de novo: nunca vamos ter pensamento consensual.
Mas é isto que me tem movido nos últimos tempos... Mostrar uma bicicleta. Basta mostrar e ao ser tema de conversa... Já é assunto.