Aqui e ali, ouço comentários avulsos cheios de sarcasmo e ressentimento. Quando se trata do gradual aumento de ciclistas na estrada, especialmente em meio urbano e quando o obstinado ciclista reivindica a rodovia como o seu meio natural, é porque está a estorvar o automobilista! Quando recorre ao expediente de circular no passeio, muitas vezes a fugir do
cardoom, porque é um inconsciente, porque é perigoso e assusta o peão! Muito boa gente, para sua conveniência, recorre a argumentos capciosos, apontando o dedo aos perigos de andar de bicicleta, tentando na sua hipocrisia culpar os ciclistas de todos os problemas, sem no entanto reprovar e moralizar, repetindo os mesmos velhos chavões estereotipados, tendenciosos, generalizando o mau comportamento dos automobilistas e peões.
Muitos ciclistas de longa data adquiriram uma abordagem mais orientada para pedalar em segurança. Defendem a prática do ciclismo veicular, incentivando outros a pedalar em consonância e respeitando as regras de trânsito. Defendem a ideia da bicicleta com uma legislação mais específica no código da estrada. Defendem regras adequadas à utilização da bicicleta na via pública, mantendo a sua dinâmica num contexto que foi feito à medida para o automóvel. O exemplo é o preceito que já se verifica em outros países, a permissão da bicicleta passar o semáforo vermelho em segurança nas viragens à direita.
Mas, eis que outro tipo de “ciclista” vem à liça, o utilizador da bicicleta que não se intimida com os potenciais perigos que o seu comportamento no trânsito pode representar. Indivíduos, novos ou velhos, experientes ou não experientes, que andam de bicicleta de um modo arriscado, em locais não apropriados, sem medir as consequências das suas acções: circulam em contra-mão, pedalam erradamente nos passeios, atravessam inadvertidamente semáforos vermelhos e passadeiras. Com esse comportamento dão azo a comentários negativos e dão a entender que as ruas não foram concebidas para as bicicletas. E, a bem da verdade, muitas não foram. Assim como não foram uma grande parte das “ciclovias”. Quase todas as vias ciclaveis não passam da extensão do passeio. Outras são partilhadas, onde tanto o peão como o ciclista se sentem vulneráveis, sendo que pedalar pode ser mais perigoso que andar na estrada. Algumas pessoas censuram o ciclista que circula no passeio. Dou-lhes razão, em parte, mas custa-me aceitar que identifiquem qualquer um como o todo. Ninguém espere que todos os ciclistas vejam as coisas da mesma maneira. Um pouco de educação, respeito e boa vontade de todas as partes não faz mal a ninguém.
Partilho um excelente artigo:
http://www.desportomatosinhos.pt/a-pobreza-da-educacao-e-a-bicicleta/