Os treinos sucedem-se e desta feita em preparação para o TTT que houve em Samora Correia.
Já me tinha inscrito há vários dias mas, no dois dias anteriores não me sentia física nem tecnicamente preparado para a prova. Daí ter pensado em ir andar aqui com o pessoal do fórum.
Porém, fui convencido de que não podia deixar a equipa órfã de um elemento, deixando várias pessoas agarradas. E então no dia da prova lá parti em direção a Samora Correia.
A minha equipa ia toda com o espírito de dar o melhor e de aprender portanto não havia grandes expectativas.
Éramos 9, com vários graus de experiência e preparação entre os quais 3 jovens do triatlo (todos entre os 20 e os 21 anos salvo erro). não treinámos em conjunto e alguns de nós só nos conhecemos no próprio dia.
Os nervos assombraram-me durante a semana toda que antecedeu a prova. não era muito de estranhar que, aquando da subida para o palanque de partida eu estava com cerca de 110 bpm's.
Chegou a hora e arrancámos. A estratégia tinha sido definida para sermos mais rígidos na rotação, com turnos fixos e definidos na frente. não era uma rotação rápida e fluída como se quer, mas sim escalonada. Foi a opção para evitar acidentes e termos o melhor desempenho possível.
quando ainda estávamos a perceber como a coisa funcionava (1 km de prova) vem um ciclista ofegante de trás, a dar o máximo, dizendo que a equipa partiu sem ele, e que acaba por ficar a pairar junto ao nosso grupo durante uns tempos. acelerava, quebrava... acelerava... ia pa nossa roda. metia-se a direita do grupo, por onde tínhamos definido que ia "descer" sempre quem saía da frente... metia-se a esquerda... ora a dada altura estamos a rolar e a começar a afinar a coisa e o "zeca" coloca-se à nossa direita, entre nós e um rail de proteção, a meio da nossa "rotação" e quer atravessar o grupo à minha frente... pois eu não deixei o espaço e chamei à atenção: "amigo, por aqui não dá crlo! faça o que apetecer mas não atrapalhe que ainda causa quedas!" ao que ele ainda decide retorquir que se o deixarmos passar vai à vida dele. ainda trocámos mais duas ou 3 fases mas acabou comigo a dizer que não tinhamos culpa que a equipa tenha partido sem ele, mas que ali não estava bem. a verdade é que ainda mudou de lado, acelerou, mas rapidamente ficou para trás.
tenho a dizer que, após este percalço, a rotação, apesar de não ser aquela magia do WT estava a correr bem. ia-se para a frente, trabalhava-se e, quando era altura (a sensação que tive é que era 1 a 3 minutos mediante a pessoa e o tipo de terreno que estávamos a abordar) rodávamos bem.
mas depois, começaram a vir as dificuldades. devido às várias condições distintas do grupo, rapidamente descolaram do grupo um triatleta mais um dos outros elementos e, ao sair da frente, acabámos por perder mais um elemento. o peso das nossas escolhas fez-se sentir aqui pois ele saiu da frente do grupo num momento em que íamos abordar uma subida. não conseguiu recuperar e o elemento que foi para a frente do grupo manteve o ritmo bastante forte. foi descarregado. estávamos a meio e tínhamos perdido um terço dos elementos. com isso em mente, mantivemo-nos organizados e coesos. com grande espírito de equipa. éramos 6, sendo que um já não conseguia fazer turno na frente (ia na roda como podia) e outro estava a contribuir muito bem mas não sabiamos até quando pois vinha de uma semana intensa de treinos com muitos km's e muito acumulado... estávamos assim com 30 km's de prova sensivelmente
em bom ritmo fomos seguindo até próximo do km 45, altura em que há um momento de rotação de um triatleta e só ouço o horrível barulho de uma queda atrás de mim. íamos rolar a cerca de 38 km/h. o grupo desorganizou-se para conseguirmos perceber o impacto... tínhamos a esposa de um dos membros como "apoio" e ajudou, sendo que ficou lá mais um membro da equipa. O triatleta, de cotovelos no guiador, entre cansaço e entusiasmo, terá tocado na roda traseira de outro colega de equipa e acabou por cair. felizmente, ele foi só chapa e pintura, sem bem que ainda amassou bem. foi levado aos bombeiros que estavam a dar apoio que fizeram a limpeza e os curativos e depois foi para o hospital fazer despiste de algo mais grave. que felizmente não se verificou. marcas nas costas, braços e pernas. a nível material partiu o relógio de treino. a bike ficou intacta.
na prova, perdemos aqui um tempo precioso entre o desorganizar, decidir o que fazer, reagrupar e reganhar o ritmo, mas a faltarem pouco mais de 10 km's já só éramos 4... 1 sem possibilidade de puxar.
fomos gerindo o tempo na frente como pudemos. espírito de entre ajuda foi espectacular e chegámos ao fim da prova onde eu ainda consegui uma aceleração que não sei de onde tirei.
Fizemos os cerca de 57 km's em 1H 33M 55S. dá uma média interessante. a classificação está longe de ser boa, mas não era o que queríamos retirar desta prova. não podemos ignorar o contexto, mas é o menos importante aqui.
é uma experiência diferente de tudo o que tinha feito no ciclismo. fascinante estar lá no meio a rodar em equipa. adorei a experiência. é uma disciplina arriscada, que requer concentração máxima em todos os momentos. sugiro que experimentem no próximo ano.
retiro daqui muitos pontos positivos e uma grande aprendizagem.
https://www.strava.com/activities/840363585