Ora bem, em relação ao ciclismo não sou de clubites nem de idolatrar este ou aquele ciclista. Claro que, naturalmente, temos as nossas preferências e simpatias, mais pelas características do próprio ciclista, do que propriamente pela camisola que veste, mas também gosto de ter a abertura suficiente para reconhecer o mérito ou o desmérito dos outros. Também não sou muito de comentar ciclismo, até porque estou longe de ser um expert na matéria, mas adoro a modalidade e sigo-a mais ou menos de perto. Em relação a este Tour, e de uma forma muito sucinta, esta é a análise que vou fazendo:
Team Sky: aprecio uma certa postura e imagem diferente que veio trazer ao ciclismo, mas não acredito em fenómenos, nem mesmo nos do Entroncamento, pois nunca lá vi nada de fenomenal
Por muita teoria que tente explicar certas coisas, custa-me a perceber como é que fabricam ciclistas praticamente do nada e os transformam em monstros para provas de três semanas. Basicamente parece que metem na cabeça que determinado ciclista vai ganhar a Volta à França e ganha mesmo. Como já li por aqui, se o Cavendish por lá continuasse ainda se arriscava a ganhar o Tour
Foi o Wiggins, que tão depressa apareceu como desapareceu, foi o Froome e pelo meio vão aparecendo estes gregários fora de série como o Porte, o Thomas e o que mais já se está a formar. No entanto, goste-se ou não, não deixa de ser impressionante o domínio avassalador da Sky neste Tour e em todas as frentes. Chega a ser assustador e frustrante para as restantes equipas e mesmo para nós, espectadores. E quando as coisas chegam a este nível de domínio absoluto, levantam questões legítimas...
Froome: o homem vai ter que ceder em algum ponto e ontem poderá já ter mostrado alguma fraqueza, mas enquanto tiver por ali Porte e o surpreendente Thomas está tudo mais do que controlado e será um passeio até Paris.
Contador: ainda não mostrou o fulgor e a irreverência de anos anteriores e mesmo do Giro. Dá-me a sensação que se tivesse a sentir-se bem já tinha tentado atacar de outra forma a liderança do Froome, mas sinto-o bastante retraído. Pode ser que melhore na 3ª semana.
Quintana: tem-se limitado a seguir a roda do Froome e ontem, no ataque fugaz que tentou fazer, foi rapidamente anulado. Lá está, acho que prefere ficar em 2º do que ir à luta. Não é o tipo de ciclista que me encha as medidas.
Nibali: pois....não está no Tour...!
Valverde: ora aqui está o ciclista que está a dar mais espectáculo e que mais estou a gostar de ver. Inconformado, lutador, sofredor e até um pouco inconsciente...mas é deste tipo de atitude que valorizo num ciclista. Estou a gostar de ver, não acredito é que consiga manter esta atitude até ao final dos Alpes.
Rui Costa: gosto do Rui, mais até fora da bicicleta do que em cima dela. Acho que é pessoa de uma humildade desarmante e genuínamente bom. Isso faz-me admirá-lo e desejar-lhe a melhor das sortes e não só o facto de ser português. No entanto, como ciclista não é, de longe, os que mais gosto de ver correr...pelo menos em provas de 3 semanas para as quais já revelou que, por enquanto, não está talhado. O Rui é um ciclista verdadeiramente competitivo nas clássicas de 1 dia ou em provas de 1 semana sem demasiada montanha. No entanto, insiste em liderar uma equipa no Tour e o resultado tem sido o que se vê. Não me venham com conversas do azar, falta de apoio da equipa, bruxedos e coisas afins...Compreendo a ambição do Rui em liderar uma equipa e não digo que não venha a ter um papel importante nesse campo, se moldado realmente para isso (o laboratório da Sky sabe como se faz
), mas, neste momento, e se é para andar em provas de 3 semanas, vejo-o muito mais no papel de um Porte ou de um Majka do que no papel de líder.