O meu baptismo no Troia Sagres.
Estou maravilhado com toda a envolvencia!
Nunca tinha visto tanto ciclista, tanto carro de apoio, tanto auxiliar, tanta boa disposição e tanta variedade de bicicletas.
O meu dia começou muito cedo, pois o meu amigo Panta, da Figueira da Foz, veio passar umas horitas a minha casa para não ter que se levantar ainda mais cedo e fazer a viagem até à Marinha Grande
O relógio despertou ás 3,50 horas, levanta-mo-nos, tomamos uns cereais e um iogurte, para não irmos com o estômago vazio, colocamos as malas e bikes no carro e fomos até ás bombas ter com o resto do pessoal. Aí carregamos tudo na viatura alugada e seguimos viagem até Alcacer do Sal, para tomarmos o pequeno almoço.
Estômago composto, rumamos até ha Comporta e quando viramos para Troia, tivemos logo a primeira surpresa. Um enorme pelotão, a rondar as 150 unidades, de seguida outro e mais outro e mais e mais.
Em Troia, equipa-mo-nos e ainda deu para tirar uma foto ao nosso amigo e vizinho David Rosa.
Ás 8.30 horas estávamos prontos para partir! Liguei para o René a perguntar em que local da partida estavam? Responderam que vinham muito atrasados e que seguíssemos viagem, que logo nos encontraríamos em Sagres.
Iniciamos então a nossa aventura. Doze "marmanjos", alguns (muitos) iniciantes neste evento.
O Kalinas, desejoso por apanhar um grupo grande para se esquivar ao trabalho, logo arrancou a toda a velocidade para não perder o comboio que se formava à nossa frente.
Nós, restante grupo, seguimos a nossa marcha em ritmo de aquecimento, na galhofa e a tirar umas fotos. Passados uns quilómetros, o Cãocellara resolve aumentar o ritmo para irmos no encalce do grupo onde seguia o Kalinas.
Todos a puxar à vez, chegamos rapidamente a esse grupo, que seguia num bom passo e o qual não sabíamos quem o integrava.
Aí chegado, logo oiço alguém a gritar o meu nome!
Olho para o lado e começo a ver uma data de amigos, do tempo das corridas e alguns outros passeios. Varanda (Pássaros de Tires), Vitor Faria, Henrique Janota, Paulo Santos, João Paulo Marques, João Baião com o seu "Cão"( bike de btt/rodas de estrada e 13,5Kg), David Rosa.
Este era um grupo de "Elite"! La fomos seguindo com eles a um ritmo de corrida! A dada altura ao virarmos para uma esquerda, avistamos a primeira queda com um ciclista muito mal tratado, prostrado no chão.
Entramos então numa estrada com duas vias no mesmo sentido e fomos apanhar um pelotão composto pela equipa do BTT Loulé, outra dos Masters, Chão das Donas, de Portimão, Gride, o meu amigo Carlos Franco (Trepadores da Figueira) e muitos mais ciclistas de grande qualidade. Com toda esta malta junta o ritmo aumentou ainda mais e a dada altura deu-se mais uma queda na minha retaguarda. Colei-me à roda do Professor Cabrita dentro deste pelotão e até Sines, foi um instantinho.
Em Sines fizemos a primeira paragem para abastecimento. É claro que perdemos aquele comboio magnifico, mas o bilhete que tínhamos tirado, também não era para aquele (TGV).
Abastecidos, seguimos viagem, apenas o nosso grupo e fomos passando mais alguns companheiros de viagem, uns a solo, outros em grupo e a dada altura demos por falta de um elemento! Resfriamos o andamento à espera que ele integrasse novamente, mas ele nunca mais aparecia. Até que passa por nós o grupo do Chão das Donas e alguém pergunta, como é seguimos com eles?
Eu ja começava a acusar alguma fadiga e um bocado contra vontade lá disse, siga!
O ritmo imposto por este grupo era de respeito, mas também de grande sentido de responsabilidade perante o tráfego que íamos apanhando, não colocando ninguém em perigo.
As longas rectas, o vento e algumas inclinações, iam ditando o abandono do grupo de alguns companheiros.
A uma dada altura numa pequena subida para um cruzamento, vejo o meu amigo Carlinhos a descair no grupo e ao passar por ele disse-lhe:
- Carlinhos vais a descolar! Mal eu sabia que se não me tivesse aplicado com unhas e dentes, também lá tinha ficado.
Até Odeceixe a coisa foi diabólica e na subida, que não conhecia, perguntei a um dos meus colegas ja batidos no Troia Sagres, como é isto? Pois tinha ouvido dizer que a primeira grande dificuldade era exactamente ali.
Ele respondeu-me, é pá, isto é como o Reguengo do Fétal (subida que eu não gosto )!
Entrei na subida com o grupo em prato cinquenta e numas ultrapassagens a malta mais lenta e com carros de apoio, tive que meter o trinta e quatro, perdendo um bocado para eles ja no ultimo terço da subida. Passado este obstáculo, vejo um grupo mais ha frente acelero o passo para recolar, mas quando lá cheguei, vi que ja não eram eles mas sim um outro grupo, mais lento. Passo este grupo, mas ja não consigo recolar no anterior e até Rogil, foi "ganir" em solitário.
Em Rogil, estavam parados os meus amigos que tinham conseguido passar Odeceixe com o grupo do Chão das Donas. Fizeram-me sinal para parar e reagrupamos todo o grupo. Reabastecemos os "motores" e seguimos então para a parte final do passeio todos juntos.
A partir de Aljezur, as minhas pernas ja super fatigadas e com a continuação de um andamento alto, começam ameaçar câimbras . Um pouco antes chegar à Carrapateira, apanhamos um grupo grande que ia num passo calmo, ocupando toda a estrada. Passamos para a frente deste grupo e iniciamos a subida na frente (tinha sido avisado que não era de grande inclinação, mas um pouco longa), foi aqui que ia caindo o Carmo e a Trindade porque:
- O meu amigo Bruno "ratão velho" (esta foi 11ª edição dele), que tinha vindo quase sempre atrasado até ali, resolveu fazer Jus à sua condição de trepador e como vinha poupado, impôs um ritmo acelerado por aí acima.
Contribuiu desta forma para que as minhas pernocas quase tivessem morrido, levando-me ao limite e acabando por o perder até ao fim da subida .
No fim da subida reagrupamos todos e pensei que até ao fim a coisa ia ser calminha, mas estava enganado, pois a seguir a Vila do Bispo e ao verem a sinalética de que faltavam oito quilómetros para Sagres, o ritmo voltou acelerar. Olhei para o velocímetro e ele indicava, 47, 48, 49, 50 Km e eu pensava, mas isto nunca mais pára! Entretanto olho para a frente e vejo mais um "caroço" e volto a pensar para os meus botões (vais morrer na praia)! Mas o Kalinas grita (aquilo é o ultimo topo, a seguir é sempre a rolar até ao fim)!
Cerro os dentes, as pernas vão correspondendo aos solavancos, mas consigo-me aguentar e ao passar o topo, a coisa começa a ficar melhor. Penso então para os meus botões,querem ver que isto ainda vai dar para sprintar!
O ritmo ia cada vez mais louco com o Hélio a tirar na frente, depois o Marco, a seguir o Bacharel e ja quase mesmo a chegar, vejo o Kalinas a ir para a frente acelerar ainda mais. É aqui que eu vejo que o Kalinas não ia sprintar e ao passar a placa que diz Sagres, vendo aquela rampa final, passo para a frente, lançando o grupo para a recta final e arredo para o lado, pois aquilo já não era chegada para mim. Se eu sprintasse, as pernas cairiam para o lado.
Ao chegar a Sagres, vejo o meu amigo Almeida do Btt/Lisboa (um dinossauro, que fez tudo numa bike de Btt). Dois dedos de conversa e de seguida vou ao forte tirar umas fotos para registar a participação, depois um banho no Parque de Campismo, carrega-se a viatura e ala até Odeceixe, para jantar uma sopa de Cação e um bife à casa.
Depois foi sofrer e bem sofrer para chegar a casa! O que veio acontecer ja noite dentro, sendo precisamente 00 horas, quando chegamos à Marinha Grande ( quase uma epopeia de 24 horas, para realizar este baptismo).
Percorremos 201 Km, em 5,50 horas, a uma media de mais de 34 Km/hora.
Aspectos positivos:
-Toda a moldura humana que se verifica neste dia.
-A quantidade enorme de ciclistas e pessoal auxiliar.
-A quantidade díspar de variedade de bikes e sua coabitação.
-A amizade e sentido de ajuda existente no meu (nosso) grupo.
Aspectos negativos:
-O mau comportamento de alguns ciclistas, que nas ultrapassagens ás viaturas e grupos de ciclistas mais lentos, o fazem na outra faixa de rodagem com viaturas de frente e que ainda acenam ás mesmas para que se arredem para o lado.
Uma palavra de grande apreço e de agradecimento aos nossos motoristas ( Paulo e Eugénio), pois se não fossem eles com toda a sua boa vontade, sensatez, alegria e boa disposição. Não teria-mos nas nossas vidas mais um dia memorável e de grande prazer.
Se a meteorologia e a saúde permitirem, até para o ano.
Ficam umas fotos.
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