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Montemuro + Gralheira - designed by Mingus com muitos enganos da minha parte

paradawt

Moderador
Aproveitando o feriado de S. João no Porto e uma vez que estaria sozinho em casa, decidi que esse dia tinha que ser dedicado à bicicleta.

Após análise de algumas possibilidades, o Duchene traçou-me um percurso que pretendo fazer pelo Gerês mas não foi possível realizá-lo porque entretanto o meu pai informou-me que nesse mesmo dia tinha que estar no Aeroporto pelas 16:30. Este factor já iria forçar alguns ajustes na volta.

Olhei para o mapa, considerei com outras pessoas um passeio (obrigado ao joao49 pelo convite). Entre as possibilidades estavam Freita, Portal do Inferno, S. Macário, Freita e subida à Torre.

A primeira opção, embora já a tivesse feito o ano passado, era tentadora pelo facto de ter companhia. A segunda teve que ficar de imediato de lado porque só podiam da parte da tarde.

Com a hora de check in do meu pai, ambas as possibilidades eram impossíveis.

Olhei novamente para o mapa e lembrei-me que o Mingus tinha sugerido o Montemuro e a Gralheira e que inclusive me acompanharia caso possível. Neste caso especifico não o pôde fazer, mas eu estava decidido a conhecer o local mesmo que sozinho.

Como bom português que sou, compro as coisas mas não leio as suas instruções. E acabei por aprender da pior forma como funciona o meu gps em termos de percursos.

Arranquei de Cinfães às 8:30 sensivelmente e a um ritmo de 20kms/h de média, daria para fazer toda a volta nas calmas. No entanto, logo para começar enganei-me no caminho, o que me custou cerca de 35kms a mais e 1:30 perdidas. A necessidade de recuperar tempo obrigou-me a acelerar um pouco, tentando não desgastar-me excessivamente. Não sabia bem o que tinha pela frente, sabia apenas que o calor iria ser um inimigo.

Portas de Montemuro:

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Aqui foi logo o segundo erro... Entrei no fundo pelo fim do percurso que tinha imaginado...

No entanto lá continuei e aproveitei este fontanário para uma pequena foto e arranquei de imediato.

A subida mostrava-se ser bem ao meu jeito... Longa mas com pendente regular, o que permite colocar um ritmo certo e controlado.

O trânsito não se mostrou ser excessivo. As condições climatéricas começaram a apertar com o corpo. O vento fortíssimo que tinha apanhado em Cinfães tinha desaparecido e começava a temperatura a massacrar.

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Ao fim de sensivelmente 1h cheguei ao final da subida e parei para apreciar a paisagem. No topo não estava muito calor e o vento voltava com intensidade.

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Aproveitei um pouco mais à frente para reabastecimento liquido num pequeno fontanário, onde os mantos verdes se espalhavam pelo horizonte. Local perfeito para apreciar a vista.

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A partir daqui seguiu-se tormento... Pela primeira vez na vida tive realmente receio de cair por causa do vento. Era de tal forma forte e cruzado que me pegava nas rodas e simplesmente atirava a bicicleta para os lados como se tratasse de uma folha de papel... Foi extremamente custoso ao ponto de realizar a descida entre os 15 e os 20kms/h, completamente agarrado aos travões.

Na minha cabeça apenas pensava "Eu vou cair, é tudo uma questão de tempo mas vou cair!".

Felizmente cheguei à N2 e isso não aconteceu. Seguiu-se um troço sem história para contar (a N2). Este ponto serviu para ligar à estrada que me levaria até ao topo da Gralheira. Neste momento começava a sentir alguma moça nas pernas. Vez por outra reajo mal às temperaturas elevadas o que me faz desidratar imenso e desgastar rapidamente. Talvez o pouco tempo de sono também tenha influenciado.

Comecei a apanhar as primeiras "paredes" para chegar até àquele que se revelaria o ponto mais bonito da volta - Gralheira.

As cãibras começaram a aparecer no musculo de trás da coxa direita (musculo que tipicamente dá problemas no meu caso). Restava fazer as subidas em pé de forma a poupar este grupo de musculos. Mas rapidamente percebi que também não seria de outra forma dadas as inclinações que íam surgindo.

Chegado à Gralheira aproveitei o momento para mais algumas fotos. Infelizmente não pude captar com mais qualidade e diversidade porque o tempo urgia e eu atrasado e pressionado.

Gralheira

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O planalto mostrou-se soberbo e valeu o sofrimento até então.

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Seguiu-se uma descida longa por uma estrada municipal que mais parecia um corta-fogo qualquer em que foram colocados pedaços de alcatrão. Essa descida mostrou-se muito dura dado o estado do piso e a inclinação.

Ao terminar a descida percebi que estava completamente enrascado relativamente ao tempo.

Após várias subidas feitas com imensa dificuldade (uma a pé inclusive, uma vez que as cãibras não me tinham largado), a desidratação era imensa e não encontrava local para abastecer. Também já não iria fazer grande diferença.

Junto a Vila Boa de Cima decidi pedir informações a um pastor que por ali andava. Finalmente encontrava alguém a quem pedir informações!!! Ele explicou-me que na direcção que ía (Ferreiros de Tendais - Ruivais - Covelas, etc.) tinha pela frente mais 30 e qualquer coisa quilómetros e um punhado de subidas duras. Explicou-me que voltando para trás era possível descer até Soutelo sensivelmente e depois de uma subida dura entrava na Er321 em direcção a Cinfães. Percebi que estava perdido, nunca mais chegaria a tempo de levar o meu pai ao aeroporto.

Ao voltar para trás completamente às cegas porque não tinha essa estrada no GPS nem nos meus apontamentos em papel, deparei-me com uma habitação com um casal na porta e uma carrinha comercial estacionada.

Pedi informações ao qual obtive como indicação 22kms até Cinfães e duas subidas duras.

Já desesperado com a hora não hesitei e pedi boleia em troca de pagamento de combustível. A senhora (se ela pudesse ler isto gostaria de lhe agradecer uma vez mais) não hesitou em levar-me até à entrada de Cinfães, onde rapidamente me coloquei no carro.

Até casa foi o que o meu Fiesta deu.

Deste passeio a solo tiro lições positivas e negativas.

As negativas é que da próxima tenho que estudar melhor o percurso para não estar totalmente dependente do GPS (embora não tenha sido este a falhar-me). Segundo, em caso de engano não levar avante o projecto pensado, fazendo pequenos ajustes para cumprir os objectivos. Em traçados desta natureza, não mais farei passeios apertado pelo tempo.

As positivas é que dou-me melhor com a solidão que aquilo que imaginava e que o bichinho cá ficou para mais incursões desta natureza. Na minha cabeça já borbulham mais dois locais a conhecer. Um já o revelei aqui e tem o dedo do duhene.

Obrigado à dita senhora que nem sei o nome, ao duchene pela ajuda no percurso para o Gerês que o farei sem dúvida e ao Mingus pela construção deste passeio.
 
Last edited:
Boas fotos e prosa Paradawt.

O empeno esteve à porta, o que até é giro :D

Os erros servem para aprender alguma coisa mas, será que aprendemos?!
 

indy

Active Member
Gostei de ler e de ver as fotos.

Essa descrição do tempo a sumir-se para um compromisso assumido até a mim me custou, só de ler. Se há coisa que me chateia é estar a pedalar com horas marcadas :mad:
 

paradawt

Moderador
Realmente não aprendemos Danielkezia mas esta do tempo não vou falhar mais...

O Edge 500 até é bem certinho para seguir um percurso. Podemos ter dúvidas em um ou outro cruzamento mas se nos enganarmos rapidamente percebemos que estamos fora do trajecto.
 

Paulo V.

New Member
Isso é que foi uma aventura, já tens algo para contar quando fores mais velho ;)
Acho que sofremos os dois do mesmo problema.... mapas e estradas não querem nada com nós;)
Isto de pedalar sozinho tem muito que se lhe diga, nem toda a gente se habitua a andar sozinho, quem não está habituado e vai andar sozinho é um stress daqueles.
Quanto aos erros, por um lado é bom, pois sempre aprendemos alguma coisa com isso, por isso espero que tenha sido o teu caso. A parte má, é o tempo e os Kms que se perdem que poderiam ser melhor aproveitados para por exemplo mais umas fotos ;)
As fotos, magnificas, só é pena serem poucas, pois os locais devem ser deslumbrantes.
 

Mingus

Member
Já tive a oportunidade de te parabenizar por telefone e reforço-o aqui. Foi mesmo uma grande aventura. Esta ninguém te tira.

Apesar de algumas "meias voltas" que vi agora no teu track, o maior problema foi logo à saída das escolas em que desceste para Castelo em vez de desceres para Pias, pois fizeste praticamente tudo ao contrário sem grandes enganos. E sempre passaste na represa a caminho de Ovadas….. a parede :)

Quanto ao andar sozinho, agora que temos combinado umas curvas porreiras vê lá se não te habituas.

Abraço
 

Armando

New Member
Paradawt, Parabéns pela tua aventura e pela descoberta de algumas certezas.

1º- Ainda existe gente boa no nosso Portugal.
2º-Não se pode ir para uma aventura destas com tempo contado (é como ir para um primeiro encontro com uma moça e ter que estar a despachar a "coisa" para estarmos a horas noutro lado!!). ;);)
 

fogueteiro

Active Member
Parada,

finalmente "saíste do medo". Entraste neste vicio e dele já não sairás facilmente... garanto-te.

Agora caíste numa armadilha que as longas distâncias não perdoam: Horas marcadas. É o pior que podes fazer. Eu também já tenho algumas experiências negativas nesse assunto. Há sempre alguma coisa que nos atrasa. Agora ao sair de casa digo sempre: "Quando chegar... cheguei!!!"

De qualquer forma parabéns pela coragem, e pelas fotos. Continua... serei leitor assim como sou de outras.:D:D:D:D:D:D:D
 

duchene

Well-Known Member
Ora ora, com que então foste brincar com o fogo e queimaste-te! O que vale é que estas queimaduras são viciantes e não tarda nada queres mais, como disse o Fogueteiro. :D

Por acaso não viste no Strava o track quando levei lá o Mingus e o Miguel há precisamente dois anos, senão tinhas ficado com uma ideia do tempo que gastamos na altura: 8 horas para fazer o percurso, sendo que 6h20 foram em andamento tranquilo. O Montemuro engana bastante, porque mesmo em distâncias curtas tens bastantes acumulados que te consomem horas de subida. Basta ver no último PIF o que se subiu em apenas 120km.

Apesar de tudo tiveste a sorte de te teres enganado e feito o percurso ao contrário. É mais fácil e se te apanhasses do lado de Castro Daire já com o tempo contado ia ser bem mais complicado regressar rapidamente a Cinfães, apesar da maior probabilidade de apanhares boleia na N321.

Quanto às lições, são todas positivas uma vez que se aprende com elas e estamos sempre em posição de melhorar numa próxima. De resto o maior erro foi já aqui sublinhado e foi o facto de ires com o tempo contado. Com horário livre, calma e discernimento, tinhas feito o percurso direitinho, com o bónus dos 35km em cima do plano inicial!

--

PS: Bem vindo de volta ao activo Mingus!
 

paradawt

Moderador
@Mingus,

Uma vez mais obrigado pelo tempo que perdeste em volta do google maps. Eu não substituo o sabor de uma volta com amigos por uma volta em solitário acredita :)

@Armando,

Gente boa é favor!!!! Depois em conversa pelo caminho percebi que a senhora (menina talvez porque devia ter sensivelmente a minha idade) trabalha e mora no Porto embora tenha nascido naquela aldeia. Estava a aproveitar o dia de feriado no Porto e lá me safou. Tem um amigo também amante de tiradas longas, talvez por isso tenha percebido o meu problema. LOL!

@ fogueteiro,

A necessidade aguça o engenho não é? Por isso da próxima também já estarei mais à vontade para a minha própria gestão. Eu tenho um problema grave mesmo em treinos próximos de casa com outros amigos, o doseamento do esforço. Se estou acompanhado sempre nos moderamos. Sozinho não tinha noção. Mas penso que foi o calor o meu maior inimigo nesse aspecto. Para todos os efeitos é para continuar a projectar e se necessário, sozinho!

@duchene,

Obrigado uma vez mais. A volta no Gerês ficou na mira acredita! Por acaso não tinha visto esse track e o Mingus depois acabou por me falar nele. Realmente média de 17kms/h para 21...Uma boa poupança tinha sido fundamental.
Como me disseste, o Edge 500 faz o seu papel plenamente neste tipo de passeio. O dono é que falhou para com ele.

Não fiquem com a impressão que eu não gostei do passeio. Acreditem que curti milhões como se diz aqui na gíria.
 

pratoni

Well-Known Member
SE tens problema em saber dosear quando estás sozinho é fácil, começa a controlar o esforço pelas pulsações.

Já tens um edge 500 e tudo... ;)
 

angel@

Member
Grande aventura. Que inveja! Eu sou uma apaixonada por essas belas paisagens.
Espero um dia, ter a oportunidade de pedalar nessas bandas. Tambem tinha o problema de orientação e ouvi tantas piadas sobre a minha "desorientação" que comecei a aplicar-me. Mas tambem descobri que nada como nos perdermos de vez em quando para descobrirmos novos caminhos (mais interessantes).
Obrigada pela partilha que enriquece o forum.
 
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