Não se avizinham dias fáceis para o recém retirado do ciclismo Lance Armstrong. O texano já sabia que as declarações de Floyd Landis, nas quais o antigo atleta da US Postal e da Phonak acusou o seu antigo companheiro de prática sistemática e incentivo ao doping, dariam origem a uma investigação, mas agora são outros antigos companheiros a confirmarem a mesma teoria.
Frankie Andreu e Tyler Hamilton foram dois dos nomes que já foram ouvidos pelo detective Jeff Novitzky, mas há mais duas testemunhas que não se quiseram identificar e todos juraram que as palavras de Landis são verdadeiras, ou seja, que Lance Armstrong e Johan Bruyneel incentivavam ao consumo de substâncias dopantes dentro da equipa US Postal.
As boas notícias neste caso é que o homem encarregue de ir ao fundo da questão é o mesmo que em 2003 conduziu as investigações do famoso caso BALCO, um laboratório que se provou mais tarde ser a origem de uma rede organizada de doping em várias modalidades e com atletas de renome.
Jeff Novitzky conseguiu provar nessa altura que a estratégia deste laboratório consistia em criar esteróides indetectáveis e fornecer substâncias dopantes a várias modalidades do desporto norte-americano. O caso BALCO teve algumas vítimas de elevado perfil, incluindo os sprinters Tim Montgomery, Dwayne Chambers e Marion Jones, mas também a mega-estrela do baseball Barry Bonds, naquele que foi o maior escândalo de dopagem organizada no desporto dos Estados Unidos.
Agora dedicado ao caso Armstrong, aberto pela agência governamental dos Estados Unidos que controla os Alimentos e as Drogas (FDA - Food and Drug Administration), Novitzky tem ouvido antigos companheiros de equipa e empregados do sete vezes vencedor do Tour de France e já deixou um aviso: mesmo aqueles que não estão directamente implicados incorrem em penas de prisão efectiva, caso cometam perjúrio nas entrevistas.
ABRIU A CAÇA AO DOPING!
Considerado um dos maiores inimigos do doping, Jeff Novitzky é um agente especial da FDA e saltou para a fama com o caso BALCO. "Novitzky é um pioneiro na hora de abordar um assunto como o doping, que se estendeu como um cancro ao mundo do desporto", explica Peter Ueberroth, ex-presidente do Comité Olímpico dos Estados Unidos.
Residente na Califórnia, curiosamente a mero quilómetro e meio dos laboratórios que mais tarde viria a condenar, o detective principal do caso Armstrong chegou ao ponto de vasculhar o lixo para encontrar documentos comprometedores. A sua tenacidade fez várias vítimas, entre elas Victor Conte, um dos principais acusados do caso BALCO e que comentou a actual investigação: "Será como um novo troféu para ele, como foram na sua altura Gatlin, Montgomery ou Marion Jones".