BOAVISTA NA MIRA DA UCI
A suspensão preventiva pela UCI de Domingos Gonçalves por alterações no passaporte biológico constitui um alerta que poderá ter consequências no ciclismo português, caso o corredor minhoto venha a ser sancionado por violação das regras antidopagem.
A Fundação Antidopagem do Ciclismo (CADF), que não se pronuncia sobre as alterações verificadas no passaporte biológico do corredor, endereçou o processo para o Serviço Jurídico - Unidade Antidopagem (LADS), entidade que decidirá se o corredor que na última temporada representou a Caja Rural-Seguros RGA, será ou não sancionado. A primeira alteração no passaporte biológico foi registada em 2016, ano em que Domingos Gonçalves representou também a Caja Rural, o que deixa a equipa espanhola sujeita a suspensão de 15 a 45 dias em virtude de se terem verificado dois positivos no espaço de 12 meses - Jaime Rosón foi sancionado a 19 de janeiro de 2017 com quatro anos de suspensão.
As restantes duas alterações no passaporte biológico de Gonçalves foram registadas no período entre 1 de janeiro de 2017 e 31 de dezembro de 2018, datas em que o corredor representava o Radio Popular-Boavista. Se no período compreendido entre 1 de janeiro e 28 de maio de 2017 o passaporte de Domingos Gonçalves registar alterações, a equipa sujeita-se a suspensão, como acontece com a Caja Rural, já que Daniel Silva deu positivo em 28 de maio de 2016, no Grande Prémio do Dão: haveria, desta forma, dois casos no espaço de 12 meses e teria de ser aplicado o artigo 7.12.1 dos Regulamentos Antidopagem da UCI. «Gonçalves encontra-se suspenso preventivamente. Só depois de o processo estar concluído e se vier a ser sancionado se pode falar em situações colaterais. A Caja Rural foi notificada por ser a equipa que o corredor representou esta temporada, mas todo o processo será analisado. As deliberações do LADS serão comunicadas à Federação Portuguesa de Ciclismo por se tratar de um corredor português», afirmou a A BOLA uma fonte do LADS que se recusou a tecer mais . As conclusões sobre o processo deverão estar concluídas nos seis meses posteriores à data da suspensão preventiva do corredor.
A confirmar-se uma eventual suspensão, todos os resultados obtidos serão anulados a partir da primeira alteração no passaporte biológico. Em causa estarão os títulos nacionais de contrarrelógio em 2017 e 2018, de fundo em 2018, a 6.ª etapa da Volta a Portugal e o 9.º lugar na geral, a medalha de prata no contrarrelógio dos Jogos do Mediterrâneo em 2018, além de outras classificações.
Artur Lopes, presidente da Comissão Médica e da Comissão Antidopagem da UCI, questionado por A BOLA, escusou-se a entrar em detalhes sobre o caso: «Nada temos a dizer sobre a situação. O caso de Domingos Gonçalves é igual a muitos outros que são detetados pela Fundação Antidopagem de Ciclismo (CADF) através do passaporte biológico e analisados por peritos científicos. O processo foi enviado para o LADS que decidirá se o corredor deverá ou não ser sancionado. Quanto à Radio Popular-Boavista, as datas das possíveis violações irão determinar o que acontecerá no futuro», concluiu.
Abola