Espero não pregar uma seca aos que vão ter tempo de ler!
A transmissão de multiplos de pratos, aparentemente não tem ciência, e muitas vezes, mudamos de mudança por feeling, mas numa máquina como a de ciclismo, onde todas as forças ajudam a impulsionar a máquina mais rápido, pequenos pormenores, passam a fazer a diferença, principalmente quando se falam em grandes distâncias.
Inicio esta breve explicação, ao introduzir o conceito de linha de corrente ou mais conhecido por "ChainLine", relação de transmissão, “Tempo”.
Chainline / Linha de Corrente:
Esta é descrita como sendo a distância entre um plano paralelo coincidente com os pratos da frente e o plano longitudinal da bicicleta (que divide a bicicleta entre esquerda e direita)
A razão de importância desta distância, tem a haver com o rendimento da mesma.
Uma corrente com cruzamento, não transmite toda a potência gerada no crank.
Ou seja, ao haver um desvio do centro teórico, vai haver um decréscimo de potência transmitida.
Esta diferença não vai além dos 2% (ou seja, 98%), mas em grandes distâncias, esta pequena diferença, pode significar alguns minutos a menos.
Relação de transmissão
A relação de transmissão é calculada dividindo o nº de dentes das cremelheiras (crank) e das cremelheiras da cassete.
É uma medida adimensional (dado não ter dimesão ou unidades SI ou outras!), e demonstra-nos a relação entre a rotação dos pedais e a rotação da roda.
Atendendo ao design das trasmissões actuais das bicicletas, rapidamente verificamos que as relações se cruzam ou se sobrepõem.
Esta sobreposição demonstra claramente as cremelheiras a usar na cassete para cada cremelheira do crank:
No gráfico 1, demonstra-se as relações obtidas em cada cremelheira. Rápidamente se verifica que a partir de uma determinada relação, essa pode ser feita por uma cremelheira (crank) acima.
No gráfico 2, temos a progressão de uma transmissão removendo as relações repetidas.
Tempo
O tempo refere-se ao momento de mudarmos mudança.
Inicialmente aparenta facilidade, e com prática assim será, mas inicialmente é necessário algum “cálculo” e entender o sistema.
Exemplo:
Imaginando que vamos em plano em 2x5 e que se aproxima uma subida íngreme.
O mais normal, é começarmos a colocar mudanças atrás cada vez mais leves de modo a superar a barreira.
No entanto, muitas das vezes o passo mais inteligente é descer para a cremelheira abaixo do que rolamos, evitando passagens no desviador da frente em pleno esforço.
Quer isto dizer que 1x5 é utilizável? Nem por isso, mas havendo essa hipótese, temos de utilizar as mudanças em nosso partido, e não faria qualquer sentido subir 2 atrás (passando a 2x3) para depois irmos para 1x3.
Algo que se deve ter em mente, é a linha de corrente, e que deveremos andar sempre na cremelheira que permita o menor desvio deste plano para conseguirmos o máximo de eficiência.
Devemos pois combinar a melhor relação para rolarmos (chainline perto do zero teórico para essa cremelheira da frente) e termos possibilidade de subir sem colocar os pés no chão.
O roçamento da corrente no desviador da frente pode ser ajustado, mas creio que seguires o gráfico onde demonstra a progressão da transmissão, será um excelente começo.