RTC, pois é, é o marketing no seu melhor, com o poder de nos fazer acreditar que estamos perante uma grande inovação e algo completamente revolucionário quando, na verdade, é algo que já existe há tanto, mas tanto tempo. No entanto, admito que até achei piada a essa GT que apresentaste
. Mas já agora, olha aí uma prova de que bicicletas polivalentes não são novidade nenhuma:
Quanto à questão de gastar balúrdios numa marca de renome na esperança de encontrar opções mais baratas em fabricantes mais pequenos, aí poderás estar algo enganado. Também eu tinha essa ideia antes de começar a pesquisar sobre estas bicicletas, mas cheguei à conclusão que os melhores preços conseguem-se mesmo nas marcas de renome. E porquê? Porque produzem em maiores quantidades, de uma forma padronizada e sem grandes preocupações ao nível do pormenor e dos materiais. Sinceramente vi poucas coisas dentro das marcas de renome, mas ainda andei a ver as Specialized Tricross e um modelo ou outro da BMC, Cannondale e Trek que também existem dentro deste conceito. Não são bicicletas baratas e só mesmo a Tricross ainda prendeu um pouco a minha atenção porque consegue-se a um preço razoável, mas não deixa de ser um quadro de alumínio com equipamento de entrada que não justifica o valor e que, no final de contas, não deixa de ser apenas mais uma Specialized. Quem pretende manter-se dentro das marcas mais convencionais, há escolha dentro deste conceito, mas não esperes algo muito diferente daquilo que já existe ao nível dos modelos de estrada e de btt dessas mesmas marcas. No meu caso, tomei como princípio que se fosse para optar por uma bicicleta deste género seria para fugir ao óbvio e para procurar algo diferente. O problema é que a diferença paga-se! Há vários pequenos fabricantes (alguns verdadeiros artesãos) que constroem este tipo de bicicletas a uma escala muito reduzida, com muita atenção ao pormenor e, em muitos casos, à medida do cliente, mas, como podes imaginar, esta exclusividade paga-se bem cara! Dentro daquelas que mencionei atrás, a Cielo é a minha preferida, a marca do Chris King, mas o frameset anda sempre acima dos 2000€! A Salsa, a Jaegher, entre outras marcas mais desconhecidas também fazem coisas muito interessantes, mas igualmente caras. Depois começam a aparecer opções mais em conta dentro da Surly (ainda assim sempre acima dos 1300€), da Singular e da Genesis. A Genesis foi aquela que mais me prendeu a atenção em tudo o que vi, principalmente os modelos Cdf e Croix de Fer. E prendeu-me a atenção porque apresentam bicicletas muito interessantes a preços muito razoáveis, 1041€ e 1409€ respetivamente, e também porque o importador da marca em Portugal é da Marinha Grande, a 20 km de minha casa. Como sei que és da zona das Caldas da Rainha, também é algo que deves ter em conta. Estive praticamente para fechar negócio por uma destas bicicletas e não o fiz porque o lado racional começou a falar mais alto, ou seja, ficaria com uma bicicleta que, no fundo, são seria muito diferente da minha actual de estrada e com a qual também não poderia ambicionar fazer grandes coisas fora de estrada porque, obviamente, tem limitações que já não se impõem a uma BTT. E depois pesou a relação qualidade/preço. Estamos a falar de excelentes quadros em aço que, apesar de intemporais e eternos, apresentam sempre um peso considerável. Mas isso para mim pouco importava, o que me fez realmente torcer o nariz foi o equipamento que estas bicicletas trazem, normalmente coisas nas gamas Sora, máximo Tiagra e com um peso do conjunto final a atirar-se facilmente para os 11 a 12 kg! Claro que tudo depende da importância e do valor que o factor peso tem para nós, mas achei 1400€ numa bicicleta com estas características um investimento elevado. Se fosse a minha única bicicleta, teria sido a minha opção. Mas como segunda bicicleta, e quando já tenho uma de estrada também em aço, achei que não seria a opção mais lógica e desisti da ideia. Outro modelo que cheguei a considerar, e uma vez falaste da On One, foi a Planet X Kaffenbak 2, que fica na casa dos 850€, mas o facto de ser mais vocacionada para o ciclocross e o facto de ser coisa para pesar 11,5 kg e não apresentar grandes argumentos para o off road acabou por afastar a minha ideia.
Outra coisa de que te vais aperceber é que quando falamos em bicicletas polivalentes mais viradas para o conforto normalmente todos os caminhos vão dar ao aço e ao titânio. Dentro das marcas grandes vais encontrar alumínio e carbono (a preços elevados), mas nestas marcas que mencionei atrás e na generalidade destes fabricantes pequenos predomina o aço e o titânio. Não sei qual a tua opinião e abertura a estes materiais, mas é algo que deves ter em consideração.
Mas ficam aí algumas fotos destes e de outros modelos para te inspirares
pratoni, tens toda a razão com esse cuidado na associação das bicicletas de ciclocross com conforto. Muita atenção a isso. Uma bicicleta vocacionada para o ciclocross tenderá a ser até mais desconfortável que uma de estrada devido à sua geometria projectada para a competição. Não confundam bicicletas de ciclocross com bicicletas polivalentes, all road, gravel, ou que lhe queiram chamar. A própria Specialized apresenta um modelo para ciclocross, as Crux, vocacionadas para a performance e apresenta as Tricross mais vocacionadas para o conforto. Nestes fabricantes mais pequenos e exclusivos que elegem o aço e o titânio como materiais de excelência normalmente não constroem para ciclocross puro, mas sim para o conforto em todo o terreno. Mas nas grandes marcas já existe o risco de vos impingirem um modelo de ciclocross como uma bicicleta polivalente e confortável que, no fundo, não o é.