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Assalto à Serra da Estrela

Diogo112

New Member
Assalto à Serra da Estrela.
Reuniu-se um grupo de 7 ciclistas: Eu, Fernando Reis, Bruno Gomes, Bruno Sousa, Mokoto Mokisso, Ricardo Brás e Pedro Sampaio dos Duros do pedal.
Havendo um objectivo muito bem definido que seria alcançar o topo de Portugal continental.
Dos 7, apenas havia o Pedro Sampaio que iria fazer o seu treino em solitário, pois este rapaz "corre" noutro campeonato, os restantes 6 iriam fazer o trajecto do Fundão até à Torre com regresso pelo mesmo caminho.
Eu havia treinado durante algumas semanas para concretizar este objectivo em concreto, alguns cuidados adicionais na alimentação e muito treino de força, com aulas de spinning especificas a forçar o coração a ir um pouco mais além do habitual (164bpm, 0:45m no redline), muito treino para subir melhor esta montanha.
O início da viagem deu-se em Odivelas, com destino a Castelo Branco, para pernoitar na Pousada da Juventude daquela cidade.
Jantar algures num tasco da cidade, pois até aqui o meu jantar foi uma salada de atum com alface enquanto o resto do grupo se deliciava com umas belas carnes, que me faziam babar de desejo, mas que eu não podia ceder a essa tentação, a gula é um pecado capital. Findo o jantar o grupo foi passear e beber mais um scotch, ao passo que eu fui dormir, pois a jornada de 6/10 iria começar às 6H30 da manhã e não podia facilitar de forma alguma.
Domingo “acorda cedo”, ultimar preparativos, arrumar bagagem e tomar pequeno-almoço, partida em direcção ao Fundão, onde se iria dar a partida para esta etapa de montanha. Retiradas as bicicletas de todos os tipos estrada, BTT e hibrida (BTT FS com roda 28”).

Tirada a foto da praxe a todo o grupo e partimos em direcção à Covilhã, cidade a partir da qual ia começar a jornada infernal da escalada, 15km a rolar para aquecer que a partir da Covilhã seria sempre a subir 23 intermináveis kilometros de pura dureza sendo o primeiro troço com uma pendente média constante de 10% de inclinação ao longos de 12km sensivelmente até ao “sanatório”. O grupo reagrupou-se uma ultima vez junto ao inicio da subida em frente ao Hospital da Covilhã, para não mais se reunir ao longo da subida.
Cedo me lancei subida acima, para esta escalada solitária, apenas o meu mp3 seria aquele que me ia fazer companhia, mas o Fernando Reis, rapaz de estreita fisionomia, anulou a minha fuga perto do Teatro municipal da Covilhã, lá foi ele de mota ligada e eu a vê-lo subir.
Eu ia na segunda posição o restante grupo que ia fazer a subida de “roda grossa e hibrida”, seguia todo atrás, olhando apenas para o traçado do track, nunca para o gráfico de altimetria pois esse assustava, tal era a altivez da montanha, a bicicleta serpenteava pelo alcatrão das curvas de nível, vagarosamente devorando cada centímetro do asfalto, apenas ia desfrutando por fugazes momentos a paisagem idílica vista do alto da montanha.
A primeira e mais dura fase desta jornada está agora ultrapassada.
Chegada ao Sanatório que agora está convertido num belíssimo hotel de montanha, vinha agora as Penhas da Saúde, daqui em diante a inclinação é variável havendo inclusivamente pontos de descanso com menos inclinações e rampas mais duras que no inicio, mas aqui a orografia é um pouco mais amiga do ciclista, rapidamente atinjo o centro de limpeza de neve, e vislumbro o ultimo lanço da subida que mete medo só de olhar para cima, mas o pensamento é só um Atingir o topo.
A seguir ao pequeno túnel arcaico escavado na rudeza do granito da montanha, curva para a direita e vejo lá em cima os “balões da torre” a espreitarem sorrateiramente pelo calhau rochoso. Nestes últimos 2km, há uma santa esculpida no granito, Senhora da Boa Estrela, aqui já sabia que ia atingir o meu objectivo, nisto já descia o Frenando Reis que já havia picado o topo, eu seria o segundo, aqui ainda parei para beber uma água bem fresquinha da montanha abençoada pela Senhora da boa estrela, avanço novamente em direcção ao topo e vislumbro a placa dos 1900m de altitude faço a foto da praxe, sabia que estava bem perto e mais duas curvas surge o cruzamento de acesso à Torre e voilá a ultima rampa, o majestoso cume estava agora alcançado, paragem junto à torre e peço a uma senhora para registar para a posteridade este meu épico momento, volto a descer para vir em auxilio dos restantes elementos do grupo, desço pouco abaixo da Santinha e o Ricardo Brás lá vem no seu ritmo presto-lhe o apoio moral possível e informo-o de que há uma fonte ali perto e lá vai ele mais um bocado até atingir o topo, continuo a descer e encontro o Bruno Gomes que vem um bocado mal tratado devido à falta de líquidos mas prossegue serra acima, mais abaixo encontro o Bruno Sousa que trás o Mokoto na roda, digo ao Bruno Sousa para seguir e deixo para mim a tarefa de dar o apoio possível ao mokoto, que vem no seu passo a subir, vou-lhe dando algumas palavras de apoio, pois a conquista está a um par de kilometros mais adiante, alcançamos a placa dos 1900m e ele regista o momento, informo-o que duas curvas mais adiante e ter uma surpresa boa. Contornadas as duas curvas restantes vislumbramos em conjunto o cruzamento, o rapaz emociona-se e brota uma lágrima com sentimento de dever cumprido, a vitória é sua pela determinação e raça com que enfrenta tamanhas empreitadas. Topo atingido, foto para a posteridade e uma bela sandes de queijo com presunto e uma mini. Hora de descer ia começar o meu sofrimento descidas técnicas não a meu gosto mas lá vou eu descendo como posso, quando atinjo o pavê da Covilhã, e o azar do dia um furo, mas não era problema pois levava 3 câmaras de ar para evitar desaires de maior, substituição da câmara de ar e lá volto à carga de regressar ao carro que estava parqueado no Fundão.
Final em ritmo frenético, pronto fim de jornada sem empeno!
Obrigado aos amigos e companheiros de aventura, foi um dia para mais tarde repetir.

O link da volta no Strava: http://www.strava.com/activities/87416461
 
Boas prosa, parabéns!

A volta parece-me pequena para ciclistas que treinaram bastante como tu referiste, especialmente o regresso que puderia ser feito por outras vias alternativas para evitar voltar a passar pelo mesmo local. Mas claro, é só uma opinião.

Vai metendo umas fotos, é o que a malta gosta.

Cumprimentos
 

grouk

Active Member
também concordo que tanta preparação merecia uma volta maior, e acho que devias ter comido as carnes e em vez da salada
 

Diogo112

New Member
Danielkezia e grouk, sim a volta podia ter sido maior e diferente mas o plano inicial era este e não alterar o mesmo, pois no grupo há pessoas com andamentos muito diferentes, o Sampaio também mencionou isso, como tal o que fiz foi picar o topo, descer e vir em auxilio do restante grupo, pois a volta em si, como estava planeado dava apenas 78km, assim consegui acrescentar mais 10km, felizmente para mim. No nosso grupo temos uma máxima muito rigida Plan the ride, ride the plan, assim e como tal não se podia fazer alteração, tal é a disciplina como isto é encarado.

Não discordo do vosso pensamento e sinceramente me iria agradar muito mais, para uma outra edição fá-la-e-mos de forma distinta pois este grupo pretende fazer as subidas todas assim que for possível.

Como já fizemos para Montejunto, em que nos falta apenas uma subida para concluir todas as subidas possíveis à serra de Montejunto.
 

Diogo112

New Member
também concordo que tanta preparação merecia uma volta maior, e acho que devias ter comido as carnes e em vez da salada

Grouk se pesares 84kg como eu peso, pensarias 2x!

Pois massa muscular não me falta, dispensava sim era a minha massa gorda.
 

TigasPT

New Member
Parabéns pela volta, agora as fotos é que fazem falta para entusiasmar mais o relato :D

Um dia também vou subir a Estrela espero eu :rolleyes:
 
Ainda bem que concordas com o que te dizemos, mas não deixa de ser de valor a subida e se o grupo não é feito só de pessoal duro tem de haver respeito pelos que andam menos.

Já subi a Estrela, tem por aí um cantinho meu e tem lá esse relato, mas sinceramente não acho um desafio fazer UMA subida ao ponto mais alto de Portugal. Isto porque a Covilhã estará a cerca de 600m's de altitute e o topo da serra serão 2000m's, o que numa subida longa que até desde um pouco depois do centro limpa neves, torna-se pouco desfiante se olharmos apenas para os números. Outra coisa é o desafio psicológico e a sensação de conquista e esse sabor é bem diferente.

Manda lá as fotos Diogo :D

Cumps
 

Diogo112

New Member
n1s5tj.jpg
[/IMG]
gráfico de altimetria
 

RTC

Moderador
Staff member
É fantástico chegar lá cima não é?
A subida é penosa mas muito recompensadora.

Venham outros desafios...e que os partilhes aqui.
 

Paulo_123

New Member
É fantástico chegar lá cima não é?
A subida é penosa mas muito recompensadora.

Venham outros desafios...e que os partilhes aqui.

Nem imagino a dureza da subida, um dia mais tarde gostava de exprimentar...
Lá chegaram tempos... ;)
 

Diogo112

New Member
Ainda bem que concordas com o que te dizemos, mas não deixa de ser de valor a subida e se o grupo não é feito só de pessoal duro tem de haver respeito pelos que andam menos.

Já subi a Estrela, tem por aí um cantinho meu e tem lá esse relato, mas sinceramente não acho um desafio fazer UMA subida ao ponto mais alto de Portugal. Isto porque a Covilhã estará a cerca de 600m's de altitute e o topo da serra serão 2000m's, o que numa subida longa que até desde um pouco depois do centro limpa neves, torna-se pouco desfiante se olharmos apenas para os números. Outra coisa é o desafio psicológico e a sensação de conquista e esse sabor é bem diferente.

Manda lá as fotos Diogo :D

Cumps

Daniel a Covilhã situa-se sensivelmente aos 500m de altitude. Sim há respeito pelo andamento de todos obviamente que os menos duros nunca vão sozinhos, há sempre alguém por perto, obvio é pois assim mandam as regras da segurança, no meu caso foi opção fazer as ascensão em solitário e depois descer para ajudar, tal como eu outro camarada fez exatamente a mesma coisa, do grupo de 6 que ia fazer a subida só 2 descemos e ajudamos os 3 mais fracos a fazerem os 5km finais da montanha.

Os numeros estavam lá, pois a serra não é plana, esses numeros não podem nem devem ser ignorados, para a carola o sentimento de conquista em solitário é algo que me atrai, nessa matéria sou um bocado egoista é verdade, mas nunca volto as costas aos que comigo vão, se já passei pelo mesmo tipo de auxilios, agora chega a minha vez de dar o contributo em prol dos menos fortes. O sabor desta conquista em concreto é algo que não sei exprimir em palavras é algo que se sente, não se explica.
 

Diogo112

New Member
Nem imagino a dureza da subida, um dia mais tarde gostava de exprimentar...
Lá chegaram tempos... ;)

Paulo_123, a dureza da subida é inquestionável, eu não sou de forma alguma um trepador, se eu a fiz, um colega do grupo que pesa 105kg também a fez, logo qualquer um a faz, tenta, sem tentar não se saberá qual o sabor. O desafio e sentimento de conquista é algo que se manifesta de forma diferente no interior de cada um. O meu colega que pesa 105kg, ao ver a placa do cruzamento da Torre para o Sabugueiro, chorou, eu manifestei-me de forma efusiva, como eu costumo dizer só lá indo para ver!
 

grouk

Active Member
a primeira vez que la fui ainda me lembro que assim que um tipo ve as bolas ainda faltam 6km mas aquela sensação de estar quase é fantástica que por mais cansado que estejas ja não ha **** que meta medo, e então quando se chega la acima completamente rebentado e se da aquelas voltas na rotunda ate se ganhar fôlego sentimo nos os maiores
 

Diogo112

New Member
a primeira vez que la fui ainda me lembro que assim que um tipo ve as bolas ainda faltam 6km mas aquela sensação de estar quase é fantástica que por mais cansado que estejas ja não ha **** que meta medo, e então quando se chega la acima completamente rebentado e se da aquelas voltas na rotunda ate se ganhar fôlego sentimo nos os maiores

Foi esse mesmo o sentimento, parece que me estavas a ler a mente no final da subida!
 
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