Noticia do jornal a bola:
Já não há dúvidas. A Volta a Portugal escapou mesmo à reforma levada a efeito pela UCI na modalidade, apesar das várias modificações entretanto operadas ao modelo original apresentado pelo organismo máximo internacional, que ontem mesmo divulgou os calendários relativos à próxima temporada.
A contestação levantada por alguns países, organizadores de corridas, representantes de equipas e de corredores, acabaram por provocar mudanças que contemplaram as voltas ao Algarve e a Portugal. Assim, a Volta ao Algarve, a realizar entre 19 e 23 de fevereiro de 2020 e que até ao momento pertencia à classe HC, transfere-se para a ProSeries, face à boa organização, difusão televisiva e qualidade das equipas, com o único reparo a serem as condições da Comunicação Social e o incumprimento do Caderno de Imprensa (N).
Já a Volta a Portugal, que chegou a ser dada como certa na ProSeries sendo posteriormente retirada, manter-se-á no mesmo circuito Continental Europe Tour em que, afinal, já figurava. A fraca qualidade do pelotão e corredores inscritos nos últimos anos, que somaram apenas 54 pontos, foram motivos apontados pela Associação de Organizadores de Corrida (AIOCC), Associação Internacional de Equipas Profissionais (AIGCP) e Associação de Corredores Profissionais (CPA), que confrontaram o Conselho Profissional de Ciclismo dirigido pelo belga Van Damme, em comparação com outras competições. Quando a proposta foi debatida pelo Conselho de Estrada dirigido pelo mesmo belga, já se encontrava ferida de morte, daí os argumentos de Delmino Pereira não terem sido suficientes para demover os restantes elementos. A situação periférica de Portugal, longe do centro da Europa, mais do que a longevidade, tradição e boa organização da prova e o desenvolvimento do ciclismo que promove não foram suficientes para convencer os restantes elementos da Comissão de Estrada e o Comité Diretor, que não aprovou a subida à ProSeries.
Salva-se, por enquanto, o número de dias de corrida, apesar da AIGCP os ter apontado como excessivos, considerar o percurso desequilibrado e feito reparo ao facto de só as equipas estrangeiras ficarem em hotéis da organização e de não ter sido cumprido o previsto nos regulamentos quanto à apresentação das equipas. Dois dias de viagem, um para a apresentação, 11 dias de competição e um de descanso totalizam 15 dias que a AIGCP e CPA consideram não se justificar.
A redução do número de dias poderá, porém, voltar à mesa dos debates no próximo ano, já que a grande portuguesa continua a ser a quarta prova mais longa da Europa, a seguir às voltas a Itália, França e Espanha, apesar de não ter o mesmo retorno nem impacto internacional e continuar a constituir um problema para a UCI face aos organizadores que não vêm autorizadas as pretensões de alargar as suas provas.
Resumindo: em 2020 a Volta a Portugal irá disputar-se entre 29 de julho e 9 de agosto, coincidente com os Jogos Olímpicos de Tóquio (24 de julho a 9 de agosto), mas sem prejuízos para ambos face à diferença horária de mais de 8 horas do Japão para Portugal em nada prejudicar a transmissão televisiva.