3º Audace 2014 - Setúbal - Crónica do meu segundo Audace
Olá a todos.
Este foi o meu segundo
Audace. Começou muito bem sobretudo pelo tempo que esteve espectacular. Embora ao início o sol em contraluz fosse chato, mas também foi pouco tempo. Neste Audace ainda consegui acompanhar a cauda do pelotão uns 10 kms mas depois, mais uma subida, e lá fui sozinho, grande parte do tempo, tipo carro vassoura.
Como ainda sou caloiro nestas andanças, acabo por cometer erros de principiante, como por exemplo não arrancar o percurso no GPS. Só dei por isso quando senti que não era aquele o trajecto perto do km 22. Tinha-me enganado. Depois foi o GPS a vingar-se da desfeita de não o ter usado em condições e quando me pediu para corrigir a rota, antes de chegar a Palmela, atira-me para uma estrada sem alcatrão. A princípio desconfiei porque não é suposto as bicicletas de estrada andarem fora do alcatrão, mas lá segui. Até que encontro de novo alcatrão e uma seta a dizer Setúbal que sigo. Só 2.5km mais tarde é que olho para o GPS e vejo que ele me indica para voltar para trás. Enfim, um desvio de 5km a acrescentar aos 120km… coisa pouca. Sobretudo porque foram feitos a descer, e a subir.
Enfim, já tinha reencontrado o caminho certo e começava a conhecer o percurso do último Audace da Moita, o meu primeiro. Só que desta vez, estava um sol radiante, em vez de chover a potes, pelo que aproveitei o percurso e, como era a descer, foi sempre a pedalar.
Acabo de passar Azeitão e sou abordado pelo carro de apoio da BikeZone. Preocupados comigo porque estava bastante atrasado ao resto do grupo. Acalmei-os informando-os que não era a primeira vez que isso acontecia (era a segunda), mas que mesmo assim, como ia com média de 20km/h, ia conseguir chegar a tempo aos Postos de Controlo. Chego à Quinta do Conde e como a primeira barra em andamento para não perder tempo. Passo a estação de Coina e vem uma recta, com um piso nada simpático, mas era sempre em frente! Nada que saber a não ser pedalar. Chego aos 60kms com perto de 3 horas de viagem e ainda não tinha parado. Como o caminho era bom, sigo em frente. Apanho as descidas do parque antes do Meco e como é sempre a descer, não apeteceu parar. Paro antes do Meco para comer mais uma barra. Não demoro muito e sigo viagem.
Eis quando sou apanhado por mais um ciclista mas este trazia o dorsal do Audace na bicicleta. Não hesito: "Vais a fazer o Audace?", "Sim" - respondeu-me ele, Rui, de nome. "Vou mais devagar que é o primeiro Audace dela" e olha para trás. Era o primeiro Audace da Sílvia e daí o ritmo mais lento. Também se tinham perdido algures e feito mais uns 2 ou 3 kms. Digo-lhes que pensava que era o último mas afinal ia ter companhia por mais alguns kms. Foram talvez uns 20 e tal km até que mais outra subida e lá foram embora.
Ainda antes do primeiro posto de controlo havia um subida algo ingrime mas era longa, longa, longa, parecia nunca mais acabar. Depois, além do GPS costumo levar o Endomondo ligado no telemóvel mas vou ter que me deixar disso porque este gajo é lixado: nesta subida, o meu ritmo é tal que ele começa: "Workout paused, workout resumed". Se a subida já custa, ouvir o GPS dizer que estou parado não ajuda. Termina a subida e encontro o amigo Zé Mota e a sua Dama de Ferro, já vinha do Cabo Espichel.
Chego ao primeiro posto de controlo e sou muito bem recebido. Afinal, era o último a chegar, depois de partir, podiam ir embora almoçar. Não demoro muito para aproveitar a companhia do simpático casal por mais uns kms. Agora vinha uma parte do percurso mais a direito e a descer, pelo que tinha ir ter uns bons 20kms para retemperar as forças.
Até que chego à entrada da Arrábida e começo a ter cãibras na coxa esquerda quando pedalo com mais força. Aí penso que ainda vinha a grande subida deste Audace. Traço mentalmente o plano de contingência: no pior dos casos, faço 2kms a andar, mas não vou desistir. Quando a subida começa e tenho de pedalar com mais força, volta a cãibra. Desmonto, faço alongamentos, como mais uma barra e decido andar uns 200 ou 300 metros para ver se melhora. Sou abordado novamente pelo carro da organização que se oferecem para me dar uma boleia. Agradeço-lhes mas recuso. Afinal, só faltava uma subida de uns 2kms, depois é sempre a descer. Depois de ter feito 100kms não era agora que ia desistir.
E assim foi, segui a pé uns 200 metros até que aquela subida tinha terminado e decido voltar a pedalar. Já estava melhor e consegui fazer o resto da subida sem desmontar. Nesta altura grito mas ninguém me ouve: "Mas porque é que esta malta que define os percursos deixa sempre as piores subidas para o final do percurso?" A única resposta que obtenho é "se calhar, para gajos como tu não porem cá os pés". Encolho os ombros, sorrio e sigo viagem.
Chego ao segundo e último posto de controlo e sou novamente muito bem recebido. Estavam à minha espera para se irem embora. Como uma banana, bebo mais qualquer coisa, e agora é sempre a descer. Mas, alertam-me e bem para a inclinação acentuada das descidas, com curvas e contracurvas perigosas. E pronto, lá fui eu os últimos 20 kms sempre a abrir (moderadamente) até à recta final. É claro que ainda estavam esquecidas duas ligeiras subidas que depois de 110kms já não havia paciência. Mas o som do mar ali bem perto atenuou significativamente. Chego a Setúbal e vejo finalmente a BikeZone. À porta, o casal simpático, Rui e Sílvia, que tinha chegado minutos antes.
Foi assim o meu segundo Audace. De positivo, quase tudo: o tempo espectacular, o percurso com paisagem muito bonita e agradável, e todo o pessoal impecável, quer da organização, quer aqueles com quem fui pedalando. Hoje, embora com menos energia, quase não sinto cansaço e apenas uma ligeira dor no rabo na zona do selim e nos joelhos.
O que podia ter melhor: desconhecia que a sinalização do percurso estava nas placas e sinais de trânsito. Como o primeiro Audace estava sinalizado no chão, nem olhei para os sinais. Só dei por eles já tinha andado uns 70km quando o Rui me alertou para eles. Os meus preparativos também podiam ter sido melhores. Arranquei um dente 3 dias antes e ainda me doía. Tive de tomar Clonix e não me doeu durante o percurso.
Domingo há mais. Já me inscrevi para o 4º Audace - Massamá. É uma zona que conheço embora aquela subida de Alverca e de Montachique sejam tramadas. A boa notícia é que são mais cedo, km 46 e 67 se não estou em erro. Só espero que o tempo também ajude!
Obrigado, Luís