Na minha experiência, a maioria dos ciclistas respeitam as regras, respeitam os peões e os automobilistas, ainda assim, com certeza é bom reconhecer que há ciclistas que arriscam em demasia e não se comportam da melhor maneira. Por mais tentador que seja enterrarmos a cabeça na areia e fingir que toda a negatividade que cai sobre nós não existe, o silêncio nunca é uma solução para um problema. Para efectuar a mudança, é necessário falar, afirmar uma posição do nosso ponto de vista e defendê-la dando o exemplo. É a única forma de combater os estereótipos arraigados e mudar as mentalidades de quem não pedala.
Uma bicicleta não congestiona mas há quem se incomode por ter de a ultrapassar dando o obrigatório metro e meio de distância. E não é assim tão difícil, senão vejamos, basta um único carro mal estacionado para perturbar a fluidez do trânsito! Há quem se enerve quando se depara com um grupo de ciclistas a pedalar à sua frente e tem de abrandar a velocidade. Ainda ouço o argumento no qual o ciclista tem de circular o mais encostado à berma. FALSO.
O nº 3 do artigo 90 do Código da Estrada, diz:
“Os condutores de velocípedes devem transitar pelo lado direito da via de trânsito, conservando das bermas ou passeios uma distância suficiente que permita evitar acidentes” ...
E já é assim desde Janeiro de 2014
Nas estradas estreitas e sinuosas, onde desaparecemos a cada curva e contracurva, deveremos nos posicionar no espaço de estrada que sentimos estar mais a salvo, dentro da faixa de rodagem, afastados q.b. da berma. A postura em grupo, a par com outro colega ciclista, faz o automobilista abrandar a velocidade e respeitar a distância de metro e meio para uma ultrapassagem segura. Este comportamento é legal e eficaz, e desta forma estaremos mais visíveis ao tráfego. Pois com certeza que muitos nos vão amaldiçoar por estarmos ali, vão buzinar e acelerar para expressar a sua arrogância. Temos pena. A posição do ciclista é fundamental para a sua segurança.
Pode ser questionável para muitos automobilistas que julgam que o ciclista não tem o direito à estrada. Infelizmente é assim, mas o ciclista tem de saber lidar com esse assédio e não reagir negativamente à provocação. Ali o ciclista é a pessoa mais vulnerável e deve ser prudente na sua resposta, adoptando um comportamento adequado, não agravando uma situação que poderá colocá-lo em maior risco. Num acidente ninguém fica a ganhar, sendo que os mais vulneráveis da estrada não viajam dentro da bolha metálica. Como tal, todos devemos moldar os nossos comportamentos.
Defendo que o ciclista deve ser atencioso para com os automobilistas. Para cada um que abrandou e me respeitou, sempre que me seja possível eu aceno com um obrigado. É importante ser respeitoso no trânsito, independentemente dos sentimentos que nos foram impostos por condutores imprudentes e/ou com comportamentos agressivos.