Agora que faltam apenas dois dias para isto acabar (Domingo é só para a consagração), este Tour começa a ficar marcado pelo constante alimentar de expectativas que, no final, são uma vez mais adiadas. Ainda antes dos Pirinéus que a conversa vai sendo "amanhã é que é", "amanhã é que vamos ver espectáculo", "amanhã é que vão fazer-se diferenças", "amanhã é que o X ou o Y atacam assim ou assado". E lá vamos nós todos entusiasmados para a frente do ecrã à espera que os nossos desejos enquanto espectadores apaixonados por ciclismo se concretizem...mas, na maioria dos casos, o que fica mesmo no final é aquela sensação de "bah, podia ter sido melhor! Mas amanhã é que é...!"
Mas também sejamos justos e realistas, este Tour em comparação, por exemplo, ao do ano passado está a proporcionar um espectáculo bem interessante. Podia ser melhor? Claro que podia.
A falta de ousadia da Movistar muito tem contribuído para que as coisas não estejam mais acesas ou, pelo menos, mais espectaculares. Ok, compreendo que os lugares mais baixos do pódio e a liderança por equipas sejam motivos mais do que suficientes para a Movistar adoptar uma postura mais defensiva e, no fundo, dar-se por bastante satisfeita. Para além dos interesses desportivos, há sobretudo interesses económicos na base de tudo isso. Mas *****....eu, como espectador, gosto de ver espectáculo, gosto de ver garra, ambição, suor, paixão e não tenho visto nada disso na Movistar. O Valverde ainda começou por ser um dos ciclistas mais combativos nos Pirinéus, mas agora parece que acaba por obrigatoriamente ter de jogar a favor do interesse da equipa (o que é lógico e compreensível).
Como já referi anteriormente, aprecio a máxima do "antes partir que vergar" e, tendo isso em mente, aborrece-me solenemente ver um Quintana a correr...chato, chato, chato. Acomodado no 2º lugar, lança um outro tiro de pólvora seca só para cumprir calendário e limita-se a ir na roda dos restantes. Não gosto deste tipo de ciclistas e, com esta postura, só ganhará um Tour com uma inesperada conjugação de factores, um pouco como aconteceu com o Nibali o ano passado.
Depois temos o Contador, esse sim, um ciclista inconformado, que vai à luta, que tenta, que procura, que ataca, mesmo evidenciando que está longe do seu melhor e revelando uma cara de sofrimento que lhe é pouco habitual (no ataque de ontem isso era visível). Até pode ficar fora do top 5, até pode ficar em 50º, mas pelo menos tenta...e isso tem muito valor.
O Nibali está em crescendo e aos poucos vai apimentando a coisa, mas esperava mais dele nestas duas etapas de Alpes, principalmente nas descidas.
Quanto ao Froome, dinamitou a concorrência na etapa 10 e, desde então, limita-se a gerir a vantagem juntamente com uma equipa em grande nível, trabalho que está a ser feito de forma exímia e inteligente. No entanto, e partindo do princípio que o vencedor do Tour está encontrado, gostaria de o ver a ter mais um rasgo de irreverência e a lançar mais uns ataques à concorrência e, eventualmente, a ganhar uma etapa. Alp d'Huez seria ideal para isso e para mostrar inequivocamente que é o melhor ciclista deste Tour e que merece inteiramente a vitória.
Mas hoje é que vai ser.....ou não..!