E quando aquilo que parecia pura utopia ou um devaneio tão extravagante quanto inatingível passa a constituir a realidade? Dá vontade de beliscar, de esfregar bem os olhos, de respirar fundo e de pensar se realmente aconteceu? Os sonhos alimentam-se desta matéria, sendo que a concretização dos mesmos faz-nos planar um pouco antes de finalmente descer novamente à terra.
A Colnago Master é um sonho antigo, uma extravagância que habituei-me a ver em catálogo, a apreciar do outro lado do ecrã e a sentir em um ou outro devaneio da imaginação. Nunca, mas nunca mesmo, pensei ter oportunidade de ter uma bicicleta com esta carga simbólica, com esta singularidade e com esta intemporalidade. E é precisamente o carácter intemporal um dos factores que mais me seduz nesta bicicleta e num restrito lote de outros belos exemplares.
Confesso, sou um apaixonado por ciclismo e por toda a história e simbolismo associado à modalidade, sendo que bicicletas de outras eras são e sempre foram objectos de culto para mim. E quando falamos em objectos de culto associados ao ciclismo ocorrem-nos alguns nomes, sendo a marca italiana Colnago um dos mais imediatos.
No entanto, apesar do fascínio que esta sempre exerceu em mim, nunca andei desenfreadamente à procura de uma das suas bicicletas, quer seja por ainda não ter incorporado totalmente a vontade crescente de voltar ao aço como material de quadro, quer seja pelos valores proibitivos das mesmas. Mas quis o destino que eu me cruzasse com um belíssimo quadro Colnago Master X-Light parado há cerca de um ano e por estrear. A conversa fluiu e quando pensava que nem valeria a pena ponderar apoderar-me dele, salta uma proposta para cima da mesa que me deixou a pensar. Iniciaram-se três semanas de muita reflexão, muita pesquisa, muita ponderação e quando a razão já havia vencido a emoção (aquela que me dizia para ficar com a Colnago), eis que tudo se reconfigura e decido avançar para a concretização daquilo que, semanas antes, parecia intangível.
Como disse, esta bicicleta iniciou-se no seu quadro, o seu corpo e alma. Sendo o modelo de 2012, nunca foi estreado e aguardava uma primeira montagem. Num estado imaculado, deslumbra-nos com pormenores que fazem toda a diferença e que deliciam quem nutre admiração por este tipo de máquinas que passam ao lado do barulho das luzes dos carbonos, das aerodinâmicas, das gramas e do marketing agressivo. Este é um quadro baseado na sua primeira e mítica encarnação, há 30 anos atrás, e ganha forma pelas mãos de verdadeiros artesãos italianos, tendo no formato dos tubos, nos braze on e nos minuciosos lugs, na pintura, nos drop outs e na forqueta alguns dos pormenores que lhe conferem um carisma intemporal.
E a questão da intemporalidade é algo que, cada vez mais, lança o seu apelo sobre mim. O carácter descartável e ao sabor da maré no qual a indústria das bicicletas nos convida a embarcar faz cada vez menos sentido para mim, sendo que perseguia há algum tempo a ideia de apostar em algo sobre o qual não sentisse o apelo de me desfazer para comprar novo e com isso perder imenso dinheiro. O titânio passou a povoar-me a mente e foram várias as hipóteses que ponderei ao longo dos últimos 2 ou 3 anos, mas nunca avancei, essencialmente pelo preço proibitivo desse material. O aço, o nobre aço, começou mais recentemente a lançar o seu apelo e configurava-se como uma alternativa viável ao titânio, principalmente por ser mais barato…O que eu não imaginava é que viria a decidir-me por um quadro de aço com o carisma e a qualidade deste Master!
Mas vamos à montagem. Tendo o quadro como base, um dos princípios base quando lidamos com Colnago é seguir, dentro do possível, alguma uniformidade em termos de componentes, principalmente no que diz respeito à sua nacionalidade e contexto. Ora, nesse sentido, a transmissão só poderia recair na italiana Campagnolo, num misto de gamas que vão desde o Centaur (desviador da frente) ao Record (manetes), passando pelo Athena (pedaleiro) e Chorus ( desviador traseiro). Material com provas mais do que dadas, de uma beleza e qualidade inquestionáveis e uma novidade para mim, pois nunca usei Campagnolo. Os travões seguiram a mesma lógica e os Chorus foram os eleitos, na cor cromada a exemplo da restante transmissão, exceptuando as manetes. Potência e fiabilidade asseguradas.
Passando para as rodas, não encaixam perfeitamente naquilo que idealizo para esta bicicleta, mas andam lá perto. Uma vez mais, a escolha recaiu em marcas italianas e, blasfémia, cada roda sua marca. Á frente entra uma Fulcrum Racing 5 Evolution de baixo perfil e atrás uma Miche SWR Carbon de perfil. São rodas leves, robustas e com provas mais do que consolidadas. No entanto, uma vez que pretendo uma montagem mais sóbria para esta Colnago, ponderei desde logo trocar estas rodas pelas que equipam a minha Tarmac, umas sempre fiáveis e soberbas Mavic Ksyrium SL. Em princípio, será algo para concretizar a curto prazo, pois a própria Tarmac parece pedir o look mais racing e aerodinâmico desta conjugação que, de momento, tenho na Colnago.
Quanto a periféricos, foi algo pensado mesmo para uma situação temporária, isto enquanto não pondero calmamente um conceito mais homogéneo nesse âmbito que possa casar de uma forma mais harmoniosa com a Master. Assim, temos um guiador ITM, fabrico italiano e que até me agrada, um avanço em titânio da Look, que destoa um pouco do conjunto, embora seja de grande qualidade, e um espigão Race Face, este sim só mesmo para desenrascar, sendo a peça mais fora de contexto. Os pedais são os já por mim conhecidos, e nos quais deposito grande confiança, Look Kéo Classic, embora pondere colocar uns novos, pois os actuais são usados. Quanto ao selim, arrisquei num modelo clássico da San Marco, o Concor Light, consciente de que é algo que pode suscitar tantos amores quanto ódios, não só em quem o vê, como a mim próprio que não tenho qualquer ideia formada sobre o seu conforto. Vou experimentá-lo e, caso não goste, já tem outro destino e uma alternativa que julgo encaixar perfeitamente na Colnago, o Fizik Arione em preto.
Tenho a bicicleta há precisamente dez dias e ainda só me foi possível dar poucas pedaladas à frente de casa, não dando obviamente para tirar qualquer sensação ou conclusão da mesma. A estreia oficial está prevista para o próximo fim de semana e será uma caixinha de surpresas, sendo que estou muito curioso quanto ao comportamento do quadro, da transmissão (por ser Campagnolo e por ser de 11 velocidades), do selim e das rodas, tudo estreias para mim. As primeiras impressões serão deixadas no meu espaço destinado às voltinhas que vou dando. Neste espaço pretendo dar conta da evolução da bicicleta e recolher opiniões e conselhos quanto a dúvidas e a futuras mudanças, sendo que para já há uma que me inquieta: que grades de bidão escolher para esta bicicleta?
COLNAGO MASTER X-LIGHT
Forqueta: Colnago Precisa Chrome Steel
Roda Dianteira: Fulcrum Racing 5 Evolution
Roda Traseira: Miche SWR Carbon
Pedaleira: Campagnolo Athena 11 speed, 50/34, 172,5 mm
Desviador Frente: Campagnolo Centaur
Desviador Traseiro: Campagnolo Chorus
Cassete: Campagnolo 11 speed
Manetes: Campagnolo Record 11 speed
Travões: Campagnolo Chorus
Selim: San Marco Concor Light
Espigão: Race Face Evolve XC
Avanço: Look Titanium 100 mm
Guiador: ITM Racing Super 30 Anatomica
Pedais: Look Keo Classic
Pneus: Vittoria Rubino
A Colnago Master é um sonho antigo, uma extravagância que habituei-me a ver em catálogo, a apreciar do outro lado do ecrã e a sentir em um ou outro devaneio da imaginação. Nunca, mas nunca mesmo, pensei ter oportunidade de ter uma bicicleta com esta carga simbólica, com esta singularidade e com esta intemporalidade. E é precisamente o carácter intemporal um dos factores que mais me seduz nesta bicicleta e num restrito lote de outros belos exemplares.
Confesso, sou um apaixonado por ciclismo e por toda a história e simbolismo associado à modalidade, sendo que bicicletas de outras eras são e sempre foram objectos de culto para mim. E quando falamos em objectos de culto associados ao ciclismo ocorrem-nos alguns nomes, sendo a marca italiana Colnago um dos mais imediatos.
No entanto, apesar do fascínio que esta sempre exerceu em mim, nunca andei desenfreadamente à procura de uma das suas bicicletas, quer seja por ainda não ter incorporado totalmente a vontade crescente de voltar ao aço como material de quadro, quer seja pelos valores proibitivos das mesmas. Mas quis o destino que eu me cruzasse com um belíssimo quadro Colnago Master X-Light parado há cerca de um ano e por estrear. A conversa fluiu e quando pensava que nem valeria a pena ponderar apoderar-me dele, salta uma proposta para cima da mesa que me deixou a pensar. Iniciaram-se três semanas de muita reflexão, muita pesquisa, muita ponderação e quando a razão já havia vencido a emoção (aquela que me dizia para ficar com a Colnago), eis que tudo se reconfigura e decido avançar para a concretização daquilo que, semanas antes, parecia intangível.
Como disse, esta bicicleta iniciou-se no seu quadro, o seu corpo e alma. Sendo o modelo de 2012, nunca foi estreado e aguardava uma primeira montagem. Num estado imaculado, deslumbra-nos com pormenores que fazem toda a diferença e que deliciam quem nutre admiração por este tipo de máquinas que passam ao lado do barulho das luzes dos carbonos, das aerodinâmicas, das gramas e do marketing agressivo. Este é um quadro baseado na sua primeira e mítica encarnação, há 30 anos atrás, e ganha forma pelas mãos de verdadeiros artesãos italianos, tendo no formato dos tubos, nos braze on e nos minuciosos lugs, na pintura, nos drop outs e na forqueta alguns dos pormenores que lhe conferem um carisma intemporal.
E a questão da intemporalidade é algo que, cada vez mais, lança o seu apelo sobre mim. O carácter descartável e ao sabor da maré no qual a indústria das bicicletas nos convida a embarcar faz cada vez menos sentido para mim, sendo que perseguia há algum tempo a ideia de apostar em algo sobre o qual não sentisse o apelo de me desfazer para comprar novo e com isso perder imenso dinheiro. O titânio passou a povoar-me a mente e foram várias as hipóteses que ponderei ao longo dos últimos 2 ou 3 anos, mas nunca avancei, essencialmente pelo preço proibitivo desse material. O aço, o nobre aço, começou mais recentemente a lançar o seu apelo e configurava-se como uma alternativa viável ao titânio, principalmente por ser mais barato…O que eu não imaginava é que viria a decidir-me por um quadro de aço com o carisma e a qualidade deste Master!
Mas vamos à montagem. Tendo o quadro como base, um dos princípios base quando lidamos com Colnago é seguir, dentro do possível, alguma uniformidade em termos de componentes, principalmente no que diz respeito à sua nacionalidade e contexto. Ora, nesse sentido, a transmissão só poderia recair na italiana Campagnolo, num misto de gamas que vão desde o Centaur (desviador da frente) ao Record (manetes), passando pelo Athena (pedaleiro) e Chorus ( desviador traseiro). Material com provas mais do que dadas, de uma beleza e qualidade inquestionáveis e uma novidade para mim, pois nunca usei Campagnolo. Os travões seguiram a mesma lógica e os Chorus foram os eleitos, na cor cromada a exemplo da restante transmissão, exceptuando as manetes. Potência e fiabilidade asseguradas.
Passando para as rodas, não encaixam perfeitamente naquilo que idealizo para esta bicicleta, mas andam lá perto. Uma vez mais, a escolha recaiu em marcas italianas e, blasfémia, cada roda sua marca. Á frente entra uma Fulcrum Racing 5 Evolution de baixo perfil e atrás uma Miche SWR Carbon de perfil. São rodas leves, robustas e com provas mais do que consolidadas. No entanto, uma vez que pretendo uma montagem mais sóbria para esta Colnago, ponderei desde logo trocar estas rodas pelas que equipam a minha Tarmac, umas sempre fiáveis e soberbas Mavic Ksyrium SL. Em princípio, será algo para concretizar a curto prazo, pois a própria Tarmac parece pedir o look mais racing e aerodinâmico desta conjugação que, de momento, tenho na Colnago.
Quanto a periféricos, foi algo pensado mesmo para uma situação temporária, isto enquanto não pondero calmamente um conceito mais homogéneo nesse âmbito que possa casar de uma forma mais harmoniosa com a Master. Assim, temos um guiador ITM, fabrico italiano e que até me agrada, um avanço em titânio da Look, que destoa um pouco do conjunto, embora seja de grande qualidade, e um espigão Race Face, este sim só mesmo para desenrascar, sendo a peça mais fora de contexto. Os pedais são os já por mim conhecidos, e nos quais deposito grande confiança, Look Kéo Classic, embora pondere colocar uns novos, pois os actuais são usados. Quanto ao selim, arrisquei num modelo clássico da San Marco, o Concor Light, consciente de que é algo que pode suscitar tantos amores quanto ódios, não só em quem o vê, como a mim próprio que não tenho qualquer ideia formada sobre o seu conforto. Vou experimentá-lo e, caso não goste, já tem outro destino e uma alternativa que julgo encaixar perfeitamente na Colnago, o Fizik Arione em preto.
Tenho a bicicleta há precisamente dez dias e ainda só me foi possível dar poucas pedaladas à frente de casa, não dando obviamente para tirar qualquer sensação ou conclusão da mesma. A estreia oficial está prevista para o próximo fim de semana e será uma caixinha de surpresas, sendo que estou muito curioso quanto ao comportamento do quadro, da transmissão (por ser Campagnolo e por ser de 11 velocidades), do selim e das rodas, tudo estreias para mim. As primeiras impressões serão deixadas no meu espaço destinado às voltinhas que vou dando. Neste espaço pretendo dar conta da evolução da bicicleta e recolher opiniões e conselhos quanto a dúvidas e a futuras mudanças, sendo que para já há uma que me inquieta: que grades de bidão escolher para esta bicicleta?
COLNAGO MASTER X-LIGHT
Forqueta: Colnago Precisa Chrome Steel
Roda Dianteira: Fulcrum Racing 5 Evolution
Roda Traseira: Miche SWR Carbon
Pedaleira: Campagnolo Athena 11 speed, 50/34, 172,5 mm
Desviador Frente: Campagnolo Centaur
Desviador Traseiro: Campagnolo Chorus
Cassete: Campagnolo 11 speed
Manetes: Campagnolo Record 11 speed
Travões: Campagnolo Chorus
Selim: San Marco Concor Light
Espigão: Race Face Evolve XC
Avanço: Look Titanium 100 mm
Guiador: ITM Racing Super 30 Anatomica
Pedais: Look Keo Classic
Pneus: Vittoria Rubino