As minhas primeiras bicicletas foram as, naquela época, tradicionais pasteleiras. Uma delas, uma Rudge inglesa, verde escura com riscos finos dourados ou prateados, já não me recordo exactamente, era um modelo sport muito avançado para a época e que transformei quase numa verdadeira bicicleta de competição, trocando-lhe o guiador inicial por um de corrida que cobri com uma fita plástica também verde e despojando-a de tudo o que estivesse a mais, guarda-lamas, campainha e caixa de ferramentas (não tinha iluminação). Não sei de que material era feito o quadro, suponho que fosse aço, nem qual a marca dos periféricos, mas recordo que os aros eram muito leves e creio que seriam de alumínio. Estávamos ainda no tempo das mudanças no guiador e com esta máquina venci (!) uma corrida de populares e dei o meu primeiro monumental trambolhão quando caí numa vala mal assinalada, também numa corrida dessas. Estávamos nos últimos anos da década de sessenta e à Rudge, à qual eu não ia dando uma vida muito tranquila, veio juntar-se de prenda uma máquina nova, desta vez uma CBL Endrik Sport preta e com riscos prateados. Era um modelo De Luxe com todos os requintes que uma bicicleta tradicional podia ter naquela época e se à Rudge eu dava tratos de polé, na Endrik não podia pousar uma mosca...
Quadro de aço, ainda mudanças (3) no guiador, dos periféricos só me lembro da marca dos travões, Lusito. Esta bicicleta, hoje em mau estado por abandono, ainda existe arrumada num barracão da casa paterna à espera que qualquer dia eu me lembre de a restaurar.
Creio que em 1979, comprei a minha primeira bicicleta realmente de corrida, como então se designavam as bicicletas de estrada. Era uma Confersil verde, em aço, cassete de 5 mudanças com manípulo no quadro e de que também só me recordo da marca dos travões, os habituais Lusito. Comprei-a já usada, embora com muito pouco uso e em estado de nova e custou 5.000$00, uma boa compra. Terei andado com ela cerca de dez ou onze anos, altura em que a troquei por uma Sangal azul turquesa pela qual dei a Confersil mais 17.500$00, um valor significativo por uma bicicleta naqueles anos. Quadro em molibdénio e pedaleira Tronghlight, desviador Sachs Huret, travões Lusito, aros Rodi, assento Velo, cassete de 6 mudanças, no quadro. Uma evolução significativa, especialmente na diminuição de peso do quadro e muito bons serviços na estrada ao longo de mais uns dez anos. Ainda tenho esta bicicleta na garagem, bem conservada e em uso esporádico na estrada e frequente no Tacx. No início do século, nova bicicleta. Estava em alta no ciclismo internacional a equipa espanhola Once, que usava as Giant OCR. Vi as máquinas, gostei delas e comprei uma OCR Réplica, em alumínio, com triplo pedaleiro e equipamento Campagnolo Veloce. Amarela, com elementos decorativos secundários em preto e cinzento e monograma da Once. Continua uma máquina actual e eu continuo a usá-la com plena satisfação.
Abril passado, veio a Goka One em carbono, grupo Shimano 105, Compact e rodas Ksyrium Elite, 7.780 kg de peso e, claro, a melhor máquina de todas as que montei até hoje.
No meio de todo este percurso, uma curiosidade interessante: entre a Sangal e a Giant, numa fase de muita hesitação na máquina a comprar, na altura entre uma Gios que foi tripulada pelo antigo ciclista Ricardo Felgueiras e uma Carrera vermelha e branca lindíssima mas ainda com manete de mudanças no quadro, andei alguns meses com uma máquina emprestada, cuja marca não recordo neste momento, que fez um oitavo lugar na Volta à França debaixo do Laurent Jalabert. Essa bicicleta foi comprada em França no final da época desse ano e, apesar de ser em alumínio, tinha um quadro fabuloso. Extremamente leve e cómodo (nem sei a altura do Laurent Jalabert), era uma coisa fantástica, notava-se a diferença logo que se rolavam os primeiros metros...