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O mal, o bem... e a aleatoriedade da vida...

cconst

Well-Known Member
Aquando a preparação para o batismo da minha filha mais velha, numa conversa com o pároco da igreja onde se iria realizar a cerimónia, este perguntou-me se eu era praticante. O que ele foi perguntar...

Em adolescente, quando me comecei a questionar de tudo - especialmente por causa das injustiças e dos comportamentos de alguns membros da Igreja da qual eu era membro - comecei a abandoar a Igreja e a viver a religião da minha maneira. Expliquei o porquê... e o que me incomodava mesmo muito: o existirem tantos praticantes e defensores da Igreja que pela frente eram uma pessoa quando na realidade eram outra. O pároco apenas me respondeu: São precisamente esses que mais precisam de nós. Que mais precisam da nossa ajuda. E é por esses que não nos devemos afastar mas sim estender a mão. Isto mudou um pouco a minha forma de estar na religião e na Igreja (aqui Igreja como comunidade que se une numa fé).

Religiões à parte, existem pessoas que pelas suas vivências são aos olhos dos outros más. Mas nunca nos podemos esquecer de enquadrar a realidade de cada um e os conhecimentos que cada um adquiriu até à data.

Essas questões de porque é que Deus sendo omnipresente e omnipotente deixa que aconteçam tantas atrocidades por esse mundo fora são mais do que naturais. Eu entendo que Deus está em nós. Nós como individuo temos um raio de ação curto, mas enquanto comunidade o nosso raio de ação chega mais longe. Pode chegar p.e. para acabar com a fome de [pelo menos algumas] crianças. Pode acabar com as guerras.... Se nos unirmos todos pelo "bem" maior. Acontece que nem todos são assim, e o circulo de influência que começa numa determinada pessoa (pode ser tu @Cláudio ) termina numa pessoa "má", que não acredita em fazer o bem aos outros.
 

topoman

Active Member
Mas quanto a essa questão da liberdade tem de se definir uma coisa... Ou Deus é omnipotente, omnisciente e omnipresente, controlando assim todas as coisas ou então, não tendo interferência em nada e sendo nós livres para tudo, também não vejo a utilidade da sua existência.

Bem... Deus não pode ser omnipotente (tudo pode), omnipresente (sempre presente) e omnisciente (tudo saber) e dar liberdade de escolha a qualquer pessoa?
Não vês utilidade da existência, pois não acreditas, tudo bem... mas e eu que acredito? Não posso acreditar e ver utilidade?
Eu gosto de ser livre nas minhas escolhas, boas e más, mas gosto de acreditar que há alguem superior a mim, ou alguém que vive em mim que me dá forças para fazer tudo, e que está sempre comigo... gosto de ter fé... que muda com os tempos, que às vezes é mais forte e outras mais fraca...
Isto é realmente uma questão que dá pano pra mangas, camisolas, casacos... pra tudo. Mas uma questão que às vezes penso é porque raio é alvo de discussão (acesa não é debater...) quando nisto ninguém está certo ou errado? Simplesmente tem-se uma opinião, igual e/ou diferente uns dos outros...
 

Negoci8er

Well-Known Member
Quando vejo alguma coisa errada (aos meus olhos), sou aquela pessoa "chata" que procura contactos de e-mail para expor as situações.

Vou partilhar uma situação em que resolvi protestar.

Um dos meus rituais preferidos nas minhas voltinhas de bike, é passar pelo Sameiro e depois da subida repor as energias a contemplar a cidade de Braga. Para quem não conhece, o recinto tem um patamar junto à Cripta onde é possível apreciar toda a cidade. O recinto é proprietário da "igreja" e penso que é "gerido" pela Confraria do Sameiro, tendo o seu responsável máximo o Cónego José Paulo Abreu.

Tanto no recinto do Sameiro, como mais abaixo no Bom Jesus, havia muitas histórias de ciclistas que desciam os escadórios de bicicleta a grande velocidade e outras habilidades, causando perigo para os pedestres.

As Confrarias resolveram colocar placas a proibir a circulação de bicicletas no recinto.

Fiquei proibido de me deslocar no recinto de bicicleta, comer a minha barrinha e contemplar pacificamente a paisagem.
Sempre fui muito cuidadoso e respeitador. Tendo cuidado com os pedestres e circulando a baixa velocidade.

Resolvi enviar um e-mail para o Cónego José Paulo, a expor a situação.
Perguntei-lhe se a "igreja" ensinava a corrigir os que erram ou a proibir os que erram?
Aguardei pela resposta.
...
...
Procurei outro e-mail dele, pensei que o e-mail estivesse inativo e mandei a mesma mensagem.
...
...
Ainda hoje aguardo uma resposta.
A verdade é que passado 1 ou 2 anos as placas foram retiradas. :)
 

Cláudio

Well-Known Member
Bem... Deus não pode ser omnipotente (tudo pode), omnipresente (sempre presente) e omnisciente (tudo saber) e dar liberdade de escolha a qualquer pessoa?
Não vês utilidade da existência, pois não acreditas, tudo bem... mas e eu que acredito? Não posso acreditar e ver utilidade?
Eu gosto de ser livre nas minhas escolhas, boas e más, mas gosto de acreditar que há alguem superior a mim, ou alguém que vive em mim que me dá forças para fazer tudo, e que está sempre comigo... gosto de ter fé... que muda com os tempos, que às vezes é mais forte e outras mais fraca...
Isto é realmente uma questão que dá pano pra mangas, camisolas, casacos... pra tudo. Mas uma questão que às vezes penso é porque raio é alvo de discussão (acesa não é debater...) quando nisto ninguém está certo ou errado? Simplesmente tem-se uma opinião, igual e/ou diferente uns dos outros...

Repara que se ele for omnisciente essa liberdade de que falas é uma ilusão. Se ele está, pode e sabe tudo, significa que todo a passado, presente e futuro já está definido, ele já sabe tudo que aconteceu e irá acontecer. Portanto, essa liberdade é ilusória, a não ser que ele intervenha com a sua omnipotência e omnipresença. Mas se intervir essa liberdade já é limitada. A questão é que se ele pode intervir e não o faz, torna-o um ser nada benevolente, tendo em conta os casos que eu mencionei atrás, como as crianças que passam fome toda a vida, puro sofrimento até morrerem precocemente. Se ele é omnisciente e sabe que isso vai acontecer e não intervém, interpreto que não é um bom ser ou não é omnipotente. Se não for omnipotente e apenas omnisciente, lá está... Ele sabe tudo, mas nada faz, para que serve então? Para quê rezar-lhe e fazer pedidos se não pode intervir? Estou a falar de um ponto de vista racional. Entendo que, mesmo com todas estas questões e contradições as pessoas sintam segurança e bem-estar ao crer em algo superior. E eu disse que não via utilidade na existência caso seja um ser que não pode ou quer fazer por nós, que apenas se senta a ver com a sua sabedoria superior...
São apenas questões filosóficas complexas. Acho que só é alvo desse tipo de discussões quando as pessoas são algo fanáticas e fechadas ao pensamento, coisa que está longe de acontecer aqui neste tópico. E ainda bem que há diferentes opiniões e perspectivas! Que seca seria termos todos a mesma opinião. É bom podermos partilhar ideias diferentes de uma forma saudável. Nunca é demais tentar entender as outras pessoas.
 
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