fernandes_85
Well-Known Member
Acho que este texto merece ser partilhado:
"Tenho um filho espectacular de 7 anos. Partilhamos tudo, felicidade, alegria, tristezas, medos. É a vida que sempre sonhei ter. O meu maior sonho. O meu filho é a minha luz e seguramente eu sou a luz dele. Temos tantos momentos só nossos, em que ele espera por mim até eu chegar. Não consigo imaginar a minha vida sem ele. E tenho a certeza que ele não consegue imaginar a vida dele sem mim.
A P** estava grávida. Tinha começado a ir de bicicleta para o trabalho. Ia a circular, feliz na sua vida, quando um automobilista distraído a levou à frente. A P** morreu e o seu filho também.
Vivo numa zona residencial em que é frequente circularem carros a alta velocidade, ignorando a velocidade de 30km/h assinalada pelos sinais. Em frente à minha casa existe um mini mercado. O meu filho adora ir sozinho ao mini mercado. Ele sente-se independente e crescido. Confesso que fico com o coração nas mãos de cada vez que o deixo ir sozinho. Grito 20 vezes para ter cuidado com os carros mas não descanso até ele estar de novo em casa.
Há 50 anos atrás uma vaga de atropelamentos na Holanda fê-los mudar todo o conceito da suas cidades. Começaram a projetar uma cidade para as pessoas em vez de para os carros. Demoraram muitos anos a chegar onde estão hoje mas os atropelamentos por carros diminuíram drasticamente.
Em Pontevedra, Espanha, decidiram há 10 anos reduzir a velocidade para 30km/h. Desde então houve ZERO vitimas mortais de atropelamento e houve uma diminuição drástica de feridos graves.
Há um ano atrás a Ana foi morta numa passadeira quando um automobilista em excesso de velocidade e que passou um vermelho a matou. Foi em Lisboa.
Até quando queremos viver assim? Todos os anos centenas de pessoas são atropeladas por automobilistas distraídos e prevaricadores.
Há uns tempos decidi ir de bicicleta para o trabalho, apesar de morar em Carcavelos e trabalhar em Almada. É um percurso lindo, confesso. Seguir rente ao rio, ver o nascer do sol, aquela luz matinal linda, ver a imponência da ponte. É mesmo bonito. Mas existe um lugar sombrio nesta viagem. Entre o final do Paredão de Oeiras e a ciclovia de Caxias não existe uma alternativa segura para seguir a minha viagem e eu vejo-me obrigada a circular na Marginal com carros a 70km/h, que me ultrapassam com nenhum cuidado, para chegarem ao sinal 4 segundos antes de mim. Detesto esse percurso. Vou a rezar (e nem acredito em Deus) durante aqueles poucos quilómetros, durante todos os segundos, para que os automobilistas me vejam, passem devagar por mim e não me matem. Tenho um filho PORRA. NÃO QUERO MORRER! Só quero ir de bicicleta para o trabalho. Sou feliz assim, excepto durante aqueles minutos.
Talvez perguntem, porque andar de bicicleta na Marginal se tenho medo? Porque não quero ensinar ao meu filho que devemos desistir do que nos faz feliz só porque há obstáculos. Quero ensinar-lhe que devemos lutar por um mundo melhor e não podemos deixar o medo vencer-nos.
A P** também era feliz na sua bicicleta e ainda mais à espera do seu filho.
Vamos continuar a tentar implementar cidades mais seguras para as pessoas. Vamos fazer uma homenagem à P**.
Se algo do que eu disse vos faz sentido apareçam. Juntos somos mais fortes.
Sei que esta publicação já vai MUITO LONGA mas não posso deixar de referir apenas uma última frase:
Em cima de uma bicicleta não vai um ciclista, VAI UMA VIDA.
PS: Não vou responder a comentários sobre guerras entre automobilistas e pessoas que andam de bicicleta. Peço respeito à memória da P**.
Sejam felizes, não se deixem vencer pelo medo e lutem, lutem por um mundo melhor à vossa maneira.❤"
Fonte: Facebook (não identifico a autora propositadamente)
"Tenho um filho espectacular de 7 anos. Partilhamos tudo, felicidade, alegria, tristezas, medos. É a vida que sempre sonhei ter. O meu maior sonho. O meu filho é a minha luz e seguramente eu sou a luz dele. Temos tantos momentos só nossos, em que ele espera por mim até eu chegar. Não consigo imaginar a minha vida sem ele. E tenho a certeza que ele não consegue imaginar a vida dele sem mim.
A P** estava grávida. Tinha começado a ir de bicicleta para o trabalho. Ia a circular, feliz na sua vida, quando um automobilista distraído a levou à frente. A P** morreu e o seu filho também.
Vivo numa zona residencial em que é frequente circularem carros a alta velocidade, ignorando a velocidade de 30km/h assinalada pelos sinais. Em frente à minha casa existe um mini mercado. O meu filho adora ir sozinho ao mini mercado. Ele sente-se independente e crescido. Confesso que fico com o coração nas mãos de cada vez que o deixo ir sozinho. Grito 20 vezes para ter cuidado com os carros mas não descanso até ele estar de novo em casa.
Há 50 anos atrás uma vaga de atropelamentos na Holanda fê-los mudar todo o conceito da suas cidades. Começaram a projetar uma cidade para as pessoas em vez de para os carros. Demoraram muitos anos a chegar onde estão hoje mas os atropelamentos por carros diminuíram drasticamente.
Em Pontevedra, Espanha, decidiram há 10 anos reduzir a velocidade para 30km/h. Desde então houve ZERO vitimas mortais de atropelamento e houve uma diminuição drástica de feridos graves.
Há um ano atrás a Ana foi morta numa passadeira quando um automobilista em excesso de velocidade e que passou um vermelho a matou. Foi em Lisboa.
Até quando queremos viver assim? Todos os anos centenas de pessoas são atropeladas por automobilistas distraídos e prevaricadores.
Há uns tempos decidi ir de bicicleta para o trabalho, apesar de morar em Carcavelos e trabalhar em Almada. É um percurso lindo, confesso. Seguir rente ao rio, ver o nascer do sol, aquela luz matinal linda, ver a imponência da ponte. É mesmo bonito. Mas existe um lugar sombrio nesta viagem. Entre o final do Paredão de Oeiras e a ciclovia de Caxias não existe uma alternativa segura para seguir a minha viagem e eu vejo-me obrigada a circular na Marginal com carros a 70km/h, que me ultrapassam com nenhum cuidado, para chegarem ao sinal 4 segundos antes de mim. Detesto esse percurso. Vou a rezar (e nem acredito em Deus) durante aqueles poucos quilómetros, durante todos os segundos, para que os automobilistas me vejam, passem devagar por mim e não me matem. Tenho um filho PORRA. NÃO QUERO MORRER! Só quero ir de bicicleta para o trabalho. Sou feliz assim, excepto durante aqueles minutos.
Talvez perguntem, porque andar de bicicleta na Marginal se tenho medo? Porque não quero ensinar ao meu filho que devemos desistir do que nos faz feliz só porque há obstáculos. Quero ensinar-lhe que devemos lutar por um mundo melhor e não podemos deixar o medo vencer-nos.
A P** também era feliz na sua bicicleta e ainda mais à espera do seu filho.
Vamos continuar a tentar implementar cidades mais seguras para as pessoas. Vamos fazer uma homenagem à P**.
Se algo do que eu disse vos faz sentido apareçam. Juntos somos mais fortes.
Sei que esta publicação já vai MUITO LONGA mas não posso deixar de referir apenas uma última frase:
Em cima de uma bicicleta não vai um ciclista, VAI UMA VIDA.
PS: Não vou responder a comentários sobre guerras entre automobilistas e pessoas que andam de bicicleta. Peço respeito à memória da P**.
Sejam felizes, não se deixem vencer pelo medo e lutem, lutem por um mundo melhor à vossa maneira.❤"
Fonte: Facebook (não identifico a autora propositadamente)