Já por duas ocasiões durante as minhas pedaladas a solo, fui mandado parar e no imediato abordado pelos agentes da PSP, que na sua diligente função fiscalizadora me relembraram a obrigação de confinamento. Que não estando a circular no concelho de residência estaria em clara violação da restrição de circulação entre concelhos.
Evidentemente que eles estão ali para fazer cumprir a Lei, e a Lei é clara: Impera o dever de recolhimento. Toda e qualquer excepção deve ser usada apenas como a excepcão. Dita o bom senso que todos devemos cumprir o dever de confinamento e não abusar das ditas excepções. Na prática, significa que, por exemplo, não são permitidas atividades físicas de longa duração/quilometragem.
O decreto governamental não especifica em quilómetros a distância que podemos percorrer de bicicleta, mas segundo o agente, se estiver a pedalar num local a mais de 20km's de casa não há justificação possível. Excepto, claro, os ciclistas profissionais!!!
Numa dessas ocasiões tive de desfilar os meus argumentos para salvar a pele:
“Mas, xôr agente, como ciclista amador e utilizador regular da bicicleta, pois desloco-me para e do trabalho nela todos os dias, a bicla é o meu meio de transporte preferencial; Como profissional de saúde, maior e vacinado com as duas doses no bucho, estou ciente dos riscos inerentes; Como diabético, que necessita do ciclismo como de pão para a boca, são os benefícios das longas pedaladas os que procuro obter para regular o açúcar no sangue. Se atravesso o rio Douro para pedalar no vizinho concelho de Gaia, não é apenas por mero prazer mas é também para poder passar à porta do meu pai, viúvo e que vive sózinho, só paraum aceno e ver se está bem”.
Prontes... lá fui desculpado do meu grave delito que é atravessar a ponte e liberado da módica multazinha, mas como já referi em outro tópico, tenho um amigo e colega de trabalho que não se safou e acabou 200€ mais pobre.
Assim, e depois de uma semana com mais de uma centena de quilómetros em modo comute, ao fim de semana fico restringido aos 41 km² do concelho do Porto, como um rato dentro de uma gaiola.