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Voltas de aço.

Bk75

Member
O quadro é feito de tubos de aço que são juntos por cachimbos, que ficam nas extremidades e depois soldados (de certeza que há um termo técnico que desconheço). O tubo que vai da testa ao movimento pedaleiro e o que vai também da testa ao espigão de selim tinham ficado dobrados ligeiramente da pancada. Depois da peritagem feita o quadro foi para a Masil, onde retiraram esses dois tubos na totalidade e meteram outros novos, supostamente iguais, pois o Manel da Lousa disse que ele antigamente chegou a montar lá vários quadros Razesa, e por isso ainda teria por lá alguns dos tubos de aço dos que se usavam. Feito esta troca de tubos foram novamente soldados aos tais cachimbos, lugs em inglês, e pronto, foi para pintar e ficou como se fosse um quadro novo.


Lá está, bem diferente do "usa e deita fora" da sociedade de consumo que publicita os quadros de carbono.
 

Bruso

Well-Known Member
Excelente passeio. Ver um grupo de ciclistas a passar montados em bicicletas históricas deve ser muito bom.
Aqui na Madeira há um grupo que restaura bikes antigas e de vez em quanto dá uns passeios mas nada deste genero...é tudo dentro do funchal em zona plana e só alguns km's. Mas por acaso nunca me cruzei com elas...só vi pelas fotos.

Parabéns e ainda bem que tudo se resolveu bem.
 

hugosamuel

New Member
Boas,

Folgo em saber que tanto o companheiro como a Razesa estao de volta. Da-me sempre arrepios ouvir historias de atropelamentos e acidentes e apesar de ter o seguro da FPCUB para alguma eventualidade fico contente por nunca ter tido necessidade de o utilizar.

Gosto de bicicletas de aco, da sua estetica, do conforto que proporcionam e do lugar que ocupam na historia do ciclismo. A minha bicicleta tambem e de aco, uma Celestino de que nao sei nada de historia a nao ser que era uma loja de Torres Vedras que fazia montagens com o seu nome e que comprei em segunda mao num anuncio do CustoJusto. Nao tem o requinte de uma Razesa ou de outras marcas reputadas mas e a que uso para as minhas voltas sejam em plano, a descer ou a subir e apesar de so ter 6 velocidades isso nao serve de desculpa para deixar de ir seja onde for.

A ideia inicial era restaurar e deixa-la como seria em nova mas um problema no pedaleiro fez-me mudar de ideias. A rosca do quadro moeu ligeiramente e apesar de ter conseguido instalar um pedaleiro mais recente da shimano que se mantem por artes magicas, deixou de ser viavel para um projecto futuro. Alguma coisa surgira no futuro, basta estar atento mas nao desisto da ideia de construir uma boa bicicleta de aco...

Por ora a Celestino esta num registo mais utilitario, pau para toda a obra, desde treinar a voltas maiores, ou mesmo para me deslocar ate a casa de fim de semana em Sao Martinho do Porto enquanto o resto da famiia vai de carro. E a verdade e que quando comparo os meus tempos com o de alguns amigos em trajectos conhecidos, nao fico para tras o que significa que o aco e um material com muito para dar.
 

pratoni

Well-Known Member
hugosamuel, tem atenção aos classificados que por vezes aparecem "reliquias" que os donos nem sabem o que têm e querem é despachar.

Também acontece o contrário em que os donos têm verdadeiros chaços e querem vender ao mesmo preço de novas, mas isso já é outra conversa...
 

grouk

Active Member
isso a mim irrita me por demais, ando a procura de uma bike de ferro para fazer uma coisa que é por uma roda 26 a frente virar o guiador ao contrario a imitar as bikes de tt do inicio dos anos 80 e tenho visto verdadeiros chaços a preços de loucos, irrita me bastante quando o pessoal quer enriquecer de qualquer forma, sei que cada um é livre de pedir o que quiser mas como se diz aqui na minha terra a vontade não é a vontadinha, isto ainda não é a América em que qualquer porcaria
 

pratoni

Well-Known Member
575€ pela última!!!???!!!!

É só rir.................

A 2ª é um verdadeiro chaço mas, pelo que ele está a pedir, tá-se bem...

A 1ª é que parece ser esquisita porque o gajo já lhe mexeu, mas de certeza que é enorme para ele....
 

Skyforger

Active Member
Não é muito fácil encontrar bons negócios e grandes achados nos classificados em Portugal, pelo menos quando comparando com países como a Alemanha, a França, a Inglaterra ou a Itália. Convido-vos a dar uma vista de olhos pelos classificados de bicicletas antigas desses países... Por cá, percebendo alguma coisa do assunto, vai-se conseguindo encontrar algumas pechinchas, mas é cada vez mais raro.

grouk, curiosamente foi precisamente para os lados de Viseu que comprei uma bicicleta antiga a muito bom preço que estou agora a transformar e que posso considerar um bom achado, dada a qualidade do quadro e de alguns componentes. Antes de embarcarem nesses negócios de OLX, Custojusto e afins, informem-se bem primeiro...
 

fjota

Member
Para fazeres um achado desses também tens de perceber da coisa.

Off-topic:
Aqui na Madeira tem estas duas à venda:
http://www.cybermadeira.com/classificado-234434-raleigh-ciclismo.html

http://www.cybermadeira.com/classificado-257308-bicicleta-de-ciclismo-antiga.html

http://www.cybermadeira.com/classificado-252699-bicicleta-antiga.html

Eu cá olho para elas e não dou nada...

De facto há coisas que...

Olha essa 2ª bike, se pudesse enviar eu compro...só essa pedaleira vale 3 vezes o que ele pede...
Está um chasso, sem duvida, mas só a pedaleira e caixa de direção...:D valem bem o preço, pena que não tenha o conjunto de travoes completos.
Isso é material Mavic...bem dificil de arranjar.

aqui está...

http://www.ebay.com/itm/Vintage-Mav...127?pt=LH_DefaultDomain_0&hash=item2c81ff9e6f
 

fjota

Member
Então vale só pela pedaleira xD

Pois...:D é +/- isso...
O quadro não me parece, só vendo bem, mas ele diz que ''aceita propostas'' :D os 30€ pode ser só ''exemplificativo''
Mas vende bem é às peças, porque como ''bicicleta''...aquilo percebesse que foi metendo ali peças...
 

fjota

Member
comunica com o vendedor para te enviar apenas a pedaleira pelos 30€...LOL

o que é LOL?
Quem não sabe é como quem não vê...que se há-de fazer...eu sei que aqui é mais sobre bicicletas modernas, mas fazer esse tipo de piadas e pensar que está a dizer uma grande coisa é que é LOL.
 

pratoni

Well-Known Member
LOL seria para ver a cara do vendedor que pensa que aquilo é um "chaço" e depois alguém pedir apenas especificamente uma das peças do "chaço" e depois vai pensar o porquê, caso, como muita gente aqui(incluindo eu), não reconheceria que aquela pedaleira até é um componente "vintage"...
 

fjota

Member
LOL seria para ver a cara do vendedor que pensa que aquilo é um "chaço" e depois alguém pedir apenas especificamente uma das peças do "chaço" e depois vai pensar o porquê, caso, como muita gente aqui(incluindo eu), não reconheceria que aquela pedaleira até é um componente "vintage"...

Ok, mas eu conheço alguma coisa, porque até gosto bastante das bicicletas antigas porque eram o sonho de criança ''a bicicleta de ciclista'' :) e eram todas assim aço ou até mesmo em ferro, mas todas muito semelhantes (a olho, claro) hoje em dia variam em tudo e mais alguma coisa, quase que tens 2 bicicletas e quase que nem os parafusos tem iguais numa e noutra.
No entanto esta, parece ser mesmo chaço...o quadro não parece ser de aço sequer... mas de facto ali 3 componentes valem ainda dinheiro... acaba por ser irónico porque logo naquela há ali uma coisa que vale dinheiro ;)
 

stilo

Member
O que são bicicletas de aço ou ferro?
Como posso saber o que é aço ou não o é só pelo olhar?
 
Last edited:

onlaine

Member
Começo por dizer que o seguinte texto não foi escrito por mim mas sim pelo Duarte Nuno, um dos outros três intervenientes nesta aventura em que nos metemos. Basicamente a ideia foi ir para a Covilhã no dia anterior (sábado) e no domingo logo pela fresquinha, 5h da manhã, começar a subir a partir da Covilhã para a Torre, depois descer por Manteigas, voltar à Covilhã e seguir para Lisboa, tudo de bicicleta, que deu 400km e uns pós. O desafio foi completado e é uma volta que nunca irei esquecer, foi mesmo muito bom!

- Link para a volta no Strava: http://www.strava.com/activities/140149826

- Link para mais fotografias no Flickr: https://www.flickr.com/photos/olino/sets/72157644702198193

Deixo então o texto e algumas fotografias.

Não sei a que horas me levantei para urinar, nem queria ver pois tinha medo de não voltar a adormecer visto que, normalmente, quando dou estas voltas grandes fico com insónias. E desta vez mal bati com as costas no sofá-cama adormeci.
4:30 o despertador toca e parece que toda a gente já estava acordada. Toda a gente tomar o pequeno almoço, a vestir, enchimento os bidões, o Olino afinal não tomou banho, nem ninguém, queríamos era subir até ao ponto mais alto de Portugal continental.
Eu sentia uma ansiedade inicial, “será que consigo?” “será que há gelo na estrada?” “será que vou ter frio?” “como é que vai ser a descida?” “espero que não haja vento, pelo menos muito e já agora de frente”.
O arranque deu-se e o Lino disse
“Espera que não consigo carregar o mapa.” só me apetecia continuar a pedalar, porque queria mesmo e a partida já estava dada. Mas é para partirmos juntos.
O que nós combinamos é que na subida cada um vai ao seu ritmo, ninguém espera por ninguém, só se para na Torre. À saída da Covilhã (local de onde nós tínhamos partido, mais precisamente Refugio) formou-se dois grupos eu e o Gonçalo na dianteira, o Lino e o Olino mais atrás. Tirei os manguitos e luvas, já estava com calor.

G0071401 by Helder Olino, on Flickr

Até às Penhas da Saúde o declive era notório e o sol ainda não nos fazia companhia. Mais à frente e antes das Penhas da Saúde a serra deu-nos descanso, não muito para não ficamos mal habituados.
Penhas da Saúde aparece a marca dos 1500 metros, já só faltam 400 metros de acumulado e o maldito vento bate de frente, visto os manguitos e calço as luvas. Vai ser assim até ao topo com tendência de aumento. Volta a percentagem de inclinação a aumentar. Passamos pela Pousada da Juventude, e claro que toda a gente estava ainda a dormir. O lago do Viriato estava cheio e sabia que depois de o passar era a descer. Parecia menos inclinado para a velocidade que ia, o velocímetro passa dos 12/14 km/h para 30 - 40 - 50, até os 61km/h sem pedalar. Aproveitei para descansar as pernas porque o dedo do Gonçalo aponta para o que tínhamos ainda para subir.

G0241635 by Helder Olino, on Flickr

Agora só pára lá em cima. Lembro que mesmo antes de começarmos a subir eu digo
“A sorte é que vamos ter o vento de costas a subir” como qualquer ciclista sabe, o vento nunca está de costas, é um facto científico.
Quando eu e o Gonçalo chegamos ao topo dessa parede, vemos que o Olino e o Lino estão a começar a fazer a descida depois do lago do Viriato. O Gonçalo tenta assobiar para ver ser eles o ouviam, mas as forças já deviam ser poucas porque eu mal ouvi o assobio dele e vinha ao lado dele.

G0281710 by Helder Olino, on Flickr

Chegámos à última indicação para a Torre. Já não sei em que parte da subida me lembrei de desafiar o Gonçalo a um bike sprint na última recta até à Torre, mas quando chegamos lá achei que não havia força para isso. Quando estávamos a chegar a Lisboa, eu em conversa com o ele descobri que ele se lembrou do mesmo. Felizmente nenhum de nós propor isso. Gonçalo, fica o desafio para a próxima.
Chegados ao topo o vento soprava com mais força. A alegria de chegar ao topo contrastou com a tristeza de como está mal tratado o maior acidente geográfico de Portugal continental. Parecia que tinha havido uma guerra.
Agora é esperar pelos outros dois abrigados na porta do café que estava fechado. Passado um bocado lá aparecem. Encostamos as bicicletas à Torre para a foto da praxe e vamos descer que o vento já não nos quer lá em cima.

G0371852 by Helder Olino, on Flickr

G0391891 by Helder Olino, on Flickr

Os primeiros metros o vento está a entrar com tanta força de lado que pensava que tinha a roda com o empano, incrível. Vim quase até ao lago do Viriato com os dedos no travão, estava mesmo com medo do vento. Apanhei-os no cruzamento que indica Manteigas.
O vale glacial do Zêzere é lindo, primeiro duas curvas em cotovelo uma para cada lado mas depois é sempre a rolar por ali abaixo. Com o rio do nosso lado esquerdo são 10 km de curvas suaves e por vezes dava para ver a outra curva à frente. Isto tudo sem um carro a passar. Lindo. A descida acaba em Manteigas e acaba como começou, com duas curvas em cotovelo. Juntamo-nos e ficamos a comentar a descida, pormenores que tínhamos visto mas com a velocidade que íamos não dava para estar com grandes conversas. Penso que foi o Gonçalo que disse “vamos fazer isto uma clássica. Era feita todos os anos como o Tróia - Sagres, só que Covilhã - Lisboa com passagem pela torre.” É uma ideia a desenvolver.
Vamos lá de volta ao nosso ponto de partida para buscar as nossas coisa para ir até Lisboa. Fomos por fora de Manteigas, uma espécie de CREL mas neste caso era CREM. Daí até a Belmonte o Zêzere não nos deixava. Ainda estava a lembrar-me da subida e da descida que tínhamos feito, que loucura. Mais ou menos no quilómetro 60 começou o Olino a gozar com tudo que era terra. Valhelhas era a primeira e passou a Balhelhas. Risada parva. Mas na curva seguinte aparece uma indicação para Gonçalo, curioso. Ainda dei a ideia de irmos lá para o Gonçalo tirar uma foto junto à placa de localidade, ainda bem que ninguém me ouviu porque era um belo de um desvio.

G0452081 by Helder Olino, on Flickr

G0442057 by Helder Olino, on Flickr

Descida curta até a Belmonte, vê-se o castelo no topo da encosta do casario. Uma recta ladeada de árvores e viramos à direita para a nacional 18, que nos vai servir até Castelo Branco.
Chegamos à Covilhã, mais um reboliço lá em casa, a preparamo-nos para o resto da viagem, para os 313 km restantes. Eu em menos de nada estava pronto, foi só meter as barras nos bolsos da jersey, encher os bidões, necessidades fisiológicas e a bolsa no guiador. Estou pronto. Os outros é que nunca mais se despachavam, só os ouvia a falar de cremes para isto e para aquilo e mais géis. Fui para o beiral da porta, que estava à sombra, descalcei-me e aproveitei para descansar um pouco.
45 minutos depois, estávamos prontos para seguir. Falamos com a senhora da casa para ver ser podíamos deixar uma mala, que um amigo do Fundão do Lino, vinha buscar e deixar também as chaves que tinham um porta-chaves que era um chinelo com lã, o tipo chinelo da zona.

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Dali até ao Fundão era sempre mais ou menos a descer. À entrada da capital da cereja íamos a circular a par numa estrada com duas via para cada lado e houve um senhor que nos ultrapassou duas vezes e das duas teve que apitar todo indignado. Possivelmente não lhe chegava uma só faixa. Temos pena.
O Fundão pareceu-me uma cidade que parou no tempo, pelo menos a nível arquitectónico. Não que estivesse à espera de grandes obras arquitectónicas, mas pareceu-me uma cidade envelhecida e com muito pavé. Detesto pavé.
Passamos por debaixo da A23 e apanhamos uma subida bem tranquila de se fazer (3,6% de pendente) a paisagem começava a ficar interessante. O mais interessante também foi a pouca quantidade de carros na estrada. Obrigado a todos os automobilistas que não pegaram no carro nesse dia.
E tudo o que sobe desce, começava no Vale dos Prazeres e terminava em Castelo Branco. Passamos em Alpedrinha, conhecida como a “Sintra da Beira”, que é bem verdade. Já começa a faltar água e seguimos por rectas que parecem que nunca mais acabam. Combinamos que em Castelo Branco paramos para comer pois já íamos com 7 horas de pedal e era merecido comermos qualquer coisa. Ainda por cima o Gonçalo conhecia a cidade e indicou-nos o Jardim da Devesa, pois lá haviam muitas opções para comer.
Para mim foi uma bifana serrana (bifana com pão do bom e queijo de cabra) duas coca colas e um café. Perguntamos o que era a grelhada mista, consistia em meia chouriça, meia morcela, meia…, desatamos a rir, esquecemo-nos que estamos fora de Lisboa. O calor já se fazia sentir, e mesmo debaixo do chapéu de sol fazia calor. Aproveitei para dar uma segunda de mão no protector solar.
Custa-me muito pedalar com calor.

GOPR0040 by Helder Olino, on Flickr

Entramos na Nacional 3 que nos faz passar por Cerejal, sítio onde o gps nos diz para sair para entrarmos a seguir. Ficamos a discutir para onde seguir, porque estávamos a achar estranho, mas neste caso era fazer o que o gps estava a dizer e seguir a nossa viagem. Mais à frente ele faz a mesma graça, só o Olino seguiu o que gps disse, nós os 3 seguimos pela nacional, uma estrada paralela à A23.
Em Fratel, seguimos por uma naquelas estradas que seguem mesmo junto às auto estrada que nunca tem trânsito e estão é más condições. A estrada parecia o monstro do lago Ness visto de lado e eu numa de poupar energia, nas descidas colocava-me numa posição aerodinâmica de modo que conseguisse subir. Às vezes dava outras tinha que ir a força do pedal. Rapidamente se tornou uma brincadeira entre mim e o Olino. Se conseguíssemos subir sem pedalar gritávamos “Olha para isto…” e a imitar um apresentador obeso da televisão gritávamos “Espectáculo”.

G0160165 by Helder Olino, on Flickr

E a água voltava a faltar. As povoações nestas estradas não são ou longo das mesmas, tem que se sair da estrada e andar para aí uns 500m até entramos na vilas. Viramos numa delas, Riscada, e demos com uma senhora de idade no alpendre de sua casa à sombra.
“Boa tarde, sabe dizer onde há um café ou bomba de gasolina?”
“Se seguirem pela estrada vão dar com uma bomba de gasolina.”
“Mas há aqui alguma fonte?” felizmente o Gonçalo fez esta pergunta, pois a bomba que a senhora estava a dizer era a que estava na auto estrada.
“Há sim uma aqui em baixo.”
Enchemos os bidões e a cabeça de água.

G0110111 by Helder Olino, on Flickr

10km depois saímos desta estrada horrível. E por falar em horrível, entramos na IP2 com quase nenhuma berma, teve mesmo que ser no meio da via. 8% a descer até ao Tejo, ah que bom. Espera... se é a descer até ao Tejo depois é… 8% a subir. Depois de tudo isso subir, reentramos na Nacional 118.
Demos de cara com 2 GNR’s que disseram que havia um acidente e que a estrada estava cortada.
“Mas podemos ir pela berma?” resposta afirmativa.
Aqui começou o furo mais lento do mundo ao Olino. Seguimos por 3 km e começou-se a ver o aparato policial montado. Vi o bloco do motor do carro separado do mesmo. Grande porradão que deve ter sido. Não fomos pela berma, porque as autoridades não deixaram, mas fizemos um pouco de ciclocross. Daqui fomos até o Gavião na estrada mais aborrecida de sempre, grandes rectas que nunca se via o fim. No Gavião paramos outra vez. Agora não havia mais nenhuma subida a assinalar, entramos no Ribatejo. O pessoal ia a consumir muita água porque voltamos a parar no Rossio ao Sul do Tejo, numa fonte das antigas.
Quase quase a chegar ao Tramagal e o furo mais lento de sempre deu de si.

G0230324 by Helder Olino, on Flickr

Antes de Vale de Cavalos perguntaram-me quanto quilómetros faltava para Benavente. Eu não sabia. Isto porque eu disse que havia uma bifanas óptimas e era aí que íamos jantar. Mais um furo, desta vez o Lino fez um snake bite. Paramos na bomba de gasolina para encher o pneu e para saber onde íamos jantar.
“Continuamos a pedalar enquanto houver luz” disse o Gonçalo.
Verdade que já não havia muita, mas siga. Foi em Almeirim que já não havia muita luz, mas havia muita fome. A pizzaria foi uma boa ideia. Felizmente paramos porque não sabíamos que horas eram (22h). Se tivéssemos ido até Benavente não tínhamos comido nada porque quando chegássemos lá, a única coisa que havia era a porta fechada do restaurante.
Pizza para todos e mais 4 bebidas do capitalismo.

GOPR0608 by Helder Olino, on Flickr

O resto da viagem foi feita de noite. O Lino pelo que percebi já ia um pouco rebentado e já não rendia à frente a algum tempo, não há problema porque ainda somos três. Ele lá atrás estava com um papel importante, mas ou mesmo tempo já me estava a irritar. Estava sempre a dizer quanto vinha um carro. Mas como o benefício era maior que o prejuízo não lhe disse nada. Era importante naquela altura da volta, como já não estávamos muito frescos, haver alguém a avisar-nos dos carros.
Em Salvaterra de Magos tivemos uma paragem de carácter fisiológico e o Lino queixava-se do frio, porque pensava que não ia ter frio à noite e mandou os manguitos na mala que tinha ficado na Covilhã. O Olino lembrou-se que tinha uma jersey, mas que estava suada. O Lino nem quis saber. Para aquecer foi a sprintar até quase ao fim da maldita recta do Cabo.
Entra da em Vila Franca de Xira, para mim já era como estar em casa, mesmo faltando 30 km.

G0300733 by Helder Olino, on Flickr

Entrada em Lisboa. Despejei a água dos bidões, pois já não ia precisar e assim ficava mais levar e comi uma barra, só para dar força para os últimos quilómetros. Eu despedi-me, no Parque da Nações, deles os três, porque atalhei para minha casa. Eles seguiram para o Terreiro do Paço. Eu já tinha feito as contas e ia da 400 km certos até à porta de minha casa, mais coisa menos coisa. A ânsia de chegar a casa era tanto que tive uma réstia de energia e fui bem rápido sempre a subir até ao meu lar. Ia sempre com os olhos com conta quilómetros e sempre a pensar que conseguiria ou não.
Resultado, consegui até mais 300 metros (400,3km)
Esta viagem era para fazer 3 desafios do Strava, 130 km de seguida, feito 16 horas a pedalar (não era preciso ser seguido) feito e fazer 2310 metros de acumulado, feito.
Uma viagem do caraças, vou ter sempre boas memórias.
 
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