Pintas
Bom desafio! E por isso, aqui vai a minha modesta contribuição...
Faltou aí alguma informação, como o teu peso e o perfil do teu "quintal", pelo que vou abordar o tema tendo em conta um ciclista a fugir para o pesado e que adora montanha... ou seja, pela minha experiência.
Dos três componentes da roda, aquele que olho sempre em primeiro lugar é para o cubo. Pessoalmente tenho uma visão de continuidade, em que os cubos são para manter muitos anos, recebendo, de tempos a tempos uma roupagem nova, leia-se aros e raios. O cubo em si, se for de qualidade e bem tratado, poderá ficar connosco até ao longo de várias bicicletas. Por isso é que é importante escolher uns bons cubos, sobretudo quando temos a oportunidade de construir umas rodas especiais, à nossa medida.
Neste componente, o peso deverá ser absolutamente secundário. Aliás, muito se mistifica em torno de cubos extremamente leves, não raras vezes recheados de rolamentos minúsculos, em busca de um ganho que muitas vezes passa apenas pelo número na balança. Pela sua posição na roda, a contribuição do cubo para a dinâmica rolante, nomeadamente na tão desejada facilidade em acelerar, é residual. O aro e os raios, e por esta ordem, são os elementos que mais contribuem para definir o comportamento das rodas, seja em termos de rapidez, seja em termos de rigidez e conforto. Para o cubo fica a missão de garantir que tudo funciona de forma perfeita e harmoniosa, por muitos e bons quilómetros. Mas, por outro lado, o cubo (e nomeadamente o traseiro) é o elemento mais complexo de uma roda: realiza dezenas de milhar de operações de engate de desengate por volta e, portanto, na minha opinião, convém que tenhamos ali um bom aliado.
Da tua lista, saltam imediatamente à vista os DT350. Este modelo herdou muita da tecnologia dos 240s, nomeadamente a mais importante que é o sistema de engate exclusivo. Não sendo absolutamente infalível anda lá perto. E a sua simplicidade, eficácia e facilidade de manutenção é lendária e isso vem já do tempo dos Hügi, nos anos 90. Por isso não será de admirar uma marca como a Lightweight tenha escolhido os 240s e 190s como base para construir as suas exclusivas rodas.
Neste momento, esta seria sem dúvida a minha escolha no que toca a cubos com um mínimo de qualidade, logo seguidos pelos Hope. Aliás, traduzindo esta escolha na prática, dois dos três conjuntos de cubos cá de casa são precisamente uns 240s+240s Lefty e uns Hope Pro 3. E o terceiro conjunto, os chamados reis da capoeira, são uns Chris King R45. Como vês, cubos interessantes e comprados com perspectiva de futuro.
Há poucos meses passei pelo mesmo processo de escolha em que te encontras agora, sendo que precisava de umas rodas para uma segunda bicicleta, dentro de um orçamento semelhante. Os 350 estavam com grande vantagem na lista de compras, tendo apenas sido ultrapassados por um negócio irrecusável de uma loja online que oferecia os Hope Hoops Pro 3 com Ztr Alpha 400 praticamente ao preço dos cubos soltos. Caso contrário teria acabado por comprar os DT350.
Raios e aros são outro dilema interessante...
Nos aros estás bem encaminhado com os H+Son, que é um aro de nova geração, largo e que fará um pneu confortável, mesmo em medida 23. Além disso têm um perfil muito bonito e que acho particularmente bem conseguido. Estão a ter boa aceitação e o preço que referes é bastante interessante, cerca de metade de um ZTR 340/400. No entanto são aros relativamente pesados o que, como disse acima, se reflecte no comportamento dinâmico da roda.
Poderás subir um pouco mais o orçamento e conseguir os Alpha 400, mais robustos ou até mesmo os Alpha 340, dos quais não tenho razões de queixa. Outras opções como os BOR ou os KinLin deixo ao teu critério por serem aros frágeis e com limites de peso apertados.
Quanto aos raios, sou um devoto da Sapim. São os raios que tenho espalhados ali pela oficina, nas várias bicicletas.
Os superspokes são raios fantásticos, sobretudo para uma roda frontal de estrada. A sua elasticidade traduz-se num maior conforto, comparados com raios de secção maior. E foi precisamente no conforto que notei maior diferença imediata, quando passei das anteriores RS80 para estas rodas.
Na altura que montei as Chris King, arrisquei nestes raios, uma vez que estavam a ser lançados e não existia ainda muita informação concreta. Quem me montou as rodas garantiu-me que seria a escolha acertada para o meu perfil de utilização e agora, quase 4 anos depois, posso afiançar que assim foi. Suportaram as maiores atrocidades em estrada e até fora dela, sem qualquer queixume. Só não os usei do lado da cassete atrás, por causa da torção. Optei pelos Laser e a parelha tem resultado bem, com alguma necessidade de afinação de longe a longe muito por culpa dos meus +85Kg e das estradas pouco recomendáveis e inclinadas por onde ando.
Estiveram em cima da mesa os Cx-Ray, mas não quis raios espalmados por uma questão meramente estética. No entanto as rodas de BTT, as tais com os 240s, estão montadas em CX Ray. Em 5 anos e pouco, além do afinar normal, apenas tive de trocar 3 raios porque foram atropelados pela corrente e pelo desviador, quando o dropout se partiu.
Continuo, porém, a achar os Laser como sendo o ponto de equilíbrio ideal, já que são raios leves mas acessíveis que não comprometerão e ajudam a manter o orçamento controlado. Afinal de contas sempre é 1.5€ por raio face aos cx-ray... e o peso é praticamente igual.
A montagem, como já foi dito, deverá ser feita por alguém que perceba o que está a fazer e sobretudo, que perceba para que queres a roda, fazendo as perguntas certas. Por exemplo, a mesma roda montada com diferentes tensões comporta-se de forma completamente diferente. Poderá agradar a um sprinter e ser detestada por um trepador...
E pronto, assim de repente é isto. Depois desta seca toda, apetece mesmo comprar as Zonda não é?
E se tiveres um grupo Campy, porque não? São umas rodas bem interessantes e que despacham de forma rápida e indolor a questão de umas rodas novas. Ainda assim, não há nada como algo construído ao nosso gosto.
Respondendo concretamente ao que perguntas:
. Ficas igualmente bem servido com as Zonda ou com umas rodas à la carte, pelo menos no imediato. Mas precisares de um raio com urgência porque partiste um, talvez não consigas ir andar logo no dia a seguir...
. Para mim, justifica-se o investimento extra nuns cubos de qualidade. A longo prazo acabam por se revelar um bom investimento.
Por isso vai lendo o que se faz por aí, junta o o que recolheres aqui e, certamente, no final conseguiras fazer uma escolha informada e, sobretudo, de qualidade para pedalares muitos e bons quilómetros.
Boas escolhas!