Embora o episódio que vou narrar seja já mais parte da história do que contributo para a apreciação onde somos bem ou mal atendidos, e isto porque se passou há já uns bons anos e a loja até já nem existe, não resisto a contá-lo.
Eu tinha decidido comprar uma bicicleta nova e dirigi-me a uma loja/armazém na altura existente perto do Intermarché de Águeda para ver o que havia. Atendeu-me uma jovem a quem expus o que pretendia e que me disse que estava ali apenas momentaneamente, pelo que ia chamar o Sr. fulano de tal... Era uma área comercial de dois pisos e ali fiquei eu à espera largos minutos entretido a ver o que havia, de estrada apenas ali via duas bicicletas que por acaso eram dois autênticos matacões, até que chegou o tal senhor... Era o dono da quitanda. De fato e gravata, muito emproado, olhou para mim com um certo ar de superioridade, mediu-me com o olhar de alto a baixo e disse-me mais ou menos isto: " Bom, nós temos pouco material de corrida porque só temos material de grande qualidade e naturalmente de preço não acessível a toda a gente..." Bem... mas argumentei eu, mesmo assim pode mostrar-me as bicicletas que tem ?... O senhor fez com os braços um ligeiro gesto de enfado, assim a modos que "estou eu agora a perder o meu tempo com este pé-rapado" e foi-me mostrar as tais duas bicicletas que eu já tinha visto e que afinal eram mesmo as únicas que existiam em toda a área comercial... "Isto são umas bicicletas inglesas muito boas, do melhor a nível mundial, há poucas em Portugal porque também, claro, não estão ao alcance de qualquer um... Examinei mais detalhadamente as duas bicicletas, que diabo, aquilo pareciam-me dois verdadeiros coronhos, não fosse eu estar a ver mal... Por mera curiosidade, já que não era nada daquilo que pretendia, perguntei o preço. "Duzentos e vinte e cinco mil escudos", respondeu-me o senhor no seu tom de voz mais categórico... Definitivamente o comerciante (aquele senhor seria mesmo comerciante?...) tinha avaliado mal a situação e tinha elaborado logo à partida um juízo errado e definitivo sobre o potencial cliente que tinha à sua frente. Muito obrigado, disse eu, mas não era este tipo de material que eu pretendia, o que eu pretendia era material de outra gama. "Ah! Pois, também me pareceu, estas bicicletas não são realmente para todos!", interrompeu o senhor. "Aquilo que eu pretendo mesmo, o senhor não tem cá. Estou indeciso entre uma Carrera e uma Giant que vi em Aveiro e uma Gios que está em Santa Maria da Feira, mas gostava de ver ainda outras bicicletas antes de me decidir. De qualquer modo, tudo bicicletas na ordem dos quatrocentos contos... "Muito bom dia e obrigado!". Uns metros à frente, ao transpôr a porta de saída, olhei discretamente para trás. O senhor engravatado ainda lá estava no mesmo sítio com um certo ar abananado... Havia e ainda há comerciantes assim...
Eu tinha decidido comprar uma bicicleta nova e dirigi-me a uma loja/armazém na altura existente perto do Intermarché de Águeda para ver o que havia. Atendeu-me uma jovem a quem expus o que pretendia e que me disse que estava ali apenas momentaneamente, pelo que ia chamar o Sr. fulano de tal... Era uma área comercial de dois pisos e ali fiquei eu à espera largos minutos entretido a ver o que havia, de estrada apenas ali via duas bicicletas que por acaso eram dois autênticos matacões, até que chegou o tal senhor... Era o dono da quitanda. De fato e gravata, muito emproado, olhou para mim com um certo ar de superioridade, mediu-me com o olhar de alto a baixo e disse-me mais ou menos isto: " Bom, nós temos pouco material de corrida porque só temos material de grande qualidade e naturalmente de preço não acessível a toda a gente..." Bem... mas argumentei eu, mesmo assim pode mostrar-me as bicicletas que tem ?... O senhor fez com os braços um ligeiro gesto de enfado, assim a modos que "estou eu agora a perder o meu tempo com este pé-rapado" e foi-me mostrar as tais duas bicicletas que eu já tinha visto e que afinal eram mesmo as únicas que existiam em toda a área comercial... "Isto são umas bicicletas inglesas muito boas, do melhor a nível mundial, há poucas em Portugal porque também, claro, não estão ao alcance de qualquer um... Examinei mais detalhadamente as duas bicicletas, que diabo, aquilo pareciam-me dois verdadeiros coronhos, não fosse eu estar a ver mal... Por mera curiosidade, já que não era nada daquilo que pretendia, perguntei o preço. "Duzentos e vinte e cinco mil escudos", respondeu-me o senhor no seu tom de voz mais categórico... Definitivamente o comerciante (aquele senhor seria mesmo comerciante?...) tinha avaliado mal a situação e tinha elaborado logo à partida um juízo errado e definitivo sobre o potencial cliente que tinha à sua frente. Muito obrigado, disse eu, mas não era este tipo de material que eu pretendia, o que eu pretendia era material de outra gama. "Ah! Pois, também me pareceu, estas bicicletas não são realmente para todos!", interrompeu o senhor. "Aquilo que eu pretendo mesmo, o senhor não tem cá. Estou indeciso entre uma Carrera e uma Giant que vi em Aveiro e uma Gios que está em Santa Maria da Feira, mas gostava de ver ainda outras bicicletas antes de me decidir. De qualquer modo, tudo bicicletas na ordem dos quatrocentos contos... "Muito bom dia e obrigado!". Uns metros à frente, ao transpôr a porta de saída, olhei discretamente para trás. O senhor engravatado ainda lá estava no mesmo sítio com um certo ar abananado... Havia e ainda há comerciantes assim...