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[Arquivo] La vélo Duchene: As crónicas de André Carvalho

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duchene

Well-Known Member
Valter
O próximo já mete respeito. E depois desse... bem, depois desse virá o verdadeiro cabo das tormentas! #quandoachasquejáacaboulávemoutra :eek:

Para se ir fazendo. Uma maluqueira de cada vez.

Lopes
Em casa, ao rever o filme do dia percebi o que eventualmente terá condenado o pneu: Ao descer o Montejunto, quando furei a primeira vez, demorei alguns metros até perceber o que se passava e a imobilizar a bicicleta. Nesses metros, certamente que o aro trilhou cirúrgicamente a tela. Esta acabou por ficar fragilizada e pouco depois abriu naquele ponto. Havia mais sulcos semelhantes ao longo do pneu o que só reforça esta teoria.

Para o BRM300, por precaução, seguiu na bagagem o pneu da frente em uso nesse dia, entretanto também substituído. Não teve de deixar o aconchego do saco e passou um brevet bem sequinho.

Ricardo
Mesmo com esta bolsa tive de fazer alguma costura e reduzir as fitas. Apertavam bem mas ficavam pontas grandes demais. No meu caso a capacidade de carga dessa bolsa é menos relavante, já que tenho a Carradice. Para coisas um pouco maiores à frente utilizo > esta. Gosto de ter soluções modulares que sirvam tanto para uma volta de 100Km como para uma travessia de 700...

Quanto ao lanche do Valter, quando demos por ela, já tinha ido todo! :mad:
 

Paulofski

Well-Known Member
Olha André, deu-se o acaso de numa pesquisa trivial o tio Google me ter sugerido a tua crónica “BRM200 - O Pinhão que quebrou o jejum”, e assim a feliz coincidência de redescobrir as tuas cativantes crónicas. Recordo ter sido nesse brevet (o primeiro no Douro) que tive o privilégio de te conhecer.

Como sou mais dado a outros locais virtuais e menos específicos, ia-me deliciando com os teus textos e fotografias (disso já falamos) que ias partilhando. Foi com pena minha que entretanto deixei de os ler e fiquei a salivar só nos pequenos apontamentos moldados com fotos deslumbrantes que vais partilhando. E falando então de fotografias, tu que me elogiaste a aptidão e olho fotográfico, comparando com os momentos que vais captando nas tuas digressões serranas, dir-te-ei que nem para lá caminho.

Amiúde, pelas minhas buscas de informação sobre isto das biclas, vou caindo aqui no Fórum, mas nunca tinha dado ao trabalho de me registar. Deu-se o acaso agora que redescobri o filão e o caso mudou de figura. Tenho devorado tudo desde o primeiro postal. Até vi registos de um gajo muito parecido comigo a dar corda aos sapatos :D. Ainda tenho muito para ler, (estou no momento a lambuzar-me com o FuraDouro) reler e reter tudo das tuas ciclo digressões perto das estrelas.

A dobradinha que vos saiba bem. Grande abraço

Paulo Almeida
 

duchene

Well-Known Member
ac_inferno_na_freita_fc.jpg

— Vale do Rio Paiva, nos arredores de Janarde

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FREITA DE NEGRO

No passado dia 20 de Agosto tive o ingrato privilégio de percorrer o maciço da Gralheira ao longo dos cenários da tragédia que cobriu de negro as montanhas e transfigurou de forma profunda e duradoura estes lugares verdadeiramente únicos.

Foi uma experiência angustiante já que a dimensão da destruição é algo que nunca poderia ter imaginado. Para quem adora as montanhas e delas extrai inspiração para aventuras por estradas desertas e fascinantes, foram horas complicadas passadas a ver quilómetros e quilómetros e quilómetros de serra queimada.

Ainda assim, e para memória futura, preparei uma pequena crónica que poderá ser lida em andrecarvalho.exposure.co/freita-de-negro
 

Skyforger

Active Member
ac_inferno_na_freita_fc.jpg

— Vale do Rio Paiva, nos arredores de Janarde

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FREITA DE NEGRO

No passado dia 20 de Agosto tive o ingrato privilégio de percorrer o maciço da Gralheira ao longo dos cenários da tragédia que cobriu de negro as montanhas e transfigurou de forma profunda e duradoura estes lugares verdadeiramente únicos.

Foi uma experiência angustiante já que a dimensão da destruição é algo que nunca poderia ter imaginado. Para quem adora as montanhas e delas extrai inspiração para aventuras por estradas desertas e fascinantes, foram horas complicadas passadas a ver quilómetros e quilómetros e quilómetros de serra queimada.

Ainda assim, e para memória futura, preparei uma pequena crónica que poderá ser lida em andrecarvalho.exposure.co/freita-de-negro

Olha outro ilustre a dar sinais de vida...embora com uma imagem desoladora...:(

Apraz-me ver que já tens um cantinho cibernético dedicado e exclusivo. Já abri a tua "pequena crónica", mas como é "tão pequena tão pequena" terei de criar condições de tempo e de espaço ideais para embarcar na viagem...

Um abraço ;)
 

saurio33

Member
É realmente desolador. Na minha região, onde moro, temos uma paisagem identica (Entre Aveiro e Porto). Alargando um pouco o tema, fui almoçar na 6ª Feira a um restaurante fixe algures em Palmaz. Fica em local elevado, dá para ter uma visão de todo o vale e serras opostas. Fiquei "siderado"... É só eucaliptos. Até perder de Vista, só via eucaliptos... Que surgiram depois de grandes incêndios na nessa zona. No Domingo fui almoçar a Bustos (Oliveira do Bairro) e pelo caminho "Só via eucaliptos!!!". Onde está a nossa floresta? Estamos na Austrália? Sou de natural de Ponte da Barca, onde também ardeu floresta, bem como nos Arcos de Valdevez e Ponte de Lima. Tem ardido recorrentemente, e talvez só pare quando estiver devidamente povoado com eucaliptos. Já os começo a ver em grande quantidade. É pena, porque temos paisagens maravilhosas no nosso país.
 

Skyforger

Active Member
É realmente desolador. Na minha região, onde moro, temos uma paisagem identica (Entre Aveiro e Porto). Alargando um pouco o tema, fui almoçar na 6ª Feira a um restaurante fixe algures em Palmaz. Fica em local elevado, dá para ter uma visão de todo o vale e serras opostas. Fiquei "siderado"... É só eucaliptos. Até perder de Vista, só via eucaliptos... Que surgiram depois de grandes incêndios na nessa zona. No Domingo fui almoçar a Bustos (Oliveira do Bairro) e pelo caminho "Só via eucaliptos!!!". Onde está a nossa floresta? Estamos na Austrália? Sou de natural de Ponte da Barca, onde também ardeu floresta, bem como nos Arcos de Valdevez e Ponte de Lima. Tem ardido recorrentemente, e talvez só pare quando estiver devidamente povoado com eucaliptos. Já os começo a ver em grande quantidade. É pena, porque temos paisagens maravilhosas no nosso país.

Essas questões de ordenamento do território/estratégia e ordenamento da floresta/interesses económicos dá pano para mangas...Todo este tema dos incêndios florestais é assunto complexo e com ramificações que vão muito além da limpeza dos terrenos, do reforço de meios ou do que quer que seja...Já pensaram, por exemplo, no porquê da incidência de incêndios de grandes dimensões e da área ardida ser radicalmente menor a sul do Tejo, especialmente no Alentejo, exceptuando o Algarve?

Sempre que temos um ano catastrófico como este (o que começa a ser demasiado frequente) apregoa-se que é hora de reflectir, de repensar, de agir....depois vêm as chuvas de Outono e limpam a cinza e as boas intenções e na Primavera algo de novo floresce.
 

otnemeM

Member
Exacto, é mesmo muito complexo. Questionem-se, por exemplo, sobre o que aconteceria aos terrenos de privados se não pudessem lá ter eucaliptos. Acham que continuavam a cuidar minimamente deles se não pudessem vender aquilo tudo a cada ~15 anos? Se só lá pudessem ter pinheiros a mata estava em melhor estado e ardia menos?
Falar da presença de eucaliptos é quase como falar no consumo de carne.
 

Armando

New Member
André, parabéns por este "trabalho".

Não consegui conter as lágrimas e senti o cheiro a queimado entrar pelos meus pulmões, com tamanha narrativa.

Tinha em mente levar a minha Milu a conhecer essa beldade (Serra da Freita), que me deixou fascinado com tamanha beleza nas minhas incursões

, mas agora fiquei sem jeito, sem vontade, sem coragem para aí regressar.

Grande abraço.
 

Zé da Pasteleira

Active Member
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— Vale do Rio Paiva, nos arredores de Janarde

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FREITA DE NEGRO

No passado dia 20 de Agosto tive o ingrato privilégio de percorrer o maciço da Gralheira ao longo dos cenários da tragédia que cobriu de negro as montanhas e transfigurou de forma profunda e duradoura estes lugares verdadeiramente únicos.

Foi uma experiência angustiante já que a dimensão da destruição é algo que nunca poderia ter imaginado. Para quem adora as montanhas e delas extrai inspiração para aventuras por estradas desertas e fascinantes, foram horas complicadas passadas a ver quilómetros e quilómetros e quilómetros de serra queimada.

Ainda assim, e para memória futura, preparei uma pequena crónica que poderá ser lida em andrecarvalho.exposure.co/freita-de-negro

UAAAAAAUUUUUUUU parabens pelo excelente trabalho e pelo espirito de descoberta e conquista. É bom saber que nem tudo são corridas, médias etc.

Vou já pesquisar mais coisas tuas :)
 

Paulo V.

New Member
Obrigado André por este teu relato, o fórum precisa de mais coisas destas.

Lendo a tua aventura e, seguindo os acontecimentos da tragédia que se abateu sobre Arouca quase ao minuto nos meios informativos, sendo que é uma zona do País que me diz muito, posso dizer que foi com grande amargura que vi o estado lastimável em que a Freita ficou, aquela não é a Freita que eu conheci na ultima volta que fiz de bicicleta e que também está aqui documentada no fórum ( já estou há mais de um ano afastado das voltas de bike por motivos pessoais ). Não eram imagens que esperava ver, mesmo perspectivando como a zona estaria, mas espero que a Freita daqui a alguns anos esteja novamente como a conhecemos e que exista um planeamento devido para evitar estas tragédias em que a mão humana é culpada e que quase sempre nada acontece dando lugar a uma impunidade desconcertante para nós que amamos a natureza e aquilo que ela nos oferece.
 

duchene

Well-Known Member
Ricardo
Quebrei o "silêncio rádio" apenas porque o tema merecia ter alguma visibilidade. Voltarei paulatinamente para a minha bolha… :)

Quanto ao cantinho exclusivo e dedicado, ainda não será propriamente este do exposure mas pelo menos já tenho um cartão de visita mais formal.

Martins
Obrigado.

saurio33 // otnemeM // Ricardo
Como em muitas outras áreas da sociedade, na silvicultura existe um grave problema de mentalidade. Durante as últimas 3 décadas, instalou-se na cabeça dos silvicultores a ideia de um regime de lucro rápido, em ciclos de 6 a 10 anos. Não é preciso grande esforço nem manutenção. Planta-se, espera-se, corta-se e vende-se. Como o eucalipto não permite grande biodiversidade à sua volta nem é preciso limpar as matas porque elas estão sempre limpas de tão áridas que ficam. É um negócio tentador que, infelizmente, descaracterizou por completo o nosso território.

Desafio-vos a encontrarem uma mancha de floresta 100% autóctone em Portugal que tenha mais do que 20Km de extensão contínua. Tenho quase a certeza que não existe. Aliás, basta pensar que a Mata de Albergaria, situada no único parque nacional do nosso país, uma mancha altamente protegida, conservada e até portajada não chega a 10Km de largura.

Aqui ao lado, em Espanha, durante um brevet na Corunha vi dezenas e dezenas de quilómetros de floresta imaculada. Mesmo com um dos principais eixos viários Litoral > Madrid a passar lá no meio. Uma visão absolutamente maravilhosa que nunca tive por cá, e acreditem que conheço minimamente o nosso país.

O problema de mentalidade está, portanto, no facto de não se investir na sustentabilidade e na biodiversidade. Um sobreiro provavelmente dá 30x mais lucro do que um eucalipto, apesar de ter um ciclo de corte mais longo. Porém as pessoas meteram na cabeça que não podem esperar tanto tempo.

Veja-se o exemplo além fronteiras. Embora com as devidas excepções, negócios de madeira perpetuam-se ao longo de gerações que sempre tiveram a noção que é necessário plantar hoje para que os trinetos possam cortar. Assim como os trisavós fizeram antes. Isso permite ter terrenos com árvores em diferentes estágios de maturação o que faz com que o ciclos de corte sejam muito mais reduzidos e o lucro contínuo. Dá trabalho? Como quase tudo na vida.

Outra face do problema são os negócios paralelos que se alimentam do fogo. So há meia dúzia de interessados em madeira queimada. Ou se vende a eles ao preço oferecido ou fica a madeira a estorvar no terreno. O que fazem os proprietários? Encolhem os ombros e vendem. Daí a uma semana estão a plantar novo eucalipto. Se não arder, recebem o bolo completo, se arder mal o menos e pelo menos realizam algum capital. Por outro lado, terrenos limpos de outras árvores são terrenos prontinhos a carregar com eucalipto!

Noutra vertente, os negócios de combate aos fogos com aviões privados a "torrarem" milhares de euros por hora. Estamos a alugar e a importar tecnologia e "know-how" quando, ao longo da última década, assistimos da primeira fila ao desaparecimento de metade de toda a área ardida na bacia mediterrânica. Sim! Apenas e só no nosso minúsculo país ardeu mais floresta do que em Espanha, França, Itália e Grécia juntas!

Com um flagelo desta dimensão, seria de esperar que fossemos já verdadeiros especialistas e absolutamente auto-suficientes nesta matéria. Não somos. Continuamos a fazer sair dinheiro que, terminado o fogo, literalmente levanta voo para outras paragens.

O papel do estado e das autarquias locais na reversão deste estado de coisas seria obviamente fulcral no sentido de financiar plantações autóctones e penalizar as plantações de eucalipto. E sobretudo para dar o exemplo nos seus próprios terrenos. Mas para tal é necessária coragem política e isso, neste país é coisa que não abunda. Some-se os milhões gastos ao longo de 30 anos no combate a incêncios e veja-se quantos subsídios à reflorestação e programas de gestão florestal se conseguiriam financiar. E quantas pessoas poderiam estar afectas a viveiros e à limpeza dos terrenos...

Isso iria terminar de vez com os incêndios? É obvio que não. Malucos pirómanos há em todo o lado. Mas seguramente que além de reduzir a sua dimensão, tornaria o negócio da terra queimada muito menos apelativo. Já para não falar no impacto económico que a reconversão de terra sem interesse em floresta visitável poderia ter nas populações e na economia local.

Porém estamos a falar das tais decisões que só produzem efeitos a muito longo prazo, não trazem visibilidade política e que há pouca gente interessada em tomar. Afinal de contas, a tal mentalidade fechada que até se pode desculpar nos vales recônditos e perdidos do Paiva está também presente na grande metrópole de Lisboa.

Daqui a 30 anos estaremos provavelmente piores. As últimas manchas de floresta "a sério" irão progressivamente desaparecer, muito provavelmente trocadas por eucalipto.

As acções de reflorestação serão sempre uma gota de água (embora muito importante) contudo até essas vão sendo sabotadas. Há uns anos aqui em Valongo, foram plantadas cerca de 9000 árvores numa encosta da serra. Poucos dias depois mais de metade tinha sido cortada ou arrancada. Outro exemplo: a enorme bacia do Alvão ardeu há 2 anos. O mato rasteiro já floresceu mas não existiu qualquer avanço visível no que diz respeito à reflorestação. Não foi plantado eucalipto mas também não se introduziram as espécies ardidas ou outras de igual valor biológico.

Portanto, ainda há um longo percurso a trilhar até que se perceba que as alterações são rápidas do lado da destruição mas muito lentas do lado da recuperação. E seguramente não será na nossa geração que se vá ver o esplendor das nossas florestas tal como os nossos avós as conheceram.

Armando
Percebo-te. Foi com igual embargo que tive de tentar ganhar vontade para trazer esta crónica a público. Custou bastante mas era algo que tinha mesmo de ser feito.
Não deixes de visitar a Freita. Além do que ainda sobrou de verde, é importante que possamos ver agora toda a destruição causada. Para que não se esqueça, para que não se repita.


Cada qual com a sua forma de encarar as rodas e os pedais. A minha é mais contemplativa. Só isso.

O que poderás encontrar de relevante está plasmado aqui neste tópico. Haverá muitas outras coisas interessantes para contar mas isso já será num novo espaço.

Jorge
No próximo ano seguramente que o mato rasteiro já terá escondido quase toda a negrura da terra. A floresta, essa, demorará mais tempo a recuperar: meia dúzia de anos nas zonas onde voltar a ditadura do eucalipto ou algumas décadas onde se tiver a inteligência de reflorestar com espécies adequadas ao nosso ecossistema.

Daniel
Este ano participei no concurso mais até para dar visibilidade à crónica do que para ganhar. Sabia que um auto-retrato tão deliberado (selfie stick e tudo!) dificilmente passaria no crivo dos juízes. Contudo acho que os vencedores até foram bem escolhidos.

Quanto à forma…

A forma física nem sempre acompanha a genica das ideias para novas doideiras. Mas não é por isso que, no final, elas se deixam de se fazer!
A forma literária está a passar por uma altura complicada e esta crónica não ajudou. Veremos se vou a volta à coisa.


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Obrigado a todos por comentarem e espero, sinceramente, ter dado um pequeno contributo para que não se esqueça e não se repita o que se passou na Freita este ano.
 
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