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14º Desafio Audace Serra da Estrela - Garbike

14º Audace Serra da Estrela

Terça-Feira, dois dias após o ataque bem sucedido à Torre da Serra da Estrela, as consequências da monumental tareia só hoje apareceram em força, também só hoje recuperei o discernimento necessário para compreender o que fiz no Domingo.
Este foi o meu 2º Audace, com um pouco da ingenuidade já perdida no primeiro Audace e alguma experiência adquirida os preparativos correram tranquilamente, sem o stress da primeira experiência no Audace da Ota(13º Desafio Audace Ota).
Assim, só me preocupei com as coisas dois dias antes, já tinha tudo do Audace anterior, a única coisa que faltava era uma mala para o selim para levar o material. como tenho pretendo mandar-me para aventuras maiores resolvi comprar um belo e clássico Carradice Pendle, que fica a matar na minha Dama de Ferro.
Tudo preparadinho e revisto, carrego o carro no sábado e vou tomar um banho antes de sair de casa.
O banho é uma espécie de ritual, serve para relaxar, limpar o stress, depois o foco é apenas no evento que se seguirá (por curiosidade também fazia isto na escola antes dos exames), é como se me passasse por uma peneira e tudo o que fica é o momento que estou prestes a viver.
Feitas as despedidas, um bocado emocionais, a minha malta ficou um bocado preocupada, este era um desafio diferente, muito duro, e ainda se estão a habituar a esta minha nova realidade, que começou há apenas dois meses.
Sigo para a estação...
Já estação ainda tenho que esperar à volta de 20 minutos pela hora, tempo suficiente para tirar a bicicleta do carro, montá-la, verificar se a viagem não fez mossas. Sentei-me então à espera do comboio quando sou abordado por um revisor. "Bela máquina", sorrio orgulhoso enquanto olho para a Dama de Ferro, o revisor faz questão de me mostrar o típico bronze de ciclista e dizer que já foi profissional, faço um bocado de conversa referindo a aventura em que me estou prestes a meter, ele já subiu à Torre claro e várias vezes, deseja-me boa sorte...
Chega o comboio finalmente, o pessoal tem uma carruagem reservada, sinto um pico de nervosismo, já não posso voltar atrás, é um caminho com um sentido único.
O pessoal foi instantaneamente prestável ao ajudarem-me com a tralha e com a Dama de Ferro, "epá esta pesa bem", ainda irei ouvir isto uma dezena de vezes durante o próximo dia.
Assim que entro tenho a sensação de conhecer toda a gente, na verdade não conheço ninguém, mas estamos todos no mesmo "barco", sinto aquele sentimento de pertença que tanto conforta o ser o humano. A viagem segue tranquila, as conversas são 99% sobre bicicletas e aventuras, e 1% sobre o Sporting-Benfica que deu pelo caminho. A Dama de Ferro desperta as curiosidades, é uma bicicleta diferente do habitual nestas andanças e fico contente por a identificarem como uma "bicicleta dos Randonneurs", foi exactamente com esse espirito que a "montei". Escuto atentamente os comentários/sugestões da malta mais batida, a Dama de Ferro está longe de ser perfeita e há coisas a melhorar.
Chegamos e somos recebidos pela malta da Guarda, tudo preparadinho para o pessoal, carrinhas à espera para nos levarem e ao material, tudo com uma organização muito boa.
Sigo num carro com pessoal já batido que falavam da prova, um deles era a 3ª vez que ía subir a serra. Íamos a subir bem uma encosta e oiço "amanhã vamos subir isto", fiquei um bocado nervoso e inseguro, "ai o caraças, mas onde é que eu me estou a meter", duvidei sinceramente da minha capacidade de fazer a prova que me esperava no dia seguinte.
No local de dormida em "camarata" somos brindados com um Dojo de uma arte marcial qualquer, cheio de colchões que o pessoal aproveitou para dormir. A imagem era engraçada pois as bikes estavam todas encostadas à volta do pavilhão com o pessoal a dormir ao pé delas. Depois do habitual frenesim pré-dormida o pessoal finalmente adormeceu, uma nota especial para um tipo que estava ao pé de mim que parecia que estava a dormir dentro de um saco de batatas fritas ehehe :) (era uma daquelas coisa que se usam quando se entra em hipotermia, parecia uma folha de prata gigante), aquilo fazia montes de barulho quando ele se mexia... enfim lá adormeci ao lado da minha Dama de Ferro....
5h00 a malta começa a acordar, naturalmente também acordei, sinto logo uma grande adrenalina, primeira coisa a fazer, comer bem para ainda ter tempo de fazer algum digestão antes de começar a andar. O pessoal vai-se preparando, arrumando as coisas e tal, eu afino pelo mesmo diapasão e despacho-me pois ainda tinha que ir para o local de partida de bicicleta. Saio com algum pessoal em direcção ao local de partida, o dia ainda mal tinha amanhecido, sinto a adrenalina a percorrer-me o corpo, parece que os músculos ficam tensos e sabem que vem aí um grande esforço.
Felizmente o caminho foi sempre a descer, estava com receio de levar uma tareia mesmo antes de começar eheh, foi um passeio tranquilo e gelado, ao ponto de me doerem as mãos com o frio (que raio porque é que ainda não arranjei umas luvas....).
No local de partida estava imensa gente, nada comparado com o Audace anterior, até havia fila para entregar a caderneta. Foi aqui que o Estica se meteu comigo a dizer que eu levava a marmita (referindo-se ao saco Carradice) num ambiente muito descontraído e até um pouco festivo, senhor muito simpático e bem disposto, certamente um boa companhia a rolar, caso eu tivesse pernas para o acompanhar, sorrio e sinto-me feliz, estou no sítio certo com as pessoas certas. Encontro ainda um camarada do comboio, "Ah tu vens aqui é mesmo para curtir", quando vê a Dama de Ferro toda carregada, fico satisfeito por a minha imagem transmitir exactamente aquilo que eu sou, não há equívocos, eu participo para curtir... apenas. A Dama de Ferro continua a despertar as curiosidades e ainda tenho tempo de ouvir um "vais subir nisso? epá admiro a tua coragem", sorrio ingenuamente pois não imaginava o que me esperava.
Briefing curto e partida..... Sigaaaaaaaaaa
Ao início faço o que se está a tornar um hábito, deixo-me ficar um pouco para trás para ir mais calmo e sem o stress da malta que quer ir na frente.
O início começa com uma subida de 4.5 km, começo logo a ficar um bocado nervoso e a pensar "chiça mas os Audaces têm que começar sempre a subir??", mas até fiz esta subida na boa, ao meu ritmo. Mas logo após este início, segue-se uma espectacular descida de 8km aproximadamente, a Dama de Ferro agarrou-se à estrada em curvas e contra-curvas, foi simplesmente brutal, fi-lo com toda a confiança e até bati o meu recorde de velocidade registada, 64.6km/h eheheh :), pura adrenalina.
Seguem-se mais ou menos 10km até à proxima grande descida, grande parte deles a subir, é uma altura em que dá para comtemplar a paisagem espectacular, de tão lento que ía quase não precisava de me concentrar na estrada :). Sigo sempre a ver alguém , mesmo sem falar e sem conhecer, seguir alguém que está a participar é reconfortante.
Aí está ela, mais uma descida de quase 10km... é altura para gritar de satisfação AUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU, lindo, lindo lindo, prazer e adrenalina em estado puro, sigo tão rápido que apesar de ter óculos as lágrimas aparecem por causa do vento.... em curva e contra-curva parecia que ía a fazer slalon....
Os próximos kms até ao primeiro Posto de Controlo no km 47 são tranquilos, quase planos. Páro no Posto, o dia já vai avançado, ataco a bela melancia fresquinha e umas bananas, aproveito também para comer um barra energética, ainda não tinha comido nada até ali, estava na hora de abastecer. Depois do carimbo de uma pausa de 5 minutos e com as forças retemperadas, sigo viagem.
Do PC1 ao PC2 o percurso começou por ser plano uns kms, para depois encontrar uma subida de 11km e mais uma descida de 6km. Fiz este troço ao meu ritmo, no entanto a subida apesar de não ser muito íngreme era muito longa, obriga a um esforço continuado a que eu não estou habituado e que me desfaz fisicamente, mas fui fazendo km após km, até ao PC2. Mais um PC excelente, ataco novamente a melancia docinha e fresquinha soube muito bem, faço uma pausa de 10/15 min e até tive o privilégio de ouvir a banda local. Quando começo a pensar em andar novamente, sinto uma grande ansiedade, o pior vinha aí, até áquele ponto segui dentro da minha média normal que anda ali pelos 20/25 km/h, mas já tinha feito grandes subidas que me cansaram muito. As dúvidas e a insegurança começaram a assolar-me e decido partir ignorando estes pensamentos mais negativos.... vou andado pensei, vou andar até onde conseguir....
Os próximos 20km são estranhos, havia zonas que pareciam planas mas tinham inclinação, ainda que muito ligeira o esforço era continuado, se parasse de pedalar parava logo, foi uma espécie de moinha até Manteigas, mesmo assim, cheguei a Manteigas a sentir-me bem. Algo surpreendente confesso, já tinha conquistado 83 km um pouco duros, algo que ainda não tinha feito até agora.
Vou reconhecendo este caminho, estive de férias nas Penhas Douradas este ano no Inverno e voltei a passar por zonas onde tinha estado, a zona é "plana" estou a andar pela base da montanha, dá para contemplar os penhascos que se levantam de um lado e de outro da estrada, vou vendo dois colegas à minha frente que acabo por apanhar em Manteigas. Parámos aí para uma pausa de 15/20 min, alguma conversa com um elemento da organização que nos descreve o que se vai passar a seguir, assustador mas mesmo assim não conseguia imaginar o que seria, ainda bem se não ainda ficava por ali.
São 12h00, quando decidimos arrancar de Manteigas, pensei que 3h30m seriam suficientes para escalar a Torre, mas as 12h significa que o Sol está a pique, a temperatura está perto do máximo, não sei até que ponto o termómetro do Garmin é preciso mas a temperatura média registada nos últimos 25 km é de 30ºC. Estes últimos kms, não sei bem a sequência cronológica dos eventos, acho que estava com o discernimento um bocado afectado.
A verdadeira tareia está prestes a começar, tudo o que sofri a seguir foi infinitamente maior do que havia sofrido até ali, e não me recordo de nada semelhante na minha vida.
A ataque à Torre começou mais ou menos ao km 85, começo a subir a já tinha perdido de vista os dois camaradas que tinha encontrado em Manteigas, sem problemas, tenho que seguir ao meu ritmo.
Pouco depois de começar, com um calor infernal tenho que parar, as pulsações estão quase no máximo, no meu caso 170 bpm, estou a suar ainda mais do que havia estado antes, os olhos cheios de sal a arder.... páro para baixar um pouco as pulsaçoes, beber água e limpar os olhos, fico seriamente preocupado, ainda estou só no ínicio, estava num local onde já conseguia contemplar a imponência do Vale Glaciar, "ainda agora comecei, como é que eu vou conseguir fazer o resto?", a paisagem é verdadeiramente esmagadora.
Retemperado sigo pela encosta, com o vale à minha direita, é lindo mas sinceramente não consegui disfrutar da paisagem, só consegui pensar no esforço que estava a fazer, a minha cabeça não tinha espaço para pensar em mais nada.
Ando mais um pouco, nesta fase não conseguia fazer 1 km seguido, tinha sempre que parar, o calor abrasador, o cansaço, as pulsações no máximo... não podia arriscar a desmaiar ou qualquer coisa do género, mentalmente sentia-me forte mas o corpo não, já estava de rastos mas fui insistindo e seguindo muito lentamente. De vez em quando passava um rapaz da organização, o mesmo do café em Manteigas, perguntava se estava tudo bem se queria água etc, e dizia lá em cima está mais fresquinho.
Os primeiros 10km fiz em aproximadamente uma hora e o resto numa hora e meia, foi penoso.
Cheguei a um ponto em que parava de 100 em 100 metros, às vezes 200 em 200, tinha falta de ar, as pulsações disparavam em segundos.... passou por mim o Sr. Martins tio de um colega, perguntou-me se estava tudo bem e se queria água, pela sua expressão apercebi-me que devia estar num estado lastimável, e estava de facto, foi um sofrimento monumental.
Fui vendo os kms a passar, 86...87...88..89... ainda faltava muito até lá acima, ía ser sempre a subir e ainda ía piorar pois os últimos 10km são demolidores.... só pensava que não ía conseguir até que encontro dois camaradas em BTT, também íam nas últimas, eles pararam e eu segui, mais tarde um deles desistiu, eu observei a cena ainda por cima a esposa dele estava lá para o apoiar... e senti uma fraqueza abismal.... vou desistir, não aguento mais, isto tudo por um autocolante???? :)
NÂO,NAO,NAO ainda não estou pronto para desistir, ainda tenho tempo, vou andar o máximo que puder, só desisto quando não puder mesmo acabar... sigo com um novo entusiasmo, mas ainda faltam para aí uns 12/13 kms, continuo a ardua tarefa de parar de 100 em 100 ou 200 em 200 metros, raramente consigo andar 500 metros de seguida.
Lá aparece de novo o rapaz da organização.... "Faltam 1500 metros para uma fonte com água fresca e fruta...." começo a delirar e a imaginar que já lá estou, começo a salivar pela fruta e água fresca... mas são 1500 metros que eu não consigo andar de seguida, foi doloroso.
Na fonte bebo água com fartura, refresco-me, como fruta e acabo o farnel que levava, decidi descansar mais tempo para ver se conseguia andar mais tempo sem parar...
As vistas eram tão espectaculares como desoladoras, a serpente de estrada era visível, ainda tinha muito para andar....
Sigo para atacar os últimos 10 kms, ainda aparece uma pequena descida que nem aproveito bem porque simplesmaente não consigo pedalar, deixo-me apenas embalar... Continuo a subir muito lentamente, respirar é dificil, fazer esforço é dificil, já não sinto forças... só mais até áquele sinal, só mais até áquela pedra onde me posso encostar.... numa desta paragens ao tentar arracar caí, não consegui meter logo o pé no pedal e comecei a inclinar-me para o lado contrário e não tive reacção para tirar o outro pé do pedal.... estatelei-me no chão, deve ter sido um espectáculo degrandante...
há malta que vai passando por mim, "queres boleia?" , NÂO!!!!! antes desistir....
há um que me diz, "não vais conseguir subir desiste já", não sei se era a técnica da psicologia invertida, mas não apreciei as palavras, talvez por achar que eram verdade.... mas sigo de 100 em 100, 200 em 200 etc... é tão dificil respirar... é tão dificil pedalar estou completamente esgotado....
Oiço o tlm tocar quando vou numa das tiradas de 100 ou 200 metros, não iria parar para atender, na paragem seguinte verifico o tlm, era a minha mãe... já eram horas de ter terminado a prova, devia estar preocupada. passado pouco tempo ligam-me de novo ... era a minha Beibí, sinto algum ansiedade, não quero preocupá-las mas estava num momento em que não podia ligar, tinha a impressão que se ligasse desistia logo ali, era como se tivesse que regressar à realidade e eu queria continuar iludido que iria conseguir... sigo com uma preocupação adicional em ligar para casa para o pessoal não começar a pensar que já estava estendido no meio do Vale Glaciar...
mas é doloroso, penoso, não sei onde consigo ainda arranjar uma réstia de força para andar....
Faltam 2 km e penso que vou desistir já não dá mais, já não tinha nada para dar, estava a sofrer dolorosamente há 3h, até que encontro mais um camarada, já a descer de carro, eu estava parado enconstado a um poste... "Como é que te chamas? Olha pera aí que eu vou ligar para eles a dizer que estás a chegar"... eu respondo ok, mas na verdade não queria continuar, estava morrer, por outro lado só pensava que eram só mais 2 km... iria morrer na praia.
Eu acho que não conseguia pensar direito nesta altura mas decidi continuar, parei outra vez a 1.5 km da meta, e aqui aconteceu um dos momentos mais emocionantes da prova.
Estava eu em mais uma paragem agarrado a um poste a arfar e vejo um autocarro, lá dentro estava um cromo (a.k.a. Trepador da Figueira) em pé naquele lugar da frente a olhar para mim, eu na altura não o reconheci, levanto o braço para dizer adeus como se tivesses a olhar para um excursão qualquer, e de repente faz-se luz reconheço o Trepador e o resto do pessoal que tinha vindo no comboio, só via a malta a esbracejar e a fazerem gestos que só faltava um bocadinho, e a gritarem qqr coisa que eu não percebi
Foi um momento lindo, emocionante, foi o meu último gel energético, fiquei tão feliz.... se eles soubessem o quanto me ajudaram naquele momento... é dificil descrever por palavras.
Agarrei-me à Dama de Ferro vamos lá caraças... Faço a última curva para a Torre havia uma pequena recta com um subida mais ligeira, ainda parei aqui mais uns segundos estava mesmo a morrer mas o GPS dizia que faltavem apenas 400 metros, tenho que conseguir.... ao longe no final dessa recta vejo mais uma vez o rapaz da organização à minha espera, é só até ali pensei, força caraças.... lá arranjei mais uns pózinhos de energia e consigo chegar a ele, vejo a barraquinha da meta.....
CONSEGUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII conquistei a Torre :)
os últimos metros terminei de braços no ar... lindo lindo lindo.
Entrego a caderneta e ataco de imediato a melancia e água, não quero saber de mais nada...
8h 29m 31 segundos depois percorri os 105km, com 3h30 de sofrimento como eu nunca havia sentido na vida.
Regressamos logo pois havia um comboio para apanhar o que não me deu tempo para disfrutar o local, sem problemas, estava feliz à mesma. Voltámos de carro pelo mesmo sítio que subi e aí apercebi-me melhor do quão esmagadora é aquela subida e eu consegui fazê-la.
Infelizmente ía com um colega que tinha desistido a 2km da meta o que me fez conter um bocado a felicidade, mas só me apetecia gritar e pular de alegria....
Aproveito para traquilizar a família e vou contemplando a belissíma paisagem.
Chego ao pé do pessoal do autocarro e partilhei o contentamento, o André deu-me os parabéns e disse-me que na sua primeira subida à serra tinha terminado a pé.... senti-me orgulhoso, senti-me mesmo feliz.
Houve muita conversa, houve malta que me perguntou se estava bem, eu devia estar mesmo com uma cara de grande sofrimento naquela subida, reencontro o Sr. Martins que veio logo ter comigo a perguntar como estava e a dar-me os parabéns, foi muito simpático tive a sensação que ele se tinha preocupada seriamente comigo quando me viu na subida.
Partímos da Guarda em direcção a Lisboa, mas a minha Beibi e e meu filhote estavam em Santarém, eu precisava de vê-los ainda naquele dia, não queria ir sózinho para Lisboa e só vê-los no dia seguinte. Queria muito partilhar com eles a minha conquista e decidi ficar em Santarém.
O dia terminou em grande com o reencontro com a minha Beibi, partilhei a felicidade que sentia e tudo terminou como no último Audace, na cama e com umas massagens nas pernas com Voltaren.

Para terminar quero deixar alguns agradecimentos especiais:
-> A organização estava espectacular, tudo muito certinho e a horas, e a logística toda muito bem organizada.
-> O rapaz da oganização que me acompanhou nos últimos kms, foi uma grande ajuda e um apoio enorme, talvez sem a presença dele não conseguisse, tenho que descobrir o nome dele e pagar-lhe umas valentes imperiais
-> À malta que passou no autocarro e me deu o último "tiro" de energia
-> Ao sr Martins que foi muito simpático comigo
-> À malta do comboio pelo convívio e camaradagem e ensinamentos

Viver esta aventura convosco foi gratificante. Obrigado a todos!!!

P.S -> para o ano quero voltar...
venha o próximo dia 22 em Constância

Abraços
Zé Mota
 

Jusko

New Member
Depois de ler o que escreveste no Audace da Ota, de te conhecer pessoalmente com a Dama de Ferro e voltar a ler mais este texto...não sei o que dizer!

Eu creio que a haver pessoas que personificam o espirito Audace, tu serás sem dúvidas uma delas.

Parabéns pelo feito, que foi grandioso!:)
 

Bruso

Well-Known Member
Este relato é algo de genial.

Muitos parabéns pelo que conseguiste. Esse autocolante é um grande motivo de orgulho.

Adorava um dia fazer este tipo de passeio/prova...
 

CarlosP

Member
Caro Zé Mota,

Não participei no AUDACE da Ota por motivos profissionais e, pior, não li o teu report... mas vou ler agora! :rolleyes:
Fui no comboio e fui um dos que identifiquei a tua "Dama de Ferro" como uma "Randonneur"!
Depois de ler este relato, estou sem palavras, a recordar cada pedaço daquele caminho em que me arrastei... como eu te compreendo!
Concordo com o Jusko... tu personificas o espirito AUDACE e, porque eu já tive o prazer de participar num BRM 200 (experiência que recomendo), sem dúvida o espirito randonneur!
Parabéns, foi uma conquista... e que conquista!

Abraço,
:cool:
CarlosP
 

Murplatina

Active Member
Boas,

Belo rescaldo, csg explicar td de uma forma mt intensa, e realmente acho q o pessoal todo viveu aquele audace dessa maneira.
Já agora o tal camarada do carro era eu :D, tenho uma foto tua no album q coloquei no post da Angela :p
Qd eu te disse que ia ligar para eles a dizer q tavas a chegar era para te motivar, senão tinha dito q eles te vinham buscar :p
Parabéns pela conquista!!!
 
@jusko
epá não consigo associar o teu nome a ninguém ehehe :) desculpa. Eu também sou um bocado "cabeça-no-ar" com nomes...
Obrigado. O espirito é participar desafiar os limites, sempre com pensamento positivo e acima de tudo a disfrutar o momento, apesar do sofrimento o prazer que retirei desta prova foi imenso, assim como o da Ota.

@CarlosP
Obrigado, lembro-me da conversa, mas não sabia o teu nome, finalmente começo a associar nomes/nicks do forum a alguém :)
Dia 19/10 lá estarei para o primeiro Brevet de 200 km, aguardo ansiosamente a data...

@Murplatina
já mencionei no outro tópico mas volto a dizer, encontraste-me a "bater a bota" e deste-me alento para mais um bocadinho de esforço obrigado!
 

noody_here

New Member
Antes de mais José Mota, os meus sinceros Parabéns pelo feito.

O teu relato está magnifico, quase que me consigo transportar para cima da bicicleta e tentar fazer a mesma coisa.

Eu gosto muito do formato dos Audaces, mas ainda só arrisquei fazer o mini em Alpiarça o ano passado, ainda não consegui arranjar coragem para me lançar em voltas de 3 digitos, ainda me falta treino, endurance e tempo para treinar.

Quem sabe um destes dias eu ganho coragem ao ler os teus relatos e te faço companhia num Audace.

Mais uma vez os meus sinceros Parabéns pelo feito.
 
@noody_here
Obrigado.

Até Julho deste ano passei o tempo todo a pensar dessa forma e deixei passar eventos em que queria participar, nomeadamente os Brevets dos Randonneurs Portugal.
Sempre pensava que treinava pouco e não estava preparado. De facto treinava pouco, limitava-me a ir para o trabalho de bike, um percurso de 4km para cada lado que nem dá para suar...
Tal e qual como tu lia e relia relatos das aventuras do pessoal e por um lado ficava frustrado por não participar, por outro sentia um desejo enorme de experimentar.

Até que um dia um amigo meu disse-me "se não começares a participar nunca vais saber se consegues".
Isto foi uma espécie de revelação e foi antes do Audace da Ota, resolvi inscrever-me imediatamente independentemente do que estivesse a pensar, em particular achar que não iria conseguir.

O resultado foi que comecei logo a treinar mais regularmente e vivi uma experiência inesquecível.
Apercebi-me que afinal, apesar de estar muito longe de poder dizer que estou em forma, tenho capacidade para participar nestes eventos, na Ota fiquei em 3º a contar do fim e neste fiquei em último.
E depois? Isto são eventos não competitivos, a participação e o convívio são previligiados pela maioria das pessoas. São experiências únicas.

ab
 

noody_here

New Member
Realmente José Mota, ás vezes é preciso alguma coisa que nos "acorda" para o que desejamos fazer, espero que o teu relato tenha sido o click para eu me lançar a fazer aquilo que quero.

Vou partir daquele principio " o Não está garantido", tudo o que vier a mais é ganho:D

Como eu sou do Barreiro vou tentar estar presente no Audace do Barreiro em Outubro, pode ser que a gente se cruze por lá.

Grande Abraço e mais uma vez Parabéns pela coragem.
 

Jusko

New Member
@jusko
epá não consigo associar o teu nome a ninguém ehehe :) desculpa. Eu também sou um bocado "cabeça-no-ar" com nomes....QUOTE]

Tambem não falamos muito. Eu reconheci logo a bike à ida no comboio para cima, e disse logo para comigo que tinha que trocar umas palavras contigo (que na altura não sabia que eras), eu tambem dormi no Ginasio, mas sinceramente à quela hora já não via nada...

E então na estação do comboio enquanto aguardavamos pelo regresso, foi quando percebi quem eras e meti conversa, disse que tinha lido o teu post da Ota e tal, e falamos 5 min. (a minha bike é uma BTwin escura com letras brancas)
 

vifelgueiras

New Member
Grande relato, é preciso ser um grande audacioso para tamanho sofrimento, parabéns pela conquista.
O homem da organização que te acompanhou nos últimos Kms estava numa carrinha Opel Astra? Se sim, chama-se Alexandre Guilhoto merece bem uma imperiais pela sua simpatia e pela ajuda que prestou a todos.
 

angel@

Member
Ola tambem trocamos algumas palavras num dos PC por causa da Carradice igual à minha, do suporte bagman e do selim Brooks; mais tarde em Manteigas onde nos sentamos num café. Eu e o meu companheiro de equipa arrancamos logo, para nao arrefecer.
Se tudo correr bem tambem estarei no brm200 de 19 out.
 
Olá angel@,

pois lembro-me bem.
Fui algum tempo atrás de ti e do outro elemento da PNSC.
Por acaso também queria ter falado contigo sobre o guiador que utilizas, que acho lindo e gostava de montar um na minha Dama.
Falamos dia 22/09.

Parabéns também.
Não sabes ainda, mas tiveste alguma influência no meu despertar para estes eventos pois sigo o teu blog e li atentamente as tuas aventuras. :)
 
Grande relato, é preciso ser um grande audacioso para tamanho sofrimento, parabéns pela conquista.
O homem da organização que te acompanhou nos últimos Kms estava numa carrinha Opel Astra? Se sim, chama-se Alexandre Guilhoto merece bem uma imperiais pela sua simpatia e pela ajuda que prestou a todos.

Obrigado.
É ele então, lembro-me que a carrinha era uma Opel preta.
Foi 5 estrelas. Se o conheceres e falares com ele manda-lhe um grande abraço de obrigado.
 

gonpalco

Member
Simplesmente arrasador, este relato! O espírito de sacríficio que é necessário ter, sinceramente, fez-me recordar alguns relatos que li sobre o PBP em fixie... :)

Acredito que os últimos metros, devem ter sido arrancado a ferros, ainda para mais, numa bicicleta já de si, mais pesada que as que por aí rolaram.

Os meus parabens, e espero que continues com estes relatos!




PS - Quanto à tristeza de alguns não acabarem, é como se diz: existe sempre uma lição aprender - quer seja no sucesso ou no insucesso!
Pessoalmente acho que estarem presentes, e empregarem o vosso corpo e mente, a tentarem superar tamanha dificuldade, já é uma vitória por si só, e terminar, é uma recompensa que merece os parabens de todos
 

gonpalco

Member
Simplesmente arrasador, este relato! O espírito de sacríficio que é necessário ter, sinceramente, fez-me recordar alguns relatos que li sobre o PBP em fixie... :)

Acredito que os últimos metros, devem ter sido arrancados a ferros, ainda para mais, numa bicicleta já de si, mais pesada que as que por aí rolaram.

Os meus parabens, e espero que continues com estes relatos!




PS - Quanto à tristeza de alguns não acabarem, é como se diz: existe sempre uma lição aprender - quer seja no sucesso ou no insucesso!
Pessoalmente acho que estarem presentes, e empregarem o vosso corpo e mente, a tentarem superar tamanha dificuldade, já é uma vitória por si só, e terminar, é uma recompensa que merece os parabens de todos
 

AndreNS

New Member
Relato espetacular!
Já tendo passado por situações muito parecidas consegui sentir a descrição como se fosse eu em cima da bike.
 

iMiguel

Active Member
São estes relatos que cada vez mais me puxam para começar a fazer travessias. Tenho uma já em Outubro (Sagres a Vila Real St Antonio, em BTT) e estou a uma negra (como se costuma dizer) de me inscrever.

É fantastico ver até que ponto a mente controla o nosso corpo. Caro josepmota, ficar em primeiro ou ultimo é subjectivo, o que importa sao as conquistas pessoais, de superar o desafio, o restante vem por acréscimo!
 

angel@

Member
Olá angel@,

pois lembro-me bem.
Fui algum tempo atrás de ti e do outro elemento da PNSC.
Por acaso também queria ter falado contigo sobre o guiador que utilizas, que acho lindo e gostava de montar um na minha Dama.

Parabéns também.
Não sabes ainda, mas tiveste alguma influência no meu despertar para estes eventos pois sigo o teu blog e li atentamente as tuas aventuras. :)

Sempre vais fazer os 200kms no dia 19/10?
 
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