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13º Audace - Ota - Nocturno

Completei o meu primeiro Desafio Audace da FPCUB, 113 km à noite pelas terras à volta da Ota.
A história deste desafio começa bastante tempo antes do evento em si decorrer.

Há muito que desejava participar num evento deste tipo mas achava sempre que não tinha capacidade para participar num evento assim.
Desta vez optei por ignorar o espirito derrotista, apesar de ele estar presente, e atirar-me de cabeça para o desafio.
Inscrevi-me aproximadamente uma semana antes da data. Assim que submeti a inscrição comecei logo uma sentir ansiedade quase incontrolável.
Foi no trabalho à tarde, e nesse dia mal me consegui concentrar o resto do tempo nas tarefas que tinha que desempenhar.
Comecei por ver e rever mentalmente, com listas em papelinhos, num ficheiro no PC e também no telémovel tudo o que precisava para levar.
Este espirito durou vários dias, na verdade durou até ao dia do Desafio, não era mais do que o reflexo de uma enorme ansiedade e insegurança face a algo que eu desconhecia.
À medida que se aproxima a data, mal consigo dormir as noites, na noite anterior deitei-me pelas 4h da manhã, mais uma vez a ver e rever tudo várias vezes, desta vez a arrumar tudo dentro de uma mala para levar.
Chega o dia, a prova começaria às 20h, tinha o dia todo para relaxar, de certa forma consegui, porque o cansaço das noites mal dormidas era tal, que consegui dormir uma sestinha à tarde.
17 horas, chegou o momento de partir. Decido ir tomar um banho quase frio antes de sair de casa, para despertar o corpo da sesta preguiçosa que havia acabado.
Agarro na mala, beijo o meu Jaiminho e a minha Diana como se estivesse a partir para uma guerra qualquer....
Chego ao carro, faço uma última revisão das coisas e parto.
Seguem-se 40 e tal km de carro até ao ponto de partida, vou a ouvir rádio pelas terrinhas mas depressa desligo o rádio, desejava o silêncio dos campos que atravessava, queria ouvir-me a pensar, precisava de canalizar todas as energias para a concentração no momento que se aproximava, sentia-me tenso, os músculos retesavam-se num formigueiro, a mente só pensava no desafio que se aproximava, era assim que eu me queria sentir e a música da rádio afastava-me deste estado.
Pelo caminho pergunto a alguém se estou no caminho certo, "é sempre a direito", na verdade não tinha muitas alternativas se não seguir em frente, mas já circulava há muito tempo por estradas campestres sem ver alguma coisa que indicasse a direcção do destino. Este alguém pede-me boleia, hesitei, era uma personagem portentosa do campo intimidante, com uma dicção dificil de entender.... acedo e dou boleia ao senhor. Tento a conversa de circunstância para quebrar um silêncio, outrora desejado, incómodo. Mas tudo o que obtenho são uma espécie de grunhidos initelígiveis. Rapidamente desisto e seguimos viagem em silêncio, tenho mais em que pensar do que em conversa circunstancial com um desconhecido.
Essa pessoa chega ao seu destino e pede-me para parar, estávamos dentro de uma localidade e pergunto se estamos na Ota, "Na sei, acho que sim", fico preocupado, mas por pouco tempo, pois logo a seguir consegui obter as informações que queria.
Chego ao local pelas 18h, um pórtico insuflável assinala o ponto de partida. Começo uma espécie de ritual, entre equipar-me e preparar a minha bicicleta.
Aqui violei uma das regras fundamentais destes eventos, não levar nada que não tenha sido previamente testado em voltas. Neste caso foi uma bolsa que se monta debaixo do banco, na qual tinha planeado guardar tudo o que queria levar, que não encaixava no banco. O meu coração acelera, "E agora?", amaldiçoei-me várias vezes por não ter cumprido, deliberadamente, esta regra tão básica. Mas não estava disposto a desistir por isto, mas também não podia meter-me na estrada sem câmeras de ar, nem bomba, comida etc, é um risco demasiado elevado sair sem este tipo de coisas. Felizmente tinha comprado um jersey à última da hora, estas camisolas por norma têm bolsos nas costas e consegui enfiar tudo lá dentro, menos a bomba de ar. Sem bomba não queria ir, então meti a bomba numa bolsa de óculos e atei a bolsa ao quadro. Não foi a solução mais eficaz, mas tinha que levar tudo o que precisava.
Enquanto me preparava o sentimento dominante era insegurança. Para além da que já sentia antes, foi ainda exacerbado pelo desfile de corpos magros, esguios e de pernas depiladas, equipados a rigor, sinal de ciclistas acostumados a estas lides. Para além disso, desfilaram igualmente as suas bicicletas todas artilhadas, com corpos de carbono, coloridas e cheias de dizeres e autocolantes de marcas e empresas. A minha bicicleta era a única de ferro, olhei carinhosamente para ela e sorri, era a minha Dama de Ferro, a bicicleta que me tem transportado diariamente, já nos tornámos cúmplices, amigos de viagem, estamos moldados um ao outro, e eu adoro-a. Sinto-me um pouco mais confiante, eu sei que a minha Dama de Ferro apesar de não ser ostensiva, que é uma característica que eu admiro e desejo nela, é uma bicleta muito boa, é forte e fiável, não me iria deixar ficar mal.
Chega então o momento da partida, alinha-se toda a gente no pórtico insuflável, os organizadores fazem uma pequena palestra para falar do percurso, mal consigo ouvir o que se disse, estava com a tensão no máximo, tinha chegado a hora, só me restaria partir, um pouco como saltar de pára-quedas, depois de me atirar do avião já não posso voltar a ele.

PARTIDA LAGARTA FUGIDA ... Aí vamos nós
A partida foi tranquila, deixei-me ficar para trás para me afastar da confusão dos que querem ir à frente, não podia deixar-me influenciar pelos outros, tinha que seguir ao meu ritmo.
Psicologicamente já me sinto preparado para os primeiros 10/15 km que são os de aquecimento, são quilómetros difíceis porque sinto dores nos músculos, a respiração acelera, é frequente pensar em desistir, mas consigo ignorar estes tipo de pensamentos sei que é o corpo e a mente a adaptarem-se ao esforço que aí vem.
No entanto não estava preparado para fazer estes quilómetros a subir. Foram aproximadamente 3 quilómetros a subir continuadamente assim que comecei a andar, foi desesperante, perdi logo o contacto com o grupo, vía-os a afastarem-se cada vez mais e eu cada vez com menos força, a arfar já quase na mudança mais leve, quase que parei um pouco ali pelo meio da subida, mas cerrei os dentes, "parar é pior, força" pensei. Lembrei-me de um cromo das ultra maratonas que disse uma vez que quando está a desesperar, "volta-atrás" e dá pequenos passos (baby-steps). Passei a pensar baby-steps ... baby-steps ... baby-steps , abrandei o ritmo lembrei-me que é muito importante gerir o esforço, ainda tinha 110 km para andar não podia deixar tudo naquela subida. Acalmei a mente, respirei fundo e concentrei-me na pedalada, uma rotação a seguir à outra, lentamente, até chegar ao final da subida.
Lá em cima já só vía 3 ou 4 ciclistas ao longe, não me preocupei muito e segui, mantive o ritmo lento para recuperar da subida, fiquei um pouco preocupado porque nesta altura estava com uma média de velocidade abaixo dos 15 km/h que é o minimo para terminar a prova dentro do tempo.
Seguem-se alguns quilómetros mais rolantes com pequenas subidas e descidas, sempre a ver os tais 3 ou 4 ciclistas, entretanto fui ultrapassado por alguns ciclistas que começaram mais tarde, mas íam com um ritmo elevado, apesar de tentar ignorar e saber que é fundamental seguir ao meu ritmo, há sempre tendência para segui-los, não me é difícil contrariar esta tendência porque mesmo que quisesse, não conseguiria acompanhá-los. Deixo-me sentir alguma admiração por esta capacidade que invejo, "como é que estes gajos conseguem?" pergunto-me... Desligo e volto a focar-me na minha pedalada, já circulo praticamente sózinho, atrás não vem ninguém e à frente já só vejo de vez em quando uns pontinhos fluorescentes a dar à perna.
Sozinho numa estrada de campo já com os músculos aquecidos e em "ritmo de cruzeiro", só consigo escutar o vento que me bate a cara e a Dama de Ferro a rolar, entro num estado contemplativo, observo o verde dos campos, o Sol a pôr-se, os tons vão-se tornado cada vez mais monocromáticos com a predominância do laranja do Sol. Lindo.
De vez em quando passo por aldeolas, cumprimento e sou cumprimentado, "Boa tarde Chefe", "Boa tarde,força...", até sou aplaudido a ouvir gritar "Força força vai vai...", sorrio e sinto-me especial, as pessoas gostam de ciclismo concluo.
A dureza das subidas é frequentemente brindada com grandes descidas, apanhei umas quantas que adorei fazer, em curva e contra-curva a Dama de Ferro brilhou, manteve-se firme no chão, com a ajuda de uns poderosos travões de disco e uns pneus Continental de 28mm, que travam de facto e mantêm a Dama de Ferro estável. Cheguei a uns impressionantes 57km/h numa delas.
A noite vai caindo, cada vez mais vejo menos pessoas por onde passo, sinto a solidão a começar a pesar, mas ainda me sinto forte física e psicologicamente, limito-me a seguir viagem. Quando vejo que faltam aproximadamente 80km para a chegada, a noite já está cerrada e penso que o restante é tudo à noite, fico apreensivo mas como ainda estou a passar em muitas localidades, a falta de iluminação não me preocupa muito. Contudo vou passando por sítios menos iluminados que me assustam porque verifico que a luz que levo à frente ilumina apenas uma bola de um metro de diâmetro um pouco à frente da roda, verifico imediatamente que é insuficiente para circular com alguma velocidade, revejo a média e já estou perto dos 20km/h o que seria bom, mas ao ver que não poderia manter a média devido à iluminação insuficiente, adicionei aqui um factor de pressão, tinha que manter a média de forma a ter uma margem confortável para qualquer eventualidade.
Sigo e as localidades começam a rarear, a maioria do tempo estou em estradas de campo com um poste de iluminação de vez em quando, até começar a circular em estradas no meio de pinhais e eucaliptais sem qualquer iluminação. Começo a sentir medo, olho para trás e para a frente e não vejo nada, só uma bolinha de um metro de luz à minha frente. Não consigo perceber o que aí vem, olho em frente e está tudo negro, opto por circular no centro da estrada em cima do tracejado, foi fundamental para me manter na estrada. Vou seguindo nestas estradas florestais, ouvindo o GPS de 1 em 1 quilómetro a apitar, concentro-me na única coisa vísivel, a luzinha que está à minha frente.
Normalmente aos 40 km páro para comer alguma coisa, mas desta vez estava no meio destas estradas florestais e pensar em parar não me deixava confortável. Por outro lado tinha um posto de controlo aos 60 km, resolvi aguentar mais um bocado até lá chegar. Até que ali pelo 55 km vejo três luzinhas a piscar à minha frente, senti uma felicidade genuína, já seguía há tanto tempo sozinho e na escuridão que até foi estranho ouvir as suas vozes, era como se não pertencessem áquele local, onde apenas se ouvia o vento nas folhas das árvores. Tento inutilmente apanhá-los, queria seguir com companhia sobretudo por causa das luzes, mas não consigo. Volto à importante lenga-lenga do ritmo e conformo-me com o meu ritmo lento.
Aos 60 km páro no Posto de Controlo. De repente regresso à realidade, carros, pessoas a falar, luzes, a minha cabeça a deixar de divagar. Reponho as energias com uma sandes, maçãs e àgua. Os três que vi também lá estavam e íam partir, parar muito tempo não é bom por causa do arrefecimento dos músculos e resolvo partir com eles na esperança de acompanhá-los. Mas assim que começamos ainda estou cheio de fome, resolvo comer mais uma sandes e duas barras enegéticas, enquanto me delicio com estas iguarias perco-os de vista. De volta à solidão e com as forças retemperadas sigo ao meu ritmo, com metade do percurso feito, mal sabia eu que o pior ainda estava para vir.
A última metade do percurso foi aterradora. Foi quase sempre na escuridão e sozinho em estradas florestais, ver um poste de iluminação era um oásis no deserto, senti muito medo em algumas ocasiões. Mantive a minha estratégia de seguir ao meu ritmo pelo meio da estrada. Lembro-me que já andava há muitos quilómetros num eucaliptal, com a estrada estreita e sem tracejado (o meu guia), com as árvores muito cerradas, uma escuridão quase absoluta, ía cheio de medo e só me lembrava do ciclista francês que fora assassinado quando passava num local e viu um homicídio a acontecer, neste momento olho para o lado e "vejo" uma pessoa a ser assassinada, olham para mim e no momento seguinte estou a ser esquartejado ali mesmo. Quase que sinto a adrenalina a ser descarregada no meu corpo, os meus sentidos aguçam-se e sigo como se tivesse sempre a fugir de alguma coisa.
Liberto-me desta tensão quando volto a passar numa aldeola, que alívio, mesmo assim não havia vivalma na rua, continuava sozinho. Sigo o percurso indicado no GPS e depois de me ter enganado num cruzamento retomo o caminho, ainda estava dentro da localidade mas ao olhar em frente, a rua por onde tinha que ir terminava logo ali, para começar a seguir alguma coisa que eu nem percebi o que era, tão escuro que estava. Senti-me petrificado, desanimado, apeteceu-me desistir, deixo de pedalar, baixo os olhos impotente, sinto as forças a desaparecerem e o sabor amargo da derrota a aparecer. Só conseguia ver escuridão, não via qualquer ponto de luz para onde ía, nem sequer percebía para onde ía. Mas o que ía fazer desistir? Voltar para trás? Só podia enfrentar o caminho, volto a cerrar os dentes, agarro-me à Dama de Ferro com todas as minhas forças e segui. Entro nesta escuridão e fico ainda mais aterrorizado, a luz que tenho é insuficiente, o mato continua cerrado, a estrada está em mau estado, de tal forma que por vezes não distiguia a estrada da berma e houve momentos em que quase parei já à beira de sair da estrada, queria sair dali depressa, mas não conseguia andar depressa. Sigo sempre numa grande tensão mas com mais energia, dou por mim a pensar na minha Diana ao mexer no dedo em que meto a aliança num gesto que normalmente faço quando a tenho colocada, penso no meu Jaiminho, os músculos retesam-se todos, agarro a Dama de Ferro com força novamente, ignoro o medo e os pensamentos associados, e só penso em sair dali o mais rápido que puder.
Finalmente consigo sair do eucaliptal passo por outra localidade, sinto o calor e o conforto de rolar em alcatrão liso e iluminado pelo meio da localidade, ufa...
Uma das coisa que me lembro da palestra foi o organizador dizer que a partir do km 90 seriam 12km de escuridão total num eucaliptal, "são só vocês e o fósforo que levam à frente", olho para a minha luz e reparo, sim isto é um fósforo ou pior que isso... vou ali quase nos 90 kms e já estou farto de andar na escuridão total, será que ainda vêm 12 km de seguida de mais escuridão? Pensei que já tinha passado por tanto km às escuras que o organizador se teria enganado.
Mas não, ao km 91 entro de novo num eucaliptal e penso só faltam 12 km para sair dali, não me sinto tão mal aqui porque a estrada era larga, muito lisa e tinha o tracejado para me guiar. Lá vou eu, apesar do medo ser menor, só consigo ver uma mancha negra à minha frente. Sinto um ânimo extra porque já estou quase nos 100 km, mas aos 100 ainda faltariam 13km e eu já estava a dar sinais de cansaço. Vou seguindo mais tranquilamente, verifico que a média de velocidade até áquele momento está nos 20 km/h o que me traz algum conforto, pois tinha alguma margem para conseguir chegar dentro do tempo, sigo calmamente e focado na pedalada novamente, parecia que tinha voltado a um estado normal, lembro-me de fazer coisas como beber água, olhar para o céu, reparei que a lua tinha resolvido aparecer para estes últimos quilómetros, senti a dor nos pés e costas, mas fui seguindo. Neste último eucaliptal tive uma situação desesperante, enquanto estava embrenhado em pensamentos mais positivos, iniciei uma subida, mas eu não conseguía vislumbrar nada à minha frente, não lhe via o fim, limitei-me a pedalar, até que oiço um carro a vir de trás que com as suas luzes ilumina toda a subida, uma recta enooooorme, nem devia ir a meio, senti um desânimo enorme, já ía num esforço muito grande, na mudança mais leve e constatar o que ainda faltava entristeceu-me verdadeiramente, pensei que não iria conseguir já era demasiado.... mas decidi baixar os olhos, ir focado na luz, voltar aos baby-steps ... baby-steps ... baby-steps, e lá fui subindo até ao final, onde fui brindado depois com uma valente descida.
Por aqui já ía ali nos 99/100 km uma espécie de barreira psicológica que consegui ultrapassar, senti um novo ânimo. Só faltam 13km ainda tenho pernas para lá chegar, pensei com felicidade. Este últimos kms nem me apercebi muito bem deles, apesar do GPS dizer que faltavam 5 ou 6 km não via qualquer placa a indicar a Ota o que me deixou apreensivo, queria ver uma placa a indicar a Ota, qualquer coisa do género "Ota 5km" e sorrir de satisfação.
Até que por fim oiço o som do GPS a dizer que tinha chegado ao local, revejo o pórtico insuflável, sorrio. Consegui. Dirijo-me à recepção entrego a Cue Sheet que fora carimbada no Posto de Controlo, recebo de volta uma caderneta a atestar que completei o Desafio Audace. Senti um orgulho enorme, ao mesmo tempo não sinto quase nada, estou esgotado, exausto, só quero tomar banho e ir para casa. Chego a casa partilho a alegria com a minha Diana, vou para a cama e ela põe-me pomada nas pernas, soube lindamente, que bom estar de volta e que bom estar deitado na cama a descansar, adormeço feliz.
No dia seguinte acordo surpreendentemente bem, estou cansado mas não estou de rastos, será que o empeno virá amanhã?
Sinto uma espécie de ressaca, estou até emocionalmente vulnerável... é um estado estranho ao qual não estou habituado, certamente terá alguma explicação, mas não quero perder-me em análises psicológicas, quero apenas da disfrutar da vitória, e estar com a minha família.
A experiência foi brutalmente intensa física e psicologicamente, revelei forças escondidas que nem sabia que tinha, adorei. Sinto-me mais forte e com uma satisfação enorme de ter terminado o Desafio. O percurso poder-se-á repetir, mas a experiência nunca mais será a mesma, nem com a mesma intensidade. Eu atirei-me de cabeça para algo que desconhecia completamente, a única coisa que sabia antes era que ía andar 113km, mas não sabia nem estava mentalmente preparado para andar 80km na escuridão sozinho, não sabia onde é que ía andar, não conhecia as minhas reacções perante o que me foi inesperadamente aparecendo, não conhecia a minha mente e o meu corpo perante um desafio deste género. Tudo isto foi-me revelado e jamais se repetirá desta forma. Para o ano este evento repetir-se-á e eu espero poder participar novamente, voltar a andar pelos pinhais e eucaliptais na escuridão e sorrir com nostalgia do meu primeiro Desafio Audace.
 

20fps

Member
Li cada uma das linhas que escreveste com o máximo de atenção. Extraordinária descrição. Muitos parabéns por tudo o que venceste nessa noite.
 

Figueiredo

Active Member
@ josepemota

Parabéns e obrigado pela tua partilha sao palavras como as tuas que fazem tudo valer a pena... espero que fiques "cliente habitual"

Abraço e boas pedaladas!
 
@ josepemota

Parabéns e obrigado pela tua partilha sao palavras como as tuas que fazem tudo valer a pena... espero que fiques "cliente habitual"

Abraço e boas pedaladas!

Obrigado a todos.
Quero continuar a participar.
Já penso no próximo na Serra da Estrela :)

um abraço
 

angel@

Member
@ josepemota
Gostei muito do relato. Imagino que deve ser uma experiência intensa pedalar de noite pela primeira vez e sozinho.
Acredito que depois desta experiência, a próxima vez, será um passeio noturno mais tranquilo, porque pedalar à noite pode ser muito agradável, desde que se faça em segurança, por ex., com boas luzes, que transformam a noite em dia e refletores.
Desta vez, não participei pois de uma só vez, aconteceu ficar com o manípulo esquerdo arruinado e sem luzes decentes, mas guardo na memória a excelente organização da Rbikes da Ota no Audace noturno do ano passado.
Parabéns!
 
T

Transmontano62

Guest
josepemota
Permite-me que te dê os parabéns pela forma tão verdadeira como descrevestes a tua participação neste desafio audace. Para quem anda com frequência de bicicleta quer de dia quer de noite fazer esta prova acaba por se tornar um episódio normal. Era essencial partir para este desafio com luzes que nos permitissem ver a estrada com muita facilidade. Pelos vistos não foste o único a ter problemas com a falta de visibilidade. De certeza que no próximo noturno que participes já irás precavido. Espero ver-te em próximos desafios. Verifica se por acaso ficastes no video que eu fiz pelo menos quando passastes no alto da 1ª subida
 
Mais uma vez obrigado a todos.

Fiz questão de registar o mais genuinamente que consegui a experiência porque foi mesmo uma experiência intensa e quero recordá-la desta forma.
Algo que eu não me lembro alguma vez de sentir, andei 5h39 minutos praticamente sozinho.
Apesar da descrição expôr as minhas fragilidades e mostrar a minha inexperiência, resolvi partilhar convosco porque sei que compreendem o que é fazer um Audace e achei que era uma experiência diferente do habitual que valia a pena relatar.
Mas hoje sinto que saí mais forte, não desisti e consegui chegar ao fim.

Tenho muitas lições a tirar desta aventura, a primeira e mais óbvia são as luzes... nunca mais me meto noutra com um fósforo para me iluminar o caminho :)
Eu acho que vi alguém a filmar de um carro na 1ª subida, se eu aparecer de certeza que vou a deitar os bofes pela boca ehehe por pouco não rebentei ali mesmo.
Eu ando diariamente de bicicleta, mas num ambiente urbano, casa trabalho, nada de especial ou que me preparasse para um evento destes.

Mas eu tinha de começar alguma vez, já há muito que ía vendo as datas a passar e eu nunca arriscava... foi desta.
 
josepemota
Permite-me que te dê os parabéns pela forma tão verdadeira como descrevestes a tua participação neste desafio audace. Para quem anda com frequência de bicicleta quer de dia quer de noite fazer esta prova acaba por se tornar um episódio normal. Era essencial partir para este desafio com luzes que nos permitissem ver a estrada com muita facilidade. Pelos vistos não foste o único a ter problemas com a falta de visibilidade. De certeza que no próximo noturno que participes já irás precavido. Espero ver-te em próximos desafios. Verifica se por acaso ficastes no video que eu fiz pelo menos quando passastes no alto da 1ª subida

onde está o video?
 

20fps

Member
Vi agora a tua "Dama de Ferro" no topico Mostra-nos a tua "Fininha".

Muito fora mas muito louca, que mistura de compontes :)
 
Vi agora a tua "Dama de Ferro" no topico Mostra-nos a tua "Fininha".

Muito fora mas muito louca, que mistura de compontes :)

:)
eu gosto muito dela, demorei algum tempo a montá-la, mas está à medida do que o meu dinheiro podia comprar.

Ali só quero mudar uma coisa, o guiador, acho que não combina muito bem, é muito "racing" e a bicicleta é mais para o clássico.
Ando interessado num Velo Orange Grand Cru Randonneur ou num guiador com a curvatura clássica dos drops.

Gosto muito destes guiadores, mas gostava de ver um ao vivo antes de decidir.
Por outro lado como quem me montou a bike cortou os cabos e bichas todos justos, quando mudar de guiador também terei que mudar isso tudo provavelmente, implicando custos.

Também tenho ponderado umas rodas mais leves, mas o guito é curto.
 

pratoni

Well-Known Member
eu comentei lá mas foi apagado.

A surly está muito fixe sem dúvidas e aquela bike já te permite ir para uns estradões de terra batida ou mesmo uns trilhos mais softs... :)

Parece ser muito versátil.
 
eu comentei lá mas foi apagado.

A surly está muito fixe sem dúvidas e aquela bike já te permite ir para uns estradões de terra batida ou mesmo uns trilhos mais softs... :)

Parece ser muito versátil.

pois não dá para deixar comentários no outro tópico....

Sim a bike é versátil. quando a montei o meu propósito era ter uma bike que me desse para ir para o trabalho (na altura estava a 20km de casa) e também a pensar no touring... malas atrás etc, daí as opções dos travões de disco e das rodas de 36 raios por exemplo, e também ter excluído um abike de estrada pura.

O quadro também foi o que queria (ainda andei a ver de titanio mas ... €€€€ muito euros, não dava).
Mesmo assim não ficou barata, ainda demorei uns 4/5 meses a concluir a montagem.
 

Figueiredo

Active Member
Video Basilio Sá Rodrigues
[video=youtube;krSR3iGdco4]https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=krSR3iGdco4[/video]

Abraços!
 
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